Por eliminação, as investigações sobre o grampo telefônico de uma conversa do presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, e o senador Demostenes Torres (DEM-GO) convergem novamente para o próprio Senado. O grampo teria sido feito por gente ligada à própria segurança do Senado, que tem acesso à central telefônica da instituição, a mais moderna de Brasília e considerada à prova de escutas clandestinas externas. A informação foi levantada pelo Correio ainda no mês passado.
A central telefônica é capaz de gravar toda e qualquer ligação feita na Casa ser for programada para isso. A disputa de bastidor pelo controle da instituição, protagonizada pelo vice-presidente da instituição, Tião Viana (PT-AC), e o primeiro-secretário ,Efraim de Moraes (DEM-PB), hoje envolve funcionários da Polícia do Senado. O presidente do Casa, Garibaldi Alves (PMDB-RN), teria perdido o controle da situação.
O clima no Senado não é dos melhores por causa das denúncias em relação a contratos de prestadores de serviços, lobbies das grandes empresas de telefonias e disputas de poder na alta burocracia. Esse seria o caldo de cultura para a espionagem na própria Casa, cujo serviço de segurança é um dos mais equipados do país, com tecnologia adquirida principalmente na gestão do senador Romeu Tuma (PTB-SP), atual Corregedor do Senado, como primeiro-secretário da Mesa (2003/2004).
Além disso, a velha cooperação entre a segurança do Senado e a Polícia Federal já não é a mesma. Os agentes federais que investigam a atuação de empresas prestadoras de serviços contratadas pelo Senado têm convicção de que funcionários da Casa sumiram com as fitas gravadas pelas câmeras de segurança na noite que antecedeu uma frustrada operação de busca e apreensão realizada em alguns gabinetes da burocracia do Senado.
Veteranos
Uma ala da segurança do Senado teria se aproximado de Viana durante a sua interinidade na presidência da Casa, outra seria mais ligada ao senador Romeu Tuma. Há, ainda, os veteranos funcionários ligados aos arapongas da Abin. A alta burocracia mudou muito pouco na gestão de Garibaldi. A tradição entre os senadores é mexer muito pouco na composição dos cargos de mando da burocracia. Viana, porém, não quer acordo com o grupo de Efraim e pretende mudar a composição dos cargos de mando.
Entretanto, depende do apoio dos senadores José Sarney (PMDB-AP) e Renan Calheiros (PMDB-AL), aliados de Efraim, para ter os votos da bancada do PMDB e ser eleito presidente do Senado. Esse ambiente acaba quebrando a hierarquia e facilita a formação de facções e grupos de pressão em todos os setores da burocracia. Correio Braziliense
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