sábado, 2 de julho de 2011

Ninho de ratos: Reportagem da revista Veja derruba cúpula do Ministério dos Transportes

No vídeo, em março de 2009, o senador Mário Couto (PSDB/PA) se decepciona com o Senado Federal por não ter conseguido o apoio necessário para a criação da CPI do DNIT

A presidente Dilma Rousseff decidiu neste sábado afastar do cargo os representantes do Ministério dos Transportes envolvidos em denúncia apontada em matéria de VEJA desta semana. A reportagem revela um esquema de pagamento de propina para caciques do PR, Partido da República, em troca de contratos de obras.

Dilma conversou com o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, neste sábado e acertou o afastamento dos envolvidos. São eles: Mauro Barbosa da Silva, chefe de gabinete do ministro; Luís Tito Bonvini, assessor do gabinete do ministro; Luís Antônio Pagot, diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit); e José Francisco das Neves, diretor-presidente da Valec. O desligamento dos funcionários será formalizado a partir da próxima segunda-feira, pela Casa Civil.

“Para garantir o pleno andamento da apuração e a efetiva comprovação dos fatos imputados aos dirigentes do órgão, os servidores citados pela reportagem serão afastados de seus cargos, em caráter preventivo e até a conclusão das investigações”, diz o Ministério dos Transportes, em nota.

Senadores da oposição ouvidos por VEJA neste sábado haviam exigido uma postura mais firme da presidente Dilma sobre ao caso. Por enquanto, Nascimento continuará à frente do cargo. O ministro disse que vai instaurar uma sindicância interna para apurar “rápida e rigorosamente” o envolvimento de dirigentes da pasta e seus órgãos vinculados nos fatos mencionados pela revista.

“Além de mobilizar os órgãos de assessoramento jurídico e controle interno do Ministério dos Transportes, o ministro decidiu pedir a participação da Controladoria-Geral da União (CGU). As providências administrativas para o início do procedimento apuratório serão formalizadas a partir da próxima segunda-feira”, diz a nota.

O ministro rechaçou qualquer ilação ou relato de que tenha autorizado, endossado ou sido conivente com a prática de quaisquer ato político-partidário envolvendo ações e projetos do Ministério dos Transportes.

Caso

A edição de VEJA mostra que, no último dia 24, a presidente Dilma Rousseff se reuniu com integrantes da cúpula do Ministério dos Transportes no Palácio do Planalto para reclamar das irregularidades na pasta. Ao lado das ministras Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e MÍriam Belchior (Planejamento), ela se queixou dos aumentos sucessivos dos custos das obras em rodovias e ferrovias, criticou o descontrole nos aditivos realizados em contratos firmados com empreiteiras e mandou suspender o início de novos projetos. Dilma disse que o Ministério dos Transportes está sem controle, que as obras estão com os preços “inflados” e anunciou uma intervenção na pasta comandada pelo PR - que cobra 4% de propina das empresas prestadoras de serviços.

A presidente também cobrou explicações sobre a explosão de valores dos empreendimentos ligados ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Na nota, o ministro Alfredo Nascimento disse que desde janeiro vem tomando as providências para redução dos custos de obras.

“Tal preocupação atende não apenas a necessidade de efetivo controle sobre os dispêndios do ministério, mas também a determinação de acompanhar as diretrizes orçamentárias do governo como um todo. Característica de sua passagem pelo governo federal em gestões anteriores e, obedecendo à sua postura como homem público, Alfredo Nascimento atua em permanente alinhamento à orientação emanada pela presidente”.

Reunião

Com planilhas e documentos sobre a mesa, Dilma elevou o tom no encontro com representantes da pasta: “O Ministério dos Transportes está descontrolado”. A presidente chamou de “abusiva”, por exemplo, a elevação do orçamento de obras em ferrovias, que passou de 11,9 bilhões de reais, em março de 2010, para 16,4 bilhões neste mês - salto de 38% em pouco mais de um ano. Dilma também se irritou em especial com a Valec, estatal que cuida da malha ferroviária, e com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), responsável pelas rodovias.

O secretário-executivo do ministério, Paulo Sérgio Passos, o diretor-geral do DNIT, Luiz Antonio Pagot, e o diretor de Engenharia da Valec, Luiz Carlos Machado de Oliveira, também estavam na reunião em que Dilma mais falou do que ouviu.

“Vocês ficam insuflando o valor das obras. Não há orçamento fiscal que resista aos aumentos propostos pelo Ministério dos Transportes. Eu teria de dobrar a carga tributária do país para dar conta”, disse Dilma, quando a reunião caminhava para o fim. Ela deu o diagnóstico: “Vocês precisam de babá. E terão três a partir de agora: a Míriam, a Gleisi e eu”.

Nas últimas semanas, VEJA conversou com parlamentares, assessores presidenciais, policiais e empresários, consultores e empreiteiros. Ouviu deles a confirmação de que o PR cobra propina de seus fornecedores em troca de sucesso em licitações, dá garantia de superfaturamento de preços e fecha os olhos aos aditivos, alvo da ira da presidente na reunião do dia 24.

O esquema seria encabeçado pelo deputado Valdemar Costa Neto, que em 2005 foi obrigado a renunciar a uma cadeira na Câmara abatido pelo escândalo do mensalão. E também pelo ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, que aliás faltou ao encontro com Dilma alegando “compromissos pessoais”. Veja Online

Os ratos mais gordos e lisos do Ministério dos Transportes, ainda em liberdade


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sexta-feira, 1 de julho de 2011

Carta do PSDB diz que ‘incompetência e autoritarismo’ são as marcas do governo Dilma

A nossa missão

Esta foi a primeira reunião do Conselho Político do PSDB, poucos dias depois do aniversário de 80 anos do seu presidente de honra, Fernando Henrique Cardoso. Ainda que lentamente, vem-se recobrando a razão no debate público. É mais freqüente hoje do que ontem o reconhecimento de que os oito anos do governo do PSDB, comandados por Fernando Henrique, tiraram o Brasil de algumas situações de atraso crônico; deram cabo da super-inflação; criaram a Rede de Proteção Social; marcaram um formidável avanço nas políticas sociais universais, como na  Educação, comandada pelo grande ministro Paulo Renato, que nos deixou, mas deixou uma obra inapagável;  ou na Saúde, quando o SUS afirmou-se como instituição fundamental da nossa sociedade; marcaram o compromisso do país com a responsabilidade fiscal e, junto com tantas conquistas, fortaleceram a democracia. À medida que o tempo passa, não temos dúvida de que a obra de Fernando Henrique e do PSDB se agigantam.

Justamente porque temos este passado, cresce a nossa responsabilidade com o presente e com o futuro. Porque, de fato, aquele passado é um fato bem vivido: nós criamos alguns marcos do Brasil moderno que, é bem verdade, foram em parte absorvidos ou reciclados por nossos adversários, embora submetidos, muitas vezes, a um administrativismo sem ousadia e sem imaginação, quando não improvisado, ineficiente e patrimonialista. Não conseguiram herdar do PSDB a capacidade de planejar e de preparar o país para desafios futuros, como fizemos. Hoje, mais do que ontem, já se reconhece que boa parte das conquistas do país se deve à nossa régua e ao nosso compasso.

Então, temos claro que é preciso avançar. Muita coisa está parada no país; outras tantas funcionam precariamente. Porque faltam ao governo clareza, convicção, propósito e, é forçoso dizer, competência. Feliz o partido que pode homenagear, então, um Fernando Henrique Cardoso e um Paulo Renato. Um partido vale não apenas pelos quadros que dispõe, mas também por aqueles que homenageia. Isso nos diz que se trata de um partido com passado e com futuro. Para o bem do Brasil.

Desenvolvimento e emprego

A maior necessidade no Brasil nas próximas décadas é criar muitos empregos de boa qualidade, que proporcionem melhor padrão de vida para as famílias, mais acesso a bens materiais e culturais, mais saúde, mais futuro.

Até 2030, mais de 145 milhões de pessoas de pessoas precisarão de postos de trabalho. Para enfrentar esses desafios, é preciso que a economia cresça de forma rápida e sustentada.

Durante o mandato de Lula, graças ao seu talento de animador e à publicidade massiva, criou-se a impressão de que a era do crescimento dinâmico havia voltado para ficar. Impressão, infelizmente, sem fundamento.

A herança maldita

O mais preocupante, em todo caso, não é esse desempenho modesto, mas as travas que o governo Lula legou ao crescimento futuro do país:

1. O perverso tripé macroeconômico: temos a carga tributária mais alta do mundo em desenvolvimento; a maior taxa de juros reais de todo o planeta, ainda em ascensão, e a taxa de câmbio megavalorizada. A isso se soma uma das menores taxas de investimentos governamentais do mundo.

2. O gargalo na infraestrutura: energia, transportes urbanos, portos, aeroportos, estradas, ferrovias, hidrovias e navegação de cabotagem. Um gargalo que impõe custos pesados à atividade econômica e freia as pretensões de um desenvolvimento mais acelerado nos próximos anos.

3. As imensas carências em Saneamento, Saúde e Educação, que seguram a expansão do nosso capital humano.

4. A falta de planejamento e de capacidade executiva no aparato governamental, dominado pelo loteamento político, pela impunidade, quando não premiação, dos que atentam contra a ética, e por duas predominâncias: do interesse político-partidário sobre o interesse público, e das ações publicitário-eleitorais sobre a gestão efetiva das atividades de governo.

Nem convicção nem rapidez

Sem poder reclamar publicamente da herança recebida, o novo governo promete que vai enfrentar os desafios, mas mostra falta de convicção e de rapidez, além de desorientação em matéria de prioridades, cujo símbolo maior é o trem-bala SP/RJ, sem dúvida o projeto de investimento mais alucinado de nossa história, não só pela precariedade técnica e pela inviabilidade econômico-financeira, como também pelo volume de recursos que exigiria.

A falta de convicção apareceu na crise do sistema aeroportuário, onde, depois de anos demonizando as privatizações, o PT e a presidente Dilma concluíram que melhor mesmo é privatizar. Depois de oito anos e meio, não têm, é claro, projeto algum nessa área, e só a modelagem necessária à licitação das concessões demorará até meados do ano que vem, enquanto o colapso dos aeroportos continuará a martirizar os passageiros.

A falta de rapidez fica visível em face dos quatro anos de atraso das providências para a Copa do Mundo. Assunto no qual, em vez de resolver os problemas, o atual governo optou pelo atropelo, tentando promover mudanças na legislação que transformarão as obras públicas em puros negócios privados, como se os donos do poder fossem os donos do patrimônio e do dinheiro dos contribuintes. Vêm aí superfaturamentos, atrasos e outros desperdícios de dinheiro público numa escala inusitada em nossa história.

Como regra, o governo vai atrás, bem atrás, dos acontecimentos e nem assim toma iniciativas efetivas. No ano passado, alegavam que nossas fronteiras — das mais escancaradas do mundo ao contrabando de armas e drogas — eram as mais guarnecidas do planeta. Isso foi recentemente desmentido por grandes reportagens, e só por essa razão, depois de cortar recursos da vigilância do setor, o governo anunciou um grande plano, de corte puramente publicitário. Como o plano contra o crack, que nunca saiu do papel, e nem é essa a intenção dos responsáveis pela área, que negam a gravidade do problema. Ou, então o novo “plano” contra a miséria, um mero requentado publicitário do Fome Zero, uma iniciativa que deu certo na propaganda, mas que nunca existiu na realidade.

No meio ambiente, o governo tampouco tem personalidade definida, no seu já clássico zigue-zague. Procura parecer ortodoxamente ambientalista no debate do Código Florestal e é ortodoxamente anti-ambientalista no atropelo para fazer andar a hidrelétrica de Belo Monte. Radicalizou desnecessariamente nos dois casos, pois havia terreno para entendimento no Congresso Nacional e na sociedade sobre o novo código, e há também como encaminhar a utilização do potencial hidrelétrico de uma maneira ambientalmente e socialmente responsável.

Desindustrialização

No começo do mandato da atual presidente, divulgou-se a chegada de uma novíssima política econômica, em que o crescimento não mais ficaria constrangido pela luta anti-inflacionária. A inflação seria combatida com crescimento. O resultado foi a deterioração das expectativas, o pânico diante das ameaças de reindexação e um recuo desorganizado — uma rota de fuga para uma ortodoxia, diga-se, de má qualidade.

O PIB contratado para este ano é medíocre, acompanhado de inflação perigosamente alta. O governo promete fazê-la convergir para a meta no ano que vem, mas já sinalizou que vai fazer isso prolongando o aperto monetário e o pé no breque do crescimento. Em resumo: depois das indecisões e vacilações na largada, vão acabar comprometendo pelo menos dois anos — metade do mandato. E, como a âncora exclusiva do ajuste é a cambial, isso causará um estrago ainda maior na indústria brasileira.

O crescimento medíocre produz resultados pobres, principalmente no emprego. Fica escondido o fato de que a maioria das vagas criadas nos últimos anos paga salários menores. Na faixa dos melhores empregos, os mais qualificados, o que se vê é estagnação ou o retrocesso. O desemprego entre os jovens está cada vez mais grave.

Emprego de qualidade depende também de indústria forte. E o binômio perverso juros-câmbio impõe o arrocho e a incerteza à indústria brasileira, que enfrenta dificuldades crescentes para competir no exterior e observa impotente a invasão de produtos estrangeiros a preços que sufocam a produção nacional. Estamos vivendo, sim, um processo de desindustrialização, como se o modelo agro-minerador pudesse proporcionar, por si só, os 145 milhões de bons empregos de que necessitaremos daqui a menos de 20 anos.

O que existe de atividade mais dinâmica resulta dos investimentos do petróleo (mesmo atrasados, superfaturados e desorganizados), da agricultura e do dinheiro que vem de fora para especular. Na agricultura, porém, o governo ainda insiste em cevar o clima que criminaliza os produtores. Já o dinheiro externo vem para dançar a ciranda financeira e garantir os maiores rendimentos do mundo. Uma vez anabolizado, vai embora feliz da vida. Hoje, a fraqueza das nossas exportações nos torna dependentes do capital que faz uma escala e pode cair fora. Enquanto isso, nossa taxa de investimentos continua cronicamente baixa. E o déficit em conta corrente do balanço de pagamentos, neste ano, da ordem de 65 bilhões de dólares, será o terceiro ou quarto maior de mundo.

Política Externa: quase más de lo mismo

Algo parecido acontece nos direitos humanos. Depois de tentar empurrar o Brasil para uma aliança estratégica com o Irã, cujo governo ditatorial prega um segundo Holocausto contra os judeus, o PT sentiu a rejeição da opinião pública, ensaiou um recuo, passou a dizer que os direitos humanos iriam adquirir centralidade na política externa brasileira. Mas a coisa ficou só no plano das declarações. Na prática, o governo do PT apoia o regime da Síria no massacre contra os movimentos a favor da democracia naquele país. Neste capítulo, um momento triste foi quando a presidente deu as costas à Prêmio Nobel da Paz iraniana Shirin Ebadi, para não melindrar o aliado Mahmoud Ahmadinejad. Parece que a atração do governo petista pelas tiranias segue inabalável.

É a verdade revelada na sua face mais cruel. O governo do PT é a favor de promover os direitos humanos em países governados por adversários do PT. Quando se trata de governos amigos do petismo, prefere-se o silêncio diante das violações, dos abusos, dos massacres. Para os amigos, as conquistas da civilização; para os nem tanto, a lei da selva. Não foi por menos, aliás, que o momento da vergonha veio quando o governo do PT decidiu afrontar a democrática Itália e dar proteção a um assassino comum, Cesare Battisti, só por ele ter amigos no PT.

O papel da oposição

Como oposição, temos o dever de acompanhar, estudar todas as principais questões nacionais a fundo, ver como vivem e sentir o que pensam as pessoas de todo o país, criticar, fiscalizar, cobrar promessas e apontar caminhos. Sem, no entanto, pretender virar governo no exílio, como reza a tradição tucana, de onde não vencemos a eleição.

A incompetência e o autoritarismo são as marcas deste governo, e o PSDB não renunciará à denúncia desses atos e buscará mobilizar a sociedade brasileira para superar este período difícil. Outros momentos da história do Brasil mostraram que governos com maiorias acachapantes no Congresso podem ser enfrentados por meio da mobilização social e política da sociedade pela democracia e pelo desenvolvimento.

Essa é a nossa missão e a ela não renunciaremos.

Combatividade e unidade

Temos um mundo de ações a fazer, pelo bem do nosso povo e do nosso país. Temos adversários políticos e um só possível inimigo: a desunião interna. Para mantê-la afastada, temos de insistir em duas condições.  Em primeiro lugar, a combatividade das nossas direções, em todos os níveis, evitando o esmaecimento dos compromissos políticos e ideológicos dos militantes. Em segundo lugar, não antecipar as decisões sobre alianças e candidaturas em 2014; neste momento, as nossas tarefas essenciais são de reflexão, combate e reorganização do partido, em todo o Brasil.

Conselho Político do PSDB – 29/06/2011


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Presidente do PSDB admite que partido errou ao “esconder” FHC por quase dez anos

Sérgio Guerra Diz agora que a ficha caiu. Tarde demais, deputado. A sua arrogância, teimosia e prepotência é que causaram o estrago na campanha de José Serra. Vá chorar pitangas na casa do caramba, seu incompetente!


Ao homenagear o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em solenidade no Senado, na quinta-feira (30), o PSDB fez um mea-culpa. Não apenas corre atrás do prejuízo, como reconhece o erro de ter deixado o sociólogo fora da vitrine por quase uma década. Sem cerimônia, o presidente nacional da sigla, deputado federal Sérgio Guerra admite que a ficha caiu tarde.

Indagado sobre a repisada interpretação de que o tucanato esticou a corda ao máximo antes de voltar a jogar luz sobre FHC, o dirigente, com bom humor, confessou: “Não somente é verdade, como…é verdade!”. Reconhecer é mais digno que negar. Por muito tempo, a sigla intimidou-se frente ao bombardeio do PT, capitaneado pelo ex-presidente Lula, contra as privatizações da era FHC.

Agora, a guinada no comportamento veio a calhar com a fase em que até petistas passaram a render loas a Fernando Henrique. Depois da presidente Dilma Rousseff (PT), ontem, foi a vez do governador Tarso Genro (PT/RS) enaltecer, em correspondência, o caráter democrático do projeto do Governo FHC. Com Lula e sua alta popularidade fora da presidência, ficou mais fácil ao PSDB deixar de lado a tese do “santo de casa não faz milagre”.

Na visão do presidente nacional do PSDB, deputado federal Sérgio Guerra, os elogios do petista e presidente da Câmara Federal, Marco Maia e da presidente Dilma Rousseff a FHC não representam distensionamento na relação entre governo e oposição. “Aos 80 anos, FHC chegar a esse reconhecimento é uma prova de que o País está amadurecendo. Ninguém falou em concordância, falou em reconhecimento”. Folha de Pernambuco com Ucho.info


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Ah, que meninos travessos

Sandro Vaia

Aloprado, para o Houaiss, é amalucado, adoidado, desatinado. Aloprado, para Lula, é o companheiro de partido que faz umas travessuras, algumas molecagens inconseqüentes, com o objetivo final de favorecer o partido a quem o destino encarregou de representar o bem na eterna luta contra o mal.

Que mal pode haver no ato de juntar dinheiro (sem explicar-lhe a origem, claro) para comprar um dossiê onde supostamente se comprovam atos desabonadores de um adversário político numa campanha eleitoral? Tudo vale a pena, ainda que a grana não seja pequena, se for para o bem do partido do bem.

O então presidente foi condescendente com seus correligionários como um pai que finge puxar a orelha do filho que pisou no rabo do gato. Não condenou o ato em si, mas a maneira aloprada como o executaram, sem tomar cuidado para não se deixarem apanhar. Nenhuma palavra contra o ato em si, mas contra a maneira desastrada de fazê-lo.

Aliás, em uma de suas manifestações mais recentes, o ex-presidente Lula disse que todas as vezes em que o PT se meteu em enrascadas ético-morais-operacionais foi por “falta de unidade”. E em razão disso, fez um apelo não em defesa da ética, mas em defesa da união.

Com união, ninguém se deixa apanhar em flagrante. O partido acima de tudo. Da ética inclusive, se necessário for.

Ao fazer uma exposição nesta semana perante a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, o ministro de Ciência e Tecnologia Aloízio Mercadante, que foi acusado pelo seu companheiro de partido Expedito Veloso, em gravação reproduzida pela revista Veja, de ter participado diretamente (como parte interessada, visto que era candidato a governador do Estado, concorrendo com José Serra, que acabaria eleito) da montagem da operação de compra do suposto dossiê, fez o que todos os seus correligionários costumam fazer quando apanhados com a boca na botija: negou tudo.

O ministro recorreu ao passado, quando o STF não encontrou indícios para julgá-lo pela participação na compra do dossiê e solenemente ignorou o fato novo, que era justamente a gravação do “desabafo” do correligionário divulgada pela revista.

E foi além. Tentou dar um tom épico à empreitada. Referindo-se à época da ditadura, disse:

“Naquele período, quem estava dentro de uma organização achava que tinha o direito de fazer o que tivesse de fazer para cumprir seu papel histórico”. Os militantes do PT, segundo ele, achavam que estavam cumprindo uma “missão heróica” no caso do dossiê.

Esqueceu de pequenos detalhes. Primeiro: aquele período, ao qual ele se referiu, já acabou há mais de 20 anos. De lá para cá já houve seis eleições diretas para a Presidência da República. Segundo: comprar ilegalmente com dinheiro ilegal um dossiê falso contra um adversário político está mais perto de um crime eleitoral do que de uma “missão heróica”.

Resumo da versão oficial, que irá para o registro da História e para os anais morais do PT: o dossiê foi apenas um desatino de uns amalucados que achavam estar cumprindo um papel histórico. E não se fala mais nisso.

Sandro Vaia é jornalista. Foi repórter, redator e editor do Jornal da Tarde, diretor de Redação da revista Afinal, diretor de Informação da Agência Estado e diretor de Redação de “O Estado de S.Paulo”.


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Como dantes?

Miriam Leitão - O Globo

No dia 6 de junho de 1976, o grupo Pão de Açúcar comprou a Eletroradiobraz. Foi financiado com dinheiro público. O Ministério da Fazenda deu uma ordem ao Banco Central, que emitiu dinheiro do “suprimento especial”. Tudo foi concretizado dentro do BNDE. Não havia o S ainda. A diferença é que agora muita gente fica indignada. Naquela época era normal.

Foi da forma descuidada dos anos 1970 que o Brasil produziu o descontrole de gasto que alimentou a inflação que nos consumiria nas décadas de 1980 e 1990. Foi com instrumentos como o “suprimento especial”, ou outros canais pelos quais se gastava sem controle no Brasil, antes que os orçamentos fossem unificados e a Lei de Responsabilidade Fiscal, aprovada.

Em 1976, achava-se normal o governo financiar uma troca de donos de empresa de varejo. A Eletroradiobraz, que havia nascido nos anos 40, era a rival do grupo Pão de Açúcar na implantação do conceito de supermercados. A empresa dos Diniz usava a expressão Jumbo para as suas grandes lojas. A Eletro passou a usar o nome de Baleia para as suas. Naquele ano a baleia encalhou e a concorrente comprou, mas financiada pelo governo. A capa da revista “Exame” daquela época tem a foto do empresário vencedor naquela operação. Adivinhou. Era já Abílio Diniz.

O Brasil mudou muito desde então, por mais que às vezes pareça em pleno regresso aos velhos ideais que nos levaram a um país estatizado e com inflação descontrolada. Hoje o Banco Central não pode mais emitir através de uma ordem de “suprimento especial”. Mas o Tesouro acaba de ser autorizado a se endividar em mais R$ 55 bilhões para pôr no BNDES. O Banco já recebeu outros R$ 230 bilhões.

No ano de 1976 o país estava em pleno delírio de crescimento financiado e controlado pelo Estado. Havia muitos balcões pelos quais o dinheiro público corria para as mãos de empresários que estavam sendo escolhidos para serem os campeões nos diversos setores. Agora, de novo, o BNDES decidiu que cabe a ele escolher os campeões. Só no setor de frigoríficos já colocou R$ 16 bilhões em empréstimos ou participações acionárias. Com R$ 10 bilhões financiou a compra da Brasil Telecom pela Telemar. Gastou bilhões salvando a Aracruz e a Votorantim numa operação em que as duas se fundiram para se recuperarem da especulação que fizeram no mercado de derivativos cambiais. Outros bilhões foram para salvar a Sadia, que foi comprada pela Perdigão. Isso é para citar algumas operações.

O BNDES tem um braço que é para atuar no mercado de capitais e é natural que compre e venda ações. O problema é quando ele faz isso apenas porque algum brilhante estrategista considerou que, se algumas empresas ficarem bem grandes, o Brasil será forte e ganhará a competição internacional. Pior ainda é quando ele faz isso para salvar uma empresa da sua própria incompetência em operação-hospital. Para a ministra Gleisi Hoffmann e o ministro Fernando Pimentel, como o BNDESPar compra e vende ações, o dinheiro não é público. O banco se financia com dívida pública e pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Tem também o retorno de empréstimos e de operações de mercado de capitais, mas a origem da sua capitalização é de fundos públicos e dívida pública, portanto, evidentemente, é dinheiro seu, nosso e dos ministros.

Houve um tempo no Brasil em que havia a ideia de que dinheiro público era sem dono. Hoje já se sabe que ele é resultado de impostos ou dívida feita em nosso nome. É mais difícil gastar de forma ilimitada, porque há leis, controles, prestações de contas, metas de inflação, Lei de Responsabilidade Fiscal. Mesmo assim o governo gasta demais. Ontem o Banco Central informou que só em maio o déficit fiscal do governo foi de R$ 14,7 bilhões. Mesmo num excelente momento da economia o governo fecha no vermelho mês após mês. No ano o buraco já foi de R$ 35 bilhões.

Há quem inverta a equação e considere que se o governo baixar os juros o déficit vai sumir. O Tesouro paga uma enormidade de juros, de fato. Até maio foram redondos R$ 100 bilhões. O governo paga à taxa de 12,25% e o BNDES cobra dos seus devedores 6%. Essa é uma parte do problema: o crédito é direcionado a clientes especiais. Com ele o governo gasta porque paga aos seus credores mais do que recebe dos devedores. Além disso essa fatia do crédito não responde à política monetária; isso obriga o BC a subir ainda mais os juros quando quer que sua ação tenha efeito monetário.

O melhor caminho é reduzir o gasto público, ter a meta de chegar ao déficit zero, para que os juros possam cair. Dessa forma o custo do crédito subsidiado diminuirá. Além disso é preciso ser seletivo com dinheiro subsidiado.

O Brasil tem visitado o passado em inúmeras operações. Quer ser sócio de uma empresa de supermercado numa operação que favorecerá Abílio Diniz & outros, da mesma forma como em 1976 ajudou-o na compra da Eletroradiobraz. Naquela época, o argumento era que a empresa, se não fosse comprada, quebraria. Agora, a ameaça seria que o Casino compraria o Pão de Açúcar, então melhor que ele vire parte do Carrefour.

Se em vários pontos tudo parece como dantes, qual é a diferença? O Brasil mudou. Hoje o país reage ao que antes achava normal; ainda que o governo repita tanto os erros velhos. Hoje o país passou pelo tormento inflacionário e sabe o que gasto público tem a ver com inflação.

Neste dia 1º de julho de 2011, décimo sétimo aniversário do Plano Real, é um bom momento de lembrar que não estamos em 1976. Naquele ano, a inflação foi de 42%. Nos anos seguintes, continuou a escalada.


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Jobim elogia FHC e diz que hoje tem de tolerar idiotas

Nelson Jobim, ministro da Justiça: 'O que se percebe hoje, é que os idiotas perderam a modéstia. E nós temos de ter tolerância e compreensão também com os idiotas, que são exatamente aqueles que escrevem para o esquecimento'

O ministro Nelson Jobim (Defesa) fez um discurso ontem na homenagem ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que foi interpretado como sinal de insatisfação com sua situação no governo Dilma Rousseff.

Começou dizendo que faria um “monólogo” dedicado a FHC - de quem foi ministro da Justiça e que o indicou para o Supremo Tribunal Federal -, e que deixaria “vazios” que o tucano iria “compreender perfeitamente”.

Jobim elogiou o estilo conciliador do ex-presidente. “Nunca o presidente levantou a voz para ninguém. Nunca criou tensionamento entre aqueles que te assessoravam”, disse. A referência foi interpretada como uma alusão ao estilo duro de Dilma com seus auxiliares.

“Se estou aqui, foi por tua causa”, afirmou, sem mencionar Lula nem Dilma.

Disse que, quando presidente, FHC construiu “um processo político de tolerância, compreensão e criação”.

”E nós precisamos ter presente, Fernando, que os tempos mudaram.” E citou Nelson Rodrigues: “Ele dizia que, no seu tempo, os idiotas chegavam devagar e ficavam quietos. O que se percebe hoje, Fernando, é que os idiotas perderam a modéstia. E nós temos de ter tolerância e compreensão também com os idiotas, que são exatamente aqueles que escrevem para o esquecimento”.

Esse encerramento da fala provocou perplexidade em governistas da plateia. “O que ele está querendo dizer?”, indagou um petista.

Questionado sobre a fala, FHC disse que não viu nenhuma tentativa de fazer “comparações”. Sobre os “idiotas”, FHC sorriu e concordou: “É, aquilo foi forte”. Já o presidente do Instituto Teotônio Vilela, Tasso Jereissati, avaliou que o titular da Defesa “fez um discurso cheio de recados”.

Aliados do ministro dizem que ele está, de fato, insatisfeito com Dilma. Recentemente se queixou a correligionários de que não é convocado para opinar política e direito, como Lula fazia.

Ele também ficou incomodado com o corte do orçamento de sua pasta. Assessores da Defesa negam que Jobim tenha manifestado a vontade de deixar o cargo. Hoje pela manhã o ministro tem audiência agendada com a presidente. Folha de S.Paulo


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quinta-feira, 30 de junho de 2011

China inaugura ponte de 42 km, a mais longa do mundo, e a virtual ponte estaiada da Cabeçuda no Brasil com 2,6 km

A China inaugurou nesta quinta-feira, 30, a ponte sobre a água do mar mais extensa do mundo, informou a televisão estatal chinesa. A ponte da Baía de Jiaozhou tem 42 quilômetros de extensão e liga o porto leste de Qingdao com a ilha de Huangdao e teve investimento de U$ 2,3 bilhões, que inclui um túnel submarino.

De acordo com a emissora, a estrutura passou por testes na segunda-feira, 27. A ponte e um túnel submarino foram abertos para o trânsito na quinta. A construção da obra levou pouco mais de quatro anos, desde maio de 2007. A ponte é sustentada por mais de 5 mil pilares.

Segundo o livro dos recordes Guinness, a ponte sobre a água que era até então a maior fica no lago Pontchartrain, na Louisiana, nos Estados Unidos. A obra chinesa é 4 quilômetros mais extensa que a recordista anterior. Estadão Online

Veja as fotos




Obras de duplicação da BR-101 Sul na região de Laguna – Ponte estaiada da Cabeçuda

Enquanto isso, aqui pelas bandas do Sul do Brasil, mais precisamente na região de Laguna, Santa Catarina, uma ponte estaiada sob o canal de Laranjeiras, que não sai do papel e de maquetes virtuais, com extensão de 2,6 quilômetros custará, segundo dados não oficiais do DNIT, em valores de hoje, cerca de R$ 597 milhões, fora os aditivos e as comissões dos bucaneiros que fazem plantão nesse governo safado do PT.

Em dólar, pela cotação de 30/06/2011, a suposta ponte da Cabeçuda vai consumir U$ 383 milhões. Ou seja: cada quilômetro da obra que não tem data para iniciar nem para terminar, custará a bagatela de U$ 147,1 milhões, ou R$ 229,6 milhões por quilômetro.

Nem vou perder tempo fazendo as contas (por quilômetro) da obra da China porque vai me dar vontade de chorar!

Tem como levar essa gente a sério?


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Já teve início o desmonte da farsa, mas o trabalho é longo!

O desmonte da farsa intelectual que tentou apagar da história do Brasil o grande governo do presidente Fernando Henrique Cardoso está só no começo. Será um trabalho, infelizmente, um tanto lento porque a vigarice foi longe e contaminou todas as esferas do debate: a imprensa, o pensamento, as escolas. O elogio da mentira e da ignorância a serviço da ideologia mais rastaqüera se espalhou como praga. Vigaristas disfarçados de “intelectuais progressistas”, aos quais falta tudo — leitura, vivência e vergonha na cara — procuraram dar alcance acadêmico à sua ignorância ideologicamente orientada.

FHC foi e, felizmente, ainda é um engenheiro de instituições permanentes, que moldaram e moldam a democracia. Com ele, a sociedade passou a disciplinar o estado por meio de instituições e instâncias livres, como o Congresso, a imprensa, as agências reguladoras, o mercado. Cada avanço, no entanto, grande ou pequeno, teve de enfrentar a fúria bucéfala do petismo, que quer o estado sufocando a sociedade.

Tivessem os petistas vencido a batalha, o país não teria conhecido o Plano Real — votaram contra; a universalização do ensino fundamental — combateram o Fundef; disciplina nas contas públicas — recorreram ao STF contra a Lei de Responsabilidade Fiscal; a rede de assistência social — tachavam os programas hoje chamados de “Bolsa Família” de esmola; a universalização da telefonia e a expansão da economia da informação — combateram a privatização da Telebrás; a quase auto-suficiência no petróleo e a chegada ao pré-sal — opuseram-se à quebra do monopólio da Petrobras, que permitiu que se chegasse lá.

No governo, os petistas se aproveitaram, claro!, de cada uma dessas conquistas e tiveram o bom senso de não tentar voltar atrás. Mas também não souberam dar continuidade à grande obra. A sua relação com o capital privado deixou de ser institucional para ser de compadrio. Exaltando as glórias do estado e satanizando as privatizações, o PT permitiu que a infra-estrutura do país mergulhasse na obsolescência, como evidenciam hoje os nossos aeroportos, portos e estradas. Não obstante, alguns “escolhidos” do petismo passaram a contar com favores do Estado. Estão aí hoje os “eleitos” do BNDES. A estabilidade mundial, o crescimento da China e a valorização brutal das commodities permitiram ao PT o reforço substancial da assistência social e a organização de uma economia fortemente ancorada no consumo interno. Mas não se viu, nesse tempo, uma só avanço institucional.

Ao contrário: o que se tem é regressão ao tempo em que o Estado escolhia os vitoriosos; em que ser amigo do rei era condição para o acesso a empréstimos a juros subsidiados. No governo FHC, o BNDESPar emprestava dinheiro a empresas que investiam em infraestrutura, e isso era considerado um crime; no governo petista, o mesmo BNDESPar se oferece para financiar fusão de supermercados, e o petismo afirma que isso representa uma revolução nacionalista.

Os vigaristas continuam ativos, como se sabe. Estão em todo canto, muito especialmente na Internet, parte deles financiada com dinheiro estatal — mais uma forma de apropriação do público pelo privado. Aqueles setores da imprensa e do colunismo que ajudaram a construir a farsa petista ainda resistem. Daqui a pouco, vem 2012, e o Apedeuta, candidato em 2014, subirá em palanques nos quatro cantos do país para reciclar a mesma ladainha de mentiras, de ódio, de ressentimento, de ignorância, tudo aquilo que serviu para o petismo construir uma teoria de poder. Não por acaso, ele se negou a enviar simples “parabéns” ao antecessor! O Babalorixá espera fazer 80 anos um dia para dizer: “Nunca antes na história destepaiz alguém fez 80 anos como eu!”

Quero dizer com isso que a mistificação vive apenas um momento de trégua; está um tanto recolhida para voltar às ruas em breve. O desmonte intelectual da farsa petista já teve início, mas haja trabalho! A máquina de produzir mentiras é rica, poderosa e persistente.

Por Reinaldo Azevedo


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Aos 80 anos, FHC recebe homenagens em Brasília

Fernando Henrique Cardoso, em homenagem no Senado: 'Estou realmente muito feliz. Esse mês de junho inteiro, com essas manifestações de simpatia de gente de fora do Brasil e daqui. Só tenho recebido palavras de reconhecimento'

Políticos de diferentes partidos, autoridades do Judiciário e do Executivo participaram nesta quinta (30) de uma homenagem no Senado em comemoração aos 80 anos do ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso.

O plenário com capacidade para 494 convidados ficou lotado, com militantes do PSDB e simpatizantes aglomerados pelos corredores. O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), discursou durante o evento, que teve entre os convidados o ministro da Defesa, Nelson Jobim, os ministros do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes e Ellen Gracie, além de governadores tucanos, senadores, deputados, entre outros políticos.

Antes da cerimônia, Fernando Henrique participou de uma breve conversa reservada com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), com o vice-presidente da República, Michel Temer, além de líderes da base aliada do governo Dilma Rousseff no Congresso.

Feliz com as manifestações de carinho que recebeu de aliados e adversários políticos que marcaram sua trajetória política, Fernando Henrique chegou ao Senado nesta manhã bem humorado e negando a idade: “80 anos, eu? Quem falou isso? É conversa! [risos] Mas realmente estou realmente muito feliz. Esse mês de junho inteiro, com essas manifestações de simpatia de gente de fora do Brasil e daqui. Só tenho recebido palavras de reconhecimento.”

Sigilo para documentos oficiais

Apesar do clima de confraternização, Fernando Henrique não perdeu a oportunidade de falar de temas em debate no país. O ex-presidente da República defendeu o fim do sigilo eterno para documentos oficiais do governo.

Argumentando que assinou a manutenção do sigilo no “último dia de mandato”, sem ter o conhecimento da questão, Fernando Henrique disse não enxergar razão para a proteção sobre os dados históricos do país.

“Não precisa ter sigilo eterno. Mas podem perguntar: ‘por que você fez?’. Fiz sem tomar conhecimento, no último dia de mandato, uma pilha de documentos e só vi dois anos depois. O que é isso? Mandei reconstituir para saber o que era. Agora, o presidente da República pode alterar o sigilo. Então, não vejo mais razão para sigilo”, afirmou Fernando Henrique.

O ex-presidente da República fez uma visita ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), nesta manhã, antes de participar de homenagem do PSDB, e disse que irá conversar com Sarney, defensor do sigilo eterno, para convencer o colega sobre a abertura dos documentos.

“Vou falar com o presidente Sarney, porque parece que ele tem posição discordante. Além do mais, vamos ser claros, com WikiLeaks e internet, o sigilo desaparece”, argumentou o ex-presidente.

Numa crítica indireta ao governo do PT e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Serra destacou a postura do ex-presidente tucano que, segundo ele, não tomou atitudes que a oposição atribui aos petistas, como o “aparelhamento do Estado” e a utilização dos bens públicos como se fossem privados.

FHC jamais passou a mão na cabeça de aloprados’

Coube ao ex-governador de São Paulo José Serra encerrar a sequência de homenagens ao ex-presidente. Numa comparação indireta com o ex-presidente Lula, Serra afirmou que Fernando  Henrique “jamais passou a mão na cabeça de aloprados”, em alusão à tentativa de compra, pelo PT, de um dossiê contra o então candidato a governador de São Paulo em 2006. “Foi sempre um servidor público em vez de se servir do público, nunca usou expedientes que não fossem republicanos, jamais fez profissão de fé da ignorância, jamais exaltou a própria obra procurando desqualificar a de seus adversários”, afirmou Serra.

O ex-governador de São Paulo destacou realizações do governo Fernando Henrique, afirmando que o tucano abriu o caminho para a “economia estável, para a formação da rede de proteção social construída no Brasil, para a modernização do Estado, para a responsabilidade fiscal e novas condições da educação e saúde”. Nesse ponto, Serra reconheceu que o governo que o sucedeu avançou em vários pontos, “mas não na educação e saúde”.

Por fim, Serra enumerou as qualidades que fazem de Fernando Henrique um “grande homem público”. “Uma obra que afeta permanentemente o curso dos eventos públicos, que se torna referência para a renovação e consolidação de políticas públicas, que consegue dividir a história de seu País entre antes dele e depois dele”. O ex-governador concluiu definindo o PSDB como um partido que “teve um grande passado e pode ter um grande futuro, se souber ser grande no presente”. Portal G1 com Agência Estado


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Na carta ao PT carioca, Vladimir Palmeira conta por que decidiu abandonar o partido

Vladimir Palmeira, ex-deputado federal, um dos fundadores do PT, decidiu deixar a legenda em protesto contra a readmissão do ex-tesoureiro do partido, Delúbio Soares. Demorô!

“Ao Diretório Municipal do PT-R.J.

Meu caro Alberis,

Venho, por meio desta, me desfilar do PT. Não o faço por divergências políticas fundamentais, embora minha carreira minoritária seja de todos conhecida. Sempre me coloquei mais à esquerda da linha oficial, mas nada que, nas circunstâncias brasileiras, me levasse a deixar o partido.

No entanto, a volta ao partido de Delúbio Soares, justamente expulso no ano de 2005, me impede de continuar nele. Pela questão moral, pela questão política, pela questão orgânica. Pela questão moral porque é evidente que houve corrupção: Não se pode acreditar que um empresário qualquer começasse a distribuir dinheiro grátis para o partido. Exigiria retribuição, em que esfera fosse. O procurador federal alega que são recursos oriundos de empresas públicas, sendo matéria agora do STF. Mas alguma retribuição seria, ou a ordem do sistema capitalista estaria virada pelo avesso.

Pela questão política porque o PT assumiu um compromisso com a sociedade, quando apareceram as denúncias: o compromisso de punir. E sustentamos que punimos. Punição limitada, na opinião dos petistas do Rio de Janeiro, que por seu DR [Diretório Regional] pediram mais dureza, ao mesmo tempo que apontavam o caminho da Constituinte exclusiva para a reforma política imprescindível. Punição limitada, repito, mas efetiva.

Pela questão orgânica, porque o ex-tesoureiro não só agiu ilegalmente com relação à sociedade,mas violou todas as normas de convivência partidária, ao agir à revelia da Executiva Nacional e do Diretório Nacional.

A volta de Delúbio faz com que todos se pareçam iguais e que, absolvendo-o, o DN [Diretório Nacional]esteja, de fato, se absolvendo. Ou, mais propriamente, se condenando, ao deixar transparecer que são todos iguais.

Não creio que o sejam.

Já tinha definido que sairia caso o ex-tesoureiro voltasse. Mas, em primeiro lugar, tive que advertir amigos e companheiros mais próximos, sob pena de lhes causar embaraços. Por outro lado, o governo Dilma entrou em crise, em função das acusações contra Palocci. Sanada a crise, comunicados os companheiros, posso, afinal, lhe entregar esta carta.

Mando um abraço para você e para todos os que, dentro do PT, lutam por uma sociedade mais justa.

Rio de Janeiro, 27 de junho de 2011.

Vladimir Palmeira”

Do blog do Augusto Nunes


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Opinião do Estadão: A ''missão heroica'' dos aloprados

O ministro petista da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, invocou matreiramente o passado para se defender das acusações do companheiro Expedito Veloso, publicadas pela revista Veja, que reabriram o escândalo dos aloprados - a sórdida tentativa de vincular o candidato tucano ao governo paulista em 2006, José Serra, a um negociante envolvido com a chamada máfia das ambulâncias. A ideia era divulgar um dossiê que comprovaria a suposta vinculação, para tentar impedir a vitória de Serra, que afinal se consumou, sobre o seu adversário do PT, o mesmo Mercadante.

Deu tudo errado, como se sabe - daí o termo pejorativo que o então presidente Lula utilizou para ridicularizar, sem porém condenar, os operadores da armação. Eles foram apanhados pela Polícia Federal com R$ 1,7 milhão em dinheiro vivo para comprar a documentação fajuta. Mercadante nega até hoje que soubesse da tramoia ou a tivesse autorizado - não obstante o seu condutor fosse ninguém menos do que o braço direito do petista na campanha, Hamilton Lacerda, de quem se livrou mais do que depressa. O caso parecia destinado ao abarrotado arquivo morto das baixezas políticas nacionais, quando, no fim da semana atrasada, vieram a público as afirmações incriminadoras sobre Mercadante.

Ex-diretor do Banco do Brasil, atual secretário adjunto de Desenvolvimento Econômico do governo do Distrito Federal, Expedito Veloso, em conversas que não sabia estarem sendo gravadas e que considerou "um desabafo", disse que o hoje ministro participou pessoalmente da decisão de comprar o material que poderia mudar o rumo da eleição estadual, pela desmoralização do favorito Serra. Ainda segundo Veloso, Mercadante até teria se incumbido de obter uma parte da dinheirama junto ao chefe peemedebista Orestes Quércia; em troca, ele ficaria com um naco de um eventual governo petista em São Paulo. O político peemedebista faleceu em dezembro último.

Escaldado pela sina do ministro Antonio Palocci, defenestrado do Planalto por ter tardado a explicar o seu súbito e fabuloso enriquecimento - e, quando o fez, não convenceu -, Mercadante tomou ele próprio a iniciativa de aproveitar uma exposição na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, anteontem, para contestar a versão de Veloso. Foi então que buscou arrimo no passado. De um lado, ao invocar o parecer da Procuradoria-Geral da República, segundo o qual não havia no inquérito dos aloprados "um único elemento" que o ligasse ao esquema, razão por que o Supremo Tribunal Federal mandou arquivar o caso.

De outro lado, para culpar a ditadura pela propensão dos companheiros, passadas duas décadas da redemocratização, a fazer literalmente qualquer negócio para vencer os embates políticos. "Naquele período" - e ele certamente se referia à luta armada contra a ditadura - teorizou o ministro, "quem estava dentro de uma organização (achava que) tinha direito de fazer o que tivesse de fazer" para cumprir o seu "papel histórico". Assaltar bancos, assassinar adversários, assim como sequestrar embaixadores eram as "missões heroicas". Já nos tempos do PT funcionando como oposição em pleno regime democrático, a "missão heroica" passou a ser as "caixinhas", nos governos municipais conquistados pelo partido, para financiar a conquista legal do poder central.

Finalmente, conquistado o poder central, a mesma mentalidade leva os petistas a crer que têm "uma missão heroica para fazer", em defesa do partido "criminalizado pela imprensa". Essa - segundo Mercadante - teria sido a gênese do frustrado contra-ataque do dossiê antitucano.

Ou seja, ele recorre a decisões judiciais datadas para se inocentar e constrói uma teoria estapafúrdia para não parecer que está condenando a companheirada. Acredite quem quiser que, no lamaçal do dossiê, ele foi o único a se manter limpo, pela elementar razão de que ignorava o que se passava no centro de sua campanha. Se soubesse, vai sem dizer, enquadraria os heróis aloprados sem pestanejar. Por que então não processa logo o seu acusador, em lugar de remeter a decisão para quando "acabar de apurar tudo o que aconteceu"?


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quarta-feira, 29 de junho de 2011

Putaria oficializada: Funcionário publica pornografia em site do governo da Bahia

Putaria e pirataria em estatal baiana: Reprodução de diretório hospedado no servidor de internet do Instituto de Gestão das Águas e Clima da Bahia. O conteúdo das sacanagens foi amplamente divulgado e acessado na noite de ontem através do Twitter

Explosão de acessos após divulgação do link em rede social tirou página do ar

O site do Instituto de Gestão das Águas e Clima (Ingá), órgão do governo da Bahia extinto em maio, foi tirado do ar na tarde desta quarta-feira depois de uma enxurrada de acessos que comprometeu o funcionamento de todo o sistema online do governo baiano, administrado pela Companhia de Processamento de Dados do Estado da Bahia (Prodeb).

O volume de acessos não teve relação com ataques de hackers, como os que ocorreram na semana passada contra sites oficiais em todo o Brasil. A visitação veio de internautas curiosos para acessar vídeos e fotos pornográficos, incluindo zoofilia, e arquivos musicais pirateados, publicados no diretório de um funcionário público responsável pela manutenção do site.

Descobertos por integrantes de um grupo de discussão na internet na noite de terça, os links com os arquivos, desprotegidos e acessíveis por qualquer pessoa com acesso à internet, rapidamente foram divulgados em redes sociais e causaram congestionamento no sistema do governo.

O Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), que englobou o Ingá na reforma administrativa promovida pelo governo, admitiu nesta tarde que os arquivos foram publicados por pessoal interno, por meio de acesso ao sistema com nome de usuário e senha. O funcionário, suspeito de ser o responsável pelas publicações, foi afastado das funções e uma sindicância foi aberta para investigar a ocorrência. Veja Online


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Serra acusa Mercadante e cobra reabertura de investigação sobre aloprados

Segundo ele, a entrevista concedida à 'Veja' pelo petista Expedito Veloso, apontando Mercadante como 'mentor intelectual' da tentativa de compra do dossiê contra Serra, respalda a reabertura das investigações

O ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) cobrou hoje a retomada das investigações do episódio que ficou conhecido como "dossiê dos aloprados" na campanha eleitoral para a prefeitura de São Paulo de 2006. Ele acusou o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, de coordenar a tentativa de compra de um dossiê contra ele e afirmou que os novos fatos revelados pela revista Veja viabilizam a reabertura do caso.

"Passaram-se cinco anos que um milhão e 700 mil reais foram apreendidos (pela Polícia Federal) e até hoje não se sabe a origem desse dinheiro. O processo foi coordenado pelo então candidato ao governo de São Paulo, senador Aloizio Mercadante, isso todo mundo sabe, inclusive as paredes", afirmou o tucano.

Segundo ele, a entrevista concedida à Veja pelo petista Expedito Veloso, apontando Mercadante como o "mentor intelectual" da tentativa de compra do dossiê contra Serra, respalda a reabertura das investigações. "Agora não só as paredes sabem, como um integrante do PT deu uma entrevista (à revista) falando desse envolvimento do atual ministro da Ciência e Tecnologia no caso", cobrou.

Em entrevista à Veja, Expedito Veloso, um dos petistas envolvidos no caso, afirmou que o ministro era um dos responsáveis por arrecadar parte do R$ 1,7 milhão que seria usado para a compra de informações e acabou apreendido pela Polícia Federal às vésperas da eleição. Ainda segundo Veloso, o dinheiro teria sido arrecadado em parceria com o ex-governador de São Paulo e presidente regional do PMDB, Orestes Quércia, que morreu em dezembro. Estadão Online


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Regime Diferenciado de Imoralidade Pública

José Serra

A imprensa, a oposição e os meios jurídicos têm enfatizado o caráter perverso da tentativa do governo de estabelecer o sigilo dos preços máximos de obras que balizam a apresentação de propostas nas concorrências públicas. O Planalto se defende dizendo que esse sigilo criaria mais incerteza para as empresas concorrentes, dificultando eventuais conluios entre elas. Assegura-se, ainda, que os referidos preços seriam registrados pelos órgãos de controle — presumo que sejam os tribunais de contas.

Sinceramente, não consigo compreender por que essa medida produziria ganhos significativos para o governo, mas posso, sim, entender o valor que teria um vazamento seletivo de informações para o setor privado, a manipulação a que isso se presta e o incentivo que representaria para a corrupção no governo. Do mesmo modo, não será difícil prever a sombra de suspeições que tornaria ainda menos transparente do que já é todo o processo de licitações de obras nas três esferas de governo no Brasil.

Digo “três esferas de governo” e mencionei acima “tribunais de contas”, no plural, porque as mudanças que o governo pretende na lei de licitações valerão ou acabarão valendo, também, para todos os estados e municípios do Brasil, cujos investimentos públicos, somados, são superiores aos do governo federal. Isso não tem sido levado em sua devida conta.

Outra mudança, alarmante, enfraquecerá ao infinito a possibilidade de fiscalização de obras, o controle da sua qualidade e dos seus custos. Isto porque o novo regime de concorrência elimina a necessidade da apresentação de projetos básicos para as obras licitadas e, evidentemente, de projetos executivos.

Mais ainda, acreditem: cada uma das empresas concorrentes pode apresentar o seu projeto, propor as suas soluções – um estádio quadrado, trapezoidal, espiralado, elíptico, oval, aéreo, subterrâneo —, que envolverão custos diferentes. E o poder público poderá escolher aquele de que mais gostar, mesmo que o preço seja mais elevado. Corresponde à liberdade que você teria, leitor, se estivesse construindo uma casa, com uma ligeira diferença: você estaria fazendo isso com o seu próprio dinheiro, não com o dinheiro dos contribuintes; você, sim, é livre para satisfazer o seu próprio interesse; o governo tem de atender ao interesse público.

O que começa a ficar claro é que as obras da Copa e da Olimpíada estão servindo de pretexto para a instauração de um sistema absolutamente arbitrário, que acabará valendo para todas as obras contratadas pelos poderes públicos no Brasil: de estradas em qualquer parte a projetos alucinados, como o do trem-bala. Com um aditivo: o ingresso no tal do Regime Diferenciado de Contratações Públicas terá um preço monetário ou político, ou ambos, evidentemente.

Creio que, apesar das críticas enfáticas de muitos, a abrangência do desastre institucional da medida provisória do governo federal está sendo subestimado. Esse verdadeiro tsunami jurídico nos levaria ao padrão das antigas republiquetas da América Central e Caribe, governos à moda Somoza ou Trujillo. Ou será que se imagina que o regime brasileiro poderá seguir o modelo chinês, onde, supostamente, o Estado é o patrão de tudo e faz uma hidrelétrica como os leitores fazem suas casas? Não custa notar: vigora lá uma ditadura. Felizmente, esse mal, ainda não temos aqui.


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Oposição obtém acordo e Aloprado falará à Câmara

Convite ao ministro será aprovado na quarta-feira, na Comissão de Fiscalização e Controle. Governo cedeu para evitar a repetição dos erros do caso Palocci

Depois da derrubada de um requerimento de convocação do ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara, a oposição conseguiu um acordo com a base aliada: na próxima quarta-feira, a mesma comissão vai aprovar um convite (e não mais uma convocação) para que Mercadante compareça e fale sobre o Dossiê dos Aloprados. PT e PMDB se comprometeram a votar pela aprovação do pedido. Mercadante deve, assim, falar à Câmara sobre o caso.

"Está acordado. Nós aprovaremos o convite", diz o líder tucano na Casa, Duarte Nogueira (SP). De um lado, a oposição sai vitoriosa porque consegue levar o petista à Câmara, o que dificilmente conseguiria fazer em uma disputa no voto. De outro, o governo evita o desgaste de ter um ministro obrigado a dar explicações ao Congresso e tenta dar ao episódio o aspecto de uma prestação de contas voluntária de Mercadante.

Ainda havia dois requerimentos de convocação do ministro aguardando votação, nas comissões de Segurança Pública e de Ciência e Tecnologia. Com o acordo, o PSDB aceitou retirar os pedidos. O acerto mostra o temor do governo de que o caso tivesse o mesmo desfecho que levou à queda de Antonio Palocci: blindado pela base aliada, o então braço-direito de Dilma Rousseff se recusou a comparecer ao Congresso e foi vítima do próprio silêncio.

Na terça-feira, Mercadante foi ao Senado, onde falou à Comissão de Assuntos Econômicos. O assunto em pauta era outro, mas a base aliada trouxe o caso do dossiê à tona para esvaziar os pedidos de convocação da Casa vizinha. Como a oposição não deu sinais de que iria desistir, o governo achou melhor negociar.

Próximos convocados

A oposição ainda deve insistir na tentativa de levar ao Congresso Expedito Veloso, o petista que delatou o envolvimento de Mercadante no esquema, conforme revelou VEJA. Mas a prioridade agora é ouvir explicações da ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, também alvo de requerimentos de convocação. VEJA mostrou que a petista ajudou a repassar o falso dossiê contra tucanos à imprensa. Os oposicionistas seguirão com as tentativas de convocação da petista, mas já de olho em um possível acordo, como aconteceu com Mercadante e como aconteceria com Palocci se ele tivesse durado mais alguns dias no cargo. A tática é endurecer o jogo e forçar o governo a negociar.

No caso de Ideli, entretanto, a situação é mais difícil: o governo não quer expor a articuladora do governo, recém-nomeada. E dificilmente aceitaria levá-la ao Congresso para falar sobre o Dossiê dos Aloprados. A oposição ainda tem outra aposta: quer ouvir Serys Slhessarenko, a ex-senadora e ex-petista que também foi vítima dos aloprados em seu próprio estado, por obra do hoje senador Blairo Maggi (PR-MT). Serys já deu sinais de que quer falar. E a mágoa da ex-senadora com o PT, de onde foi expulsa, pode pesar contra o governo no depoimento.

Aloprados

Reportagem de VEJA mostrou como Mercadante, ao lado do ex-governador Orestes Quércia, foi o responsável pela compra do falso dossiê contra o tucano José Serra em 2006. A confissão veio de Expedito Veloso, petista que participou do esquema e hoje é secretário no governo do Distrito Federal. Veja Online

Leia também:
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Oposição não deve pressionar Mercadante no Senado
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Mercadante e Ideli tentam se defender
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Ministério Público retoma investigações sobre aloprados
Mercadante e Quércia encabeçaram Aloprados, mostra reportagem de VEJA


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Após polêmica sobre viagem, Cabral fala em criar 'código de conduta'

Cabral, o moralista: 'É um absurdo querer vincular qualquer elo de amizade entre eu e o Fernando [Cavendish], que vem desde antes do meu governo, com o crescimento da empresa'

O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), quebrou hoje o silêncio dos últimos dias e, em entrevista à rádio "CBN", falou sobre a criação de um "código de conduta público".

Questionado sobre ter viajado para Porto Seguro num jato do empresário Eike Batista para uma festa de outro empresário, Fernando Cavendish, afirmou que as amizades nunca influenciaram em suas decisões do governo, mas que está refletindo sobre o ato.

"Eu sempre procurei separar minha vida privada da minha vida pública. De fato há uma discussão sobre isso e eu quero também assumir este debate de um código de conduta. Jornalistas também têm esses códigos. Quem sabe não construímos juntos uma solução para isso? Posso garantir que jamais tomei uma decisão pública, envolvendo dinheiro público, baseado em amizades pessoais", disse.

"A imprensa é o espaço do debate público. Adoro direito comparado, vamos ver o que existe em outros Estados do Brasil, em outras partes do mundo. Sou um homem público e gosto do debate. Vamos construir um código de conduta juntos", completou.

Sobre o roteiro da viagem, Cabral disse que só saiu do Rio na sexta-feira, dia 17, pouco antes do acidente de helicóptero que matou a namorada de seu filho e mais seis pessoas.

"Saímos daqui na sexta-feira. Chegamos lá por volta das 18h30. Mas infelizmente houve esse acontecimento trágico. Não tenho nenhuma razão pra mentir sobre isso. Fui ao colégio dos meus filhos na sexta à tarde, saí daqui às 17h, 17h e pouquinho."

Funcionário da Fazenda Jacumã, condomínio de casas luxuosas a 72 km de Porto Seguro, onde ocorreria uma festa de Cavendish, afirmaram à Folha, porém, que o governador já estava por lá na sexta pela manhã.

O governador declarou que a Delta, construtora de Cavendish, não recebe favorecimentos de seu governo.

"O que vem acontecendo é que o volume de obras no Rio subiu muito no meu governo. A Delta tinha 80% do seu faturamento há 11 anos vindo do governo do Rio. Hoje não chega a 25%, ela cresceu por todo o Brasil. A Odebrecht tem muitas obras pelo Rio... A Andrade Gutierrez acaba de anunciar que vai transferir sua sede de São Paulo para o Rio de Janeiro. Muitas empresas, grandes e médias, estão vindo para o Rio de Janeiro. É um absurdo querer vincular qualquer elo de amizade entre eu e o Fernando, que vem desde antes do meu governo, com o crescimento da empresa."

Por fim, Cabral classificou de "ilação desrespeitosa" reportagem de hoje, da Folha, que revela que dois meses após receber R$ 200 mil em doação para sua campanha, ele concedeu à Michelin benefício fiscal e acesso a crédito a um fundo estadual no valor de R$ 1 bilhão.

"Hoje tem uma matéria sobre a Michelin. Graças a Deus, as quatro fábricas dela estão no Rio. Duas, nós que trouxemos, em Campo Grande e Itatiaia. E ainda conseguimos uma coisa super importante para o turismo do Rio, que foi o Guia Michelin... E querem vincular isso com apoio na campanha. É uma ilação desrespeitosa." Folha Online


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Sem convencer

Merval Pereira, O Globo

O ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, não deixou muitas saudades entre seus colegas no Senado com sua maneira arrogante de agir e suas vacilações políticas. Recentemente, em uma solenidade em Brasília, teve um desentendimento com o senador Antonio Carlos Valadares, do PSB de Sergipe, exigindo que lhe cedesse sua cadeira por se tratar de um ministro de Estado. Valadares não cedeu, e comentou depois que faltavam votos para o petista impor sua vontade.

Derrotado pela segunda vez para o governo de São Paulo, Mercadante ganhou de consolação o Ministério da Ciência e Tecnologia, que era um feudo político do PSB, e agora está às voltas com as críticas de um importante aliado do Planalto.

Ontem, no depoimento da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, onde tentou negar sua participação no episódio do dossiê dos aloprados contra José Serra na eleição de 2006, Mercadante se viu novamente diante de críticas do senador Francisco Dornelles, do PP do Rio.

Ele fez questão de avisar a Mercadante que não apoiaria um pedido de investigação a seu respeito, diferentemente do que fizera Mercadante quando José Sarney e Renan Calheiros, aliados do PMDB, estiveram sob fogo cruzado da oposição e o petista, líder do governo no Senado, piscou.

Na votação para salvar Renan Calheiros da cassação no plenário do Senado, ele se absteve e deu o sinal para que sua bancada seguisse o caminho que aparentemente era o mais fácil para cumprir as determinações do Planalto e não sujar as mãos publicamente.

Não ganhou o reconhecimento de Renan Calheiros, e perdeu credibilidade diante dos seus eleitores.

De outra vez, quando tentou uma manobra mais coerente com seu discurso e anunciou sua renúncia "irrevogável" em protesto contra a defesa do senador José Sarney pelo governo, a direção nacional de seu partido passou por cima dele como um trator, desautorizando-o publicamente, seguindo orientação pessoal do então presidente Lula.

Diante da reação pessoal de Lula, e depois de uma conversa de 5 horas com o então presidente, Mercadante deu o dito por não dito e revogou a irrevogabilidade de seu ato.

A versão de Mercadante, de que fora uma conversa "amiga e franca, relembrando momentos históricos dos últimos 30 anos", segundo versão mais crua vazada por fontes do próprio partido fora, na verdade, um "puxão de orelhas" do presidente Lula em seu pupilo, a quem teria dito: "Não dá para vacilar diante do primeiro embate. As alianças têm duas mãos".

O episódio dos aloprados na eleição de 2006, em que um grupo de petistas comprou dossiês contra José Serra, então seu adversário ao governo de São Paulo, e Geraldo Alckmin, candidato tucano à Presidência, já marcara sua vida política, pois seu principal assessor era o comandante da operação ilegal que ele alega até hoje ter sido montada à revelia.

Pois, como disse o senador Dornelles, "nada como um dia depois do outro". Mercadante, segundo revelação do burocrata petista Expedito Veloso, foi um dos líderes dos aloprados.

Quem se der ao trabalho de ouvir a gravação da conversa de Expedito com amigos petistas no site da revista "Veja", que divulgou a informação, verá que não há dúvida de que toda a operação partiu da necessidade de Mercadante de criar um fato político que levasse a disputa com Serra para o segundo turno, ocasião em que Orestes Quércia, que também financiou o dossiê, o apoiaria em troca de "um naco" do governo.

Expedito Veloso, hoje um assessor graduado do governo petista de Brasília, é didático na sua conversa gravada, e culpa Mercadante pelo fracasso da operação.

Segundo ele, se Mercadante não tivesse mentido dizendo que o dinheiro já estava todo arrecadado, Valdebran Padilha, um dos aloprados que foi a São Paulo juntamente com Hamilton Lacerda para comprar o dossiê, não teria sido preso.

Os aloprados, no entanto, tiveram que ficar quatro dias em São Paulo, e não duas horas como previsto, esperando que o dinheiro chegasse, e essa movimentação teria chamado a atenção da Polícia Federal.

Embora Mercadante afirme que a participação de Lacerda, seu braço direito na campanha, acontecera à sua revelia, Expedito, na conversa gravada, explica o raciocínio político por trás da compra do dossiê, ficando claro que a manobra correspondia a uma estratégia petista para beneficiar Mercadante.

Tanto é verdade que, na gravação, Expedito revela um "trabalho" anterior dos aloprados petistas, a divulgação de dossiês contra a ex-senadora petista Serys Slhessarenko e o tucano Antero Paes de Barros pelo ex-deputado federal Carlos Abicalil, hoje secretário de Educação Especial do MEC, cujo sucesso os levou a arquitetar o plano contra Serra.

E explica a ligação: "O Valdebran (Padilha) foi coordenador financeiro do Abicalil".

O petista já tentara desqualificar a gravação obtida pela "Veja", alegando que Expedito emitira nota negando tudo.

O que Expedito diz na nota é que nunca revelou nenhum nome em seus depoimentos, o que pode ser verdade. Ele só citou Mercadante e os demais envolvidos na tramoia em conversas informais, que foram gravadas e cujo conteúdo ele confirmou ser verdadeiro.

Outra revelação, a de que a atual ministra das Relações Institucionais Ideli Salvatti, então líder do PT no Senado, participou de reuniões sobre o dossiê e ajudou a divulgá-lo extraoficialmente para alguns jornais, é desmentida pela metade.

Ideli admite que participou de reuniões no gabinete de Mercadante, com a presença de diversos dos aloprados, mas alega que o assunto era outro.

Com o governo dominando tão amplamente a Câmara e o Senado, dificilmente o assunto vai render. Resta a reabertura do processo pelo Ministério Público ou pela Polícia Federal, diante das novas evidências.


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Rejeição da sociedade

Geraldo Almendra

A rejeição com vaias diante da presença do ex-ministro Antonio Palocci em um restaurante em São Paulo, conforme divulgado na internet, nos traz um alento de que finalmente a sociedade está começando a tomar uma atitude contra essa patifaria de política que toma conta do país.

Esperamos que a degeneração que a classe política está semeando seja punida com uma ampla, geral e irrestrita rejeição nas urnas, fazendo com que os fichas sujas nunca mais sejam eleitos, tendo de roubar noutra freguesia, mesmo com a proteção do STF.

Sorte desses patifes da política prostituída que a sociedade só sabe se manifestar mais violentamente nos jogos de futebol, nas boates, nos bailes funk animados por prostitutas disfarçadas, e nos conflitos do trânsito.

Oportuno também alertar os cabos eleitorais subornados por esses canalhas que eles se tornaram inimigos da maioria da sociedade que é digna e honesta.

Em países com uma justiça mais séria e um povo mediamente esclarecido, esses canalhas da política estariam apanhando e enviados para a cadeia; em outros mais ortodoxos, a forca, a conta da bala…

Pode ser que estejamos chegando ao momento em que os cidadãos de bem, diante dos feitos de imbecis e idiotas degenerados disfarçados de homens públicos, parem de ficar omissos e demonstrem publicamente a justa rejeição contra essa corja que está fazendo o país virar um paraíso de patifes, desgovernado por covis de bandidos e controlado por sindicatos de ladrões.

Sorte desses cafajestes que se intitulam políticos não serem perfilados no paredão da vergonha, merecido destino para os genocidas que assassinam centenas de cidadãos todos os anos por estarem desviando para suas fortunas pessoais bilhões do contribuinte; dinheiro que acaba faltando para combater a tragédia em que se encontram a educação, a cultura, a saúde, o saneamento e a segurança pública.

Que os contribuintes, tratados como palhaços e idiotas, vaiem sempre que um desses patifes entrar em espaço público, deixando claro que o Brasil não é um país de bobos. Blog do Mario Fortes


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terça-feira, 28 de junho de 2011

Delírio: Mercadante diz que aloprados cometeram crime para “destruir a corrupção”

O ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, visitou hoje (28) o plenário da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. Questionado pelo senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) sobre quais foram as motivações de Hamilton Lacerda, seu coordenador de campanha em 2006, ao negociar a compra de um falso dossiê contra o tucano José Serra, o ministro declarou:

“[Hamilton Lacerda] fez , porque essa militância acha que assim que destrói a corrupção. O sentimento era que o governo do PT estava sendo criminalizado pela imprensa. O governo do PT era sanguessuga. (…) Que a mídia não divulgava o que estava acontecendo e que eles tinham uma missão heroica pra fazer.

A fala de Mercadante está registrada no vídeo acima, além de um breve resumo sobre o penúltimo escândalo do governo Dilma, incluindo as declarações do ‘aloprado’ que acusou o ministro de patrocinar o crime.

Do site Implicante


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Dossiê dos Aloprados: Aloizio Mercadante sai pela tangente

Ministro foi convidado a falar sobre economia, mas escândalo dominou o debate. Apesar da pressão da oposição, ele esquivou-se de perguntas difíceis

Apesar de repetir à exaustão sua disposição em explicar as denúncias em que foi recentemente envolvido, o ministro da Ciência e da Tecnologia, Aloizio Mercadante, esquivou-se das perguntas difíceis em seu depoimento ao Senado, que terminou às 14h30 após quatro horas. Depois de o próprio Mercadante ter colocado o caso do Dossiê dos Aloprados em debate, a oposição resolveu partir para a ofensiva. O senador Alvaro Dias (PSDB) questionou se o ministro pretendia processar o delator do escândalo, Expedito Veloso, por calúnia, já que negava todas as acusações feitas pelo ex-diretor do Banco do Brasil.

Em gravação obtida por VEJA, Expedito diz que Mercadante era o principal arrecadador do dinheiro que pagaria um falso dossiê contra José Serra nas eleições de 2006. O ministro tentou ignorar a pergunta, mas, diante da insistência de Alvaro Dias, respondeu sem responder: "Eu nunca fiz contra a imprensa em toda a minha vida - contra a imprensa ou contra quem me caluniou ou me trouxe prejuízo. Mas posso fazer. Vou aguardar, vou verificar os desdobramentos." Mercadante insinuou que poderia tomar medidas judiciais contra quem o acusou de envolvimento na elaboração do dossiê.

Todo o esforço de Mercadante foi para esgotar o assunto no Senado e evitar uma convocação para falar na Câmara, onde enfrentaria um ambiente menos amistoso. Alvaro Dias tentou negociar: propôs que o ministro se comprometesse a ir à Câmara, a uma audiência específica sobre o caso do dossiê. Em troca, o  tucano abriria mão de apresentar requerimentos de convocação da ministra Ideli Salvati, da ex-senadora Serys Slhessarenko e do petista Expedito Veloso, todos ligados ao caso. Mercadante não topou e Dias apresentou os requerimentos. "Querem que eu vá à Câmara para continuar alimentando o assunto", irritou-se o ministro.

Mercadante insistiu que não há novidades sobre o episódio. “Esses telefonemas que foram obtidos estão no inquérito, não são um fato novo”. O ministro tentou se esquivar das acusações feitas por Expedito Veloso e tratar Orestes Quércia como único alvo da denúncia. Sem responder diretamente à pergunta de Alvaro Dias, voltou a negar ligação com o episódio: “Não teve dinheiro da minha campanha, porque eu jamais autorizaria uma ação dessa natureza.”

O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) desqualificou a tática do petista de atribuir as novas revelações sobre o caso ao jogo político: "Não há ilação nenhuma. Há uma declaração, um fato", afirmou Aloysio. O tucano perguntou se Mercadante não tivera a curiosidade de saber a origem do dinheiro apreendido com os petistas em São Paulo. O ministro respondeu pela metade: afirmou que sua campanha não tinha 1,7 milhão de reais para comprar o dossiê e que, ao saber que Hamilton Lacerda procurara jornalistas para vender o material contra José Serra, demitiu o assessor. Novamente, o ministro não se comprometeu a falar na Câmara dos Deputados: "Não quero me transformar em um objeto de luta política."

O senador Cyro Miranda (PSDB-GO) perguntou se o petista havia se interessado em esclarecer a fraude. Curiosamente, Mercadante disse ter sido prejudicado pela revelação do episódio, mas não procurou saber a origem do dinheiro "Eu imagino que quem participou saiba. Eu não participei e não sei", afirmou. Ele fez questão de isentar a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, de participação no episódio. “A Ideli não tem qualquer responsabilidade nisso, jamais apareceu nas investigações anteriores. É uma tentativa de atingi-la simplesmente porque ela virou ministra de estado”, disse em entrevista coletiva após a audiência.

O senador Lindberg Farias (PT-RJ) admitiu ter combinado com Mercadante a estratégia de trazer o caso do dossiê ao Senado - o que esvaziaria a convocação do ministro na Câmara: "O ministro disse : 'Pergunta porque eu quero falar', declarou o Lindberg.

Explicações

O ministro começou a ser inquirido na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado às 11h10. Antes das perguntas, ele falou por trinta minutos sobre o cenário econômico nacional, tema original do convite para a comissão. Ao final da apresentação, no entanto, citou o caso dos aloprados. "Não temo esse debate, acho fundamental que tudo seja esclarecido. Estou inteiramente  à disposição dos senadores para fazer essa discussão”, disse Mercadante.

O primeiro a perguntar foi o senador Lindberg Farias (PT-RJ), que levantou a bola para que o ministro falasse sobre "fatos novos" a respeito do escândalos dos aloprados, sobre a relação dele com o ex-governador Orestes Quércia e sobre o envolvimento da ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, no esquema do falso dossiê. O diálogo foi uma clara demonstração da atuação ensaiada dos governistas para esgotar no Senado o assunto.

Mercadante respondeu dizendo que foi inocentado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e culpou seu ex-assessor Hamilton Lacerda pelo vazamento do falso dossiê. Segundo o ministro, Hamilton entregou os documentos a jornalistas sem comunicá-lo. O petista negou ter agido em parceria com Quércia contra José Serra na campanha de 2006. "Jamais tive com Quércia uma conversa pessoal de qualquer natureza e muito menos na campanha eleitoral, em que ele era meu adversário", disse Mercadante.

O ministro afirmou que a então líder do governo no Senado, Ideli Salvatti, não participou de reunião com ele e com envolvidos na elaboração do dossiê. O petista disse que se encontrou com os aloprados em setembro de 2006 para discutir uma possível defesa contra acusações que o envolveriam no esquema da Máfia das Ambulâncias.

Quinze senadores inscreveram-se para falar - a ampla maioria é da base aliada. O líder do PSDB, Alvaro Dias, que havia dito ao site de VEJA que sua bancada só falaria sobre dossiê se a base aliada trouxesse o assunto à pauta, apontou a existência de uma manobra governista para esgotar o assunto no Senado: “Há especulações dando conta que essa reunião foi uma estratégia para esvaziar as ações da oposição na Câmara, especialmente na Comissão de Segurança Pública."

Estratégia governista

Foi a primeira vez que Mercadante falou perante o Congresso desde que VEJA revelou seu protagonismo no esquema do Dossiê dos Aloprados, há duas semanas. Mercadante foi convidado a se apresentar perante a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) da Casa. Reportagem da edição de VEJA da semana passada mostrou o papel do titular da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, na montagem de um falso dossiê contra o então candidato tucano ao governo de São Paulo, José Serra, em 2006. Antes de a farsa ser consumada, ela foi descoberta. Petistas foram presos com 1,7 milhões de reais que seriam usados para pagar os falsários.

Um dos aloprados, Expedito Veloso, revelou detalhes do caso em conversas gravadas. Expedito garantiu que o verdadeiro mentor, o principal beneficiário e um dos arrecadadores de dinheiro para montar toda a farsa foi Mercadante. "O plano foi tocado pelo núcleo de inteligência do PT, mas com o conhecimento e a autorização do senador", disse o delator. "Ele era o encarregado de arrecadar parte do dinheiro em São Paulo.”

Nesta semana, VEJA denuncia o envolvimento da ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, no esquema, que ficou conhecido como Dossiê dos Aloprados. Em setembro de 2006, dias antes da prisão dos petistas, Ideli participou de uma reunião no gabinete de Mercadante com três aloprados para ajustar os detalhes da fraude contra José Serra. Após o encontro começou o trabalho para divulgar o dossiê falso. Ideli ficou com uma cópia do documento, fez contato com jornalistas, exibiu os papeis e disse que aquilo era apenas parte do que tinha contra Serra. Veja Online

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