sábado, 12 de fevereiro de 2011

Entenda a crise no Egito

12_02_2011_mubarak_historicasFotos históricas de Mubarak: à esquerda, ele fala ao Parlamento em abril de 1987; à direita, no alto, imagem de 1981, quando era vice-presidente; à direita, no canto inferior, Mubarak em encontro com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, em 2011 (Foto: AP/Arquivo)

O Egito passa, neste começo de 2011, por uma mudança política desencadeada por revolta popular. Nesta sexta-feira (11), a renúncia do presidente Hosni Mubarak foi anunciada pelo vice-presidente do país, Omar Suleiman. Mubarak estava há 30 anos no poder.

A decisão ocorre após 18 dias de violentos protestos de rua que deixaram mais de 300 mortos e 5 mil feridos. O movimento popular  tem inspiração no levante que derrubou o presidente da vizinha Tunísia, Zine El Abidine Ben Ali, cujo governo se prolongava havia 23 anos. Além do Egito, os levantes no mundo árabe inspirados no exemplo da Tunísia se espalharam por Jordânia, Iêmen, Argélia, Mauritânia, Sudão e Omã.

Aos 82 anos, Mubarak já havia apresentado alguns problemas de saúde e, depois da pressão popular, admitiu que não seria candidato a um sexto mandato na eleição presidencial. A eleição está prevista para setembro deste ano.

Analistas acreditavam que ele iria tentar emplacar seu filho, Gamal Mubarak, como sucessor no comando do Partido Nacional Democrático (PND), o maior do país. Entretanto, Gamal e outras lideranças deixaram o partido no sábado (5). Nesta sexta, o secretário-geral do partido, Hossam Badrawi, renunciou ao cargo dizendo que o país em crise "precisa de novos partidos".

Um dia antes da renúncia, Mubarak fez discurso na TV e afirmou que pretendia continuar no governo até setembro, à frente da transição de poder. Ele também disse que iria transferir poderes ao seu vice, Omar Suleiman.

Partido

O partido domina o Parlamento e esteve todos estes anos a serviço do ex-presidente, que também comandava as Forças Armadas. Mas a estabilidade deste ex-militar da Aeronáutica, principal aliado do Ocidente entre os países árabes, se viu ameaçada pela primeira vez.

No final de janeiro, a oposição no Egito se uniu pela primeira vez para integrar os protestos iniciados em 25 de janeiro. Principal força oposicionista, a Irmandade Muçulmana, que tinha deixado aos seus membros a possibilidade de participar dos protestos, anunciou seu apoio oficial dias depois.

O posicionamento da Irmandade Muçulmana, organização da qual se originou a facção palestina Hamas, representou um novo desafio ao governo de Mubarak.

Somou-se a isto o retorno ao país do Nobel da Paz e ex-presidente da Agência Internacional de Energia Atômica, ligada à ONU, Mohamed ElBaradei. Ele, que conta com a simpatia do Ocidente, expressou sua disposição de assumir um eventual governo de transição e não descartou concorrer nas eleições de setembro.

O presidente dos EUA, Barack Obama, que tem no Egito o principal aliado no mundo árabe, também pressionou pela saída imediata de Mubarak. Líderes da União Europeia se juntaram aos apelos pela renúncia.

Até mesmo aliados de Mubarak, como o presidente da Comissão de Relações Exteriores da Assembleia, Mostapha al Fekki, também membro do Partido Nacional Democrata, pediram ao presidente egípcio "reformas sem precedentes" para evitar uma revolução no Egito.

12_02_2011_mapa_do_egitoPressão

Pressionado, Mubarak anunciou que não iria disputar a reeleição, nem mesmo tentar lançar o filho como sucessor. O governo também anunciou concessões, como um aumento de 15% nos salários do funcionalismo e nas aposentadorias.

Pela primeira vez em 30 anos de regime, Mubarak nomeou um vice-presidente, Omar Suleiman, que assumiu o comando das negociações com a oposição, e novos ministros. Em sua primeira reunião, o novo gabinete ministerial prometeu investigar casos de fraude eleitoral e corrupção no serviço público.

As medidas, no entanto, foram consideradas "vagas" pela oposição, que continuou a reunir centenas de milhares de manifestantes na praça Tahrir, local que se tornou símbolo dos protestos antigoverno e palco das celebrações da abertura democrática.

Repressão

A dura repressão aos protestos no Egito provocou reações de diversos países. A ONU estima que mais de 300 pessoas tenham morrido e que milhares ficaram feridas desde o início das manifestações.

Houve intimidação e violência contra jornalistas, inclusive brasileiros. O uso de redes sociais para convocar as manifestações fez com que a internet e o sinal de algumas operadoras de telefonia celular fossem interrompidos – o governo negou intervenção.

Relação com os EUA

A proliferação de revoltas para países menores preocupa autoridades ocidentais pela fragilidade destes regimes. Outra preocupação do mundo Ocidental é com relação a Israel, já que, atualmente, só dois países da região têm tratados de paz com o país: Egito e Jordânia.

O número dois da diplomacia americana, James Steinberg, anunciou que os Estados Unidos trabalharão para assegurar que a violência desatada no Egito não crie "novos perigos para Israel ou a região".

Portal G1


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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Florianópolis: Comissão de Ética da Câmara sugere cassação de Asael Pereira e Ricardo Vieira

altVereadores Asael Pereira e Ricardo Vieira: Acusados de quebra de decoro por envolvimento em caso de compra de votos

A Comissão de Ética da Câmara de Vereadores de Florianópolis aprovou a acusação de quebra de decoro contra os vereadores Asael Pereira (PSB) e Ricardo Vieira (PC do B). A reunião, no fim da tarde desta sexta-feira, foi o último passo antes da votação em plenário da cassação dos envolvidos no caso da compra e venda de votos nas eleições para presidente da casa.

O primeiro a ser acusado foi Asael. Assim que o resultado foi anunciado, o advogado do vereador, Celso Bedin, deixou a sala onde a Comissão se reunia bastante irritado. Ele disse que vai entrar com um mandado de segurança devido a irregularidades no processo.

Na sequência, foi a vez de Ricardo Vieira ser acusado de quebra de decoro. Na próxima segunda-feira a votação irá a plenário. Para que os acusados sejam afastados do cargo, será preciso que 11 dos 16 vereadores da Capital aprovem a cassação.

Entenda o caso

Um dia após perder a eleição para a presidência da Câmara, em 14 de dezembro, um vídeo colocado na internet mostrava um desabafo do vereador João da Bega, que havia perdido a votação para Jaime Tonello (DEM) por 9 a 7 mesmo sendo considerado o candidato favorito. Na gravação, Bega aparece em frente ao elevador da Câmara dizendo que fora procurado por outros vereadores que ofereceram seus votos em troca de R$ 230 mil.

O prefeito da Capital, Dário Berger, também confirmou a história em entrevista ao colunista do Diário Catarinense Rafael Martini. Berger disse ter sido procurado pelo vereador Asael Pereira (PSB), que pediu R$ 300 mil para votar em João da Bega.

No dia 16 de dezembro, um novo vídeo de João da Bega foi divulgado. Dessa vez, o peemedebista afirmava que as negociações de dinheiro em troca de votos teriam acontecido dentro do gabinete do então presidente da Câmara, Gean Loureiro (PMDB). O chefe de gabinete do vereador também teria presenciado o pedido.

Em 4 de janeiro, Dário Berger prestou depoimento para a Polícia e confirmou a denúncia contra Asael. Nesta segunda-feira foi a vez de Loureiro confirmar, em depoimento ao Conselho de Ética, a denúncia feita por João da Bega contra Ricardo Vieira (PCdoB). Diário Catarinense

Leia mais:

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ProUni do ensino técnico: Proposta de campanha de Serra é copiada pelo governo Dilma

É realmente impressionante! A proposta de criar o ProUni do ensino técnico era do então candidato à Presidência pelo PSDB, José Serra. Aqui, na TV Bandeirantes, ele fala a respeito:

Dilma foi ontem à TV, no seu primeiro pronunciamento oficial, e, com impressionante cara-de-pau, tungou a proposta do outro. OK. A idéia é boa. Mas faz sentido o silêncio da companheira imprensa? Na Folha Online, por exemplo, a repórter Ana Flor chegou a interpretar um trecho da fala da presidente, afirmando ser uma crítica a São Paulo, mas não escreveu uma vírgula sobre a cola. E ela sabe bem do que se trata, já que cobriu a campanha eleitoral.

Os petistas

Quando Serra lançou a idéia, virou alvo dos blogs do PT. Se você clicar aqui, encontra os “Amigos do Presidente Lula” atacando o Protec — segundo eles, o tucano queria acabar com o ProUni. Falsários e, claro!, mentirosos. Aqui, o Blog da Dilma repete a impostura.  São dois entre centenas de exemplos. Aí a Soberana faz o quê? Vai à TV, apresenta a proposta como sua, com uma ligeira mudança do nome: “Pronatec”. E se ouve a respeito um grande silêncio. Não é prática nova! Lula também tungou os programas sociais de FHC, deu-lhe um novo apelidou e virou dono da obra.

Convenham: vocês não esperariam que o PT governasse com idéias próprias, certo? Com essa gente, vale a máxima: o que é bom não é novo, e o que é novo não é bom!

Por Reinaldo Azevedo


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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Oposição pra quê?

altSerra: ‘É razoável que o eleitor considere que não sabe governar quem não sabe se opor'

José Serra – O Globo

O principal risco que correm as oposições - e, portanto, também o PSDB - é perder tempo em embates menores, combates internos fantasmas ou antecipações irrealistas, como trazer 2014 para hoje, inventando bandas de adversários... internos! Atacar, constranger, prejudicar ou atrapalhar companheiros do próprio partido só faz ajudar os adversários reais, que incentivam esses confrontos.

Para o maior partido da oposição, perder-se em disputas internas seria apequenar-se. Saímos das urnas com quase 44 milhões de votos, vencendo a eleição presidencial em 11 estados. O PSDB fez oito governadores; o DEM, dois, e tivemos ainda o apoio do governador de Mato Grosso do Sul. Aqueles que votaram em nós queriam que ganhássemos, mas sabiam que podíamos perder. A oposição, portanto, é tão legítima quanto o governo; ela também expressa a vontade do eleitor e tem um mandato.

Não podemos deixar o eleitorado que nos apoiou sem representação. É ele, inicialmente, que precisa receber uma resposta e convencer-se de que não jogou seu voto fora. Até porque as ditaduras também têm governos, mas só as democracias contam com quem possa vigiá-los, fiscalizá-los, em nome do eleitor. Por isso a oposição tem de ter posições claras, ser ativa, sem se omitir nem se amedrontar. Uma eleição presidencial não é uma corrida de curta duração, de 45 dias, mas uma maratona de quatro anos. E ninguém corre parado.

Até quem votou no PT conta conosco para que ofereçamos alternativas, para que possamos aprimorar propostas do governo e denunciar, quando é (e como está sendo) o caso, a falta de rumo. Não se trata de fazer oposição sistemática ou não sistemática, bondosa ou exigente. Isso é bobagem! Essa questão não se coloca em nenhuma grande democracia do mundo. A oposição tem o direito e o dever de expressar seus pontos de vista e de batalhar por eles. É seu papel cobrar coerência, eficiência e honestidade.

A realidade está aí. O grave problema fiscal brasileiro veio à luz, herança do governo Lula-Dilma para o governo Dilma. A maquiagem nas contas não consegue escondê-lo. A Fundação Nacional de Saúde (Funasa) se transformou no retrato perverso do aparelhamento do Estado, que não se vexa nem diante da realidade dramática da saúde - ou falta dela - dos pobres. O mesmo acontece em Furnas, palco de escândalos há muitos anos, expressão do loteamento do setor elétrico, onde os blecautes têm sido a regra, não a exceção. Se a oposição não se fizer presente agora, então quando?

Fazer oposição por quê? Porque o país experimenta um óbvio desequilíbrio macroeconômico, que reúne inflação alta e em alta, juros estratosféricos, câmbio desajustado, vertiginoso déficit do balanço de pagamentos e infraestrutura em colapso. As trapalhadas do Enem mostram que o PT tripudia sobre a esperança e o futuro dos jovens. A imperícia do governo na prevenção de catástrofes e socorro às vítimas não requer comprovação. Por que fazer oposição? Porque os brasileiros merecem um governo melhor e pagam caro por isso - uma das maiores cargas tributárias do mundo, sem serviços públicos à altura. Temos o direito de nos apequenar com picuinhas? Foi para isso que recebemos um mandato das urnas?

O governo vem fazendo acenos à classe média e às oposições. Conta com o conhecido bom-mocismo dos adversários, tucanos à frente. Sua intenção é lhes tirar nitidez e personalidade, dividi-los e subtrair-lhes energia e disposição. Até a próxima disputa eleitoral, quando, então, voltaremos a enfrentar os métodos de sempre: vale-tudo, enganações, bravatas e calúnias. Cair nesse truque corresponde a trair a confiança dos que votaram em nós e os interesses do nosso povo e do país.

O PSDB não sabe fazer oposição! Tanto em 2006 como em 2010, pesquisas internas apontaram ser essa uma das críticas que o eleitorado nos faz. Ainda que fosse injusta, seria forçoso reconhecer que nos tem faltado nitidez. É razoável que o eleitor considere que não sabe governar quem não sabe se opor.

E nós temos os bons fundamentos! A quem pertence a bandeira da social-democracia no Brasil? O PT, fundado como um partido classista, sob a inspiração de partidos leninistas, varreu estatuto e ideário para baixo do tapete ao chegar ao poder e adotou como suas a plataforma e as ideias do adversário. Mas, longe de estar resolvida, após seis eleições presidenciais, sendo três vitoriosas, e dois governos depois, a contradição entre os "pragmáticos do mercado" e os "puros-sangues de Lenin" ainda é um dos flancos do PT não devidamente explorados pela oposição, para prejuízo do país.

O PT adotou as bandeiras, mas perverteu sua prática. Privatizou as ações do Estado em benefício do partido e aliados. Banalizou o que a vida pública brasileira tinha de pior. Rebaixou a Saúde e a Educação. Transformou em instrumento eleitoral a rede de proteção social herdada do governo FHC. Virou as costas para a Segurança e descuidou-se da Previdência. A falsa "social-democracia" petista preside um processo de desindustrialização do Brasil e mantém como principal despesa do orçamento o pagamento de R$180 bilhões anuais em serviço da dívida pública interna. Sem mencionar erros infantis, como o de reconhecer a China como economia de mercado, enfraquecendo nossos mecanismos de defesa comercial. Que social-democracia é essa, que pôs a perder o ativismo governamental nas coisas essenciais, que caracteriza o Estado do Bem-Estar Social e seus alicerces?

Essa retomada dos valores da social-democracia, com seu respeito ao jogo democrático e sua prioridade à garantia de condições dignas de vida à população, há de tirar do PSDB o falso carimbo de partido da elite e marcar diferença com o PT, com suas práticas sectárias e/ou ineptas.

Para tanto, é fundamental ao PSDB fortalecer a unidade interna, dando uma resposta àqueles que nos delegaram um mandato por meio das urnas. Estou, como sempre, a serviço da população. Ajudei a definir as bandeiras históricas do meu partido e sua renovação. Por elas e pela unidade, batalhei sempre. Ninguém andará em má companhia seguindo os Dez Mandamentos. Para quem está na política, sugiro um 11º, este de inspiração humana, não divina: "Não ajudarás o adversário atacando teu colega de partido."

José Serra foi deputado, senador, prefeito e governador de São Paulo


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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Florianópolis: Dário Berger assume derrota política

altDário: 'Meu futuro depende das oportunidades. O importante é estar preparado para assumir as oportunidades'

O prefeito da Capital, Dário Berger (PMDB), fez uma apresentação, nesta terça-feira, dos planos de investimentos para os dois últimos anos de mandato. Otimista por causa de decisão do Judiciário sobre um caso parecido, Dário abriu o discurso afirmando que o presidente da Câmara, Jaime Tonello (DEM), não vai assumir a cadeira de prefeito por conta do processo de prefeito itinerante, que está no TSE.

Na entrevista, Dário assume uma derrota política de seu grupo na indicação do secretário regional da Grande Florianópolis.

Diário Catarinense — O senhor convidou o vereador Márcio de Souza para a Secretaria de Turismo, sinalizando uma aproximação do PMDB com o PT. Qual a motivação desse gesto?
Dário Berger — Primeiro, é uma forma de prestigiar um vereador de cinco mandatos, que tem conhecimento de diversas áreas, especialmente de turismo. Evidentemente, isso tem um objetivo intrínseco de aproximação. O PMDB é vice do PT a nível nacional. Essa aproximação já é natural e não preciso fazer nenhum esforço para me aproximar do PT.

DC — Mas no Estado, o PMDB está com o DEM. Essa aproximação com o PT prevê uma aliança para as eleições de 2012?
Dário — Não temos nenhum entendimento nesse sentido. A eleição está muito distante. As forças políticas devem se reacomodar e, lá na frente, vamos ver o melhor caminho.

DC — Como ficou seu relacionamento dentro do PMDB depois da eleições e do racha no partido?
Dário — Estou bem. Apoiei a Dilma e o Michel Temer nacionalmente e no Estado o Colombo e o Pinho Moreira.

DC — Mas o senhor não participou das indicações dos cargos?
Dário — Não. Meu time está na administração municipal. Se indicasse um secretário, desfalcaria. Não significa que fui desprestigiado e sim que não pedi. Me perguntaram se desejaria cargo federal e disse que não. Meu interesse é terminar o meu mandato.

DC — Qual sua avaliação sobre a disputa pela secretaria regional da Grande Florianópolis?
Dário — É possível a gente perder essa batalha.

DC — O senhor considera uma derrota política a não-indicação do ex-secretário Valter Gallina?
Dário — Uma derrota política minha, do governador Luiz Henrique, do Casildo Maldaner, dos 10 prefeitos do PMDB na região. Se não acontecer, é uma derrota nossa e uma vitória do parlamento.

DC — A que o senhor atribui?
Dário — À necessidade política de manter a governabilidade. Porque o governador, queira ou não, é refém da Assembleia. Ele precisa ter maioria para governar. Muitas vezes ele não opta, como eu também, pela melhor alternativa. Mas pela que seja mais conveniente para a governabilidade.

DC — O senhor não considera que a indicação da secretaria regional seja uma articulação da ala do PDMB ligada ao vice-governador Eduardo Pinho Moreira para enfraquecer a sua influência política na região?
Dário — Não. Porque sempre venci as minhas eleições, todas que disputei, e superei todas essas articulações contrárias. Pode até existir isso, mas isso não me atinge, não me preocupa porque o que vale é o que você fez, a sua história, a sua determinação.

DC — Como o senhor está avaliando essa especulação da mudança do governador Colombo para o PMDB?
Dário — Com surpresa. Nunca imaginei que isso pudesse acontecer. Mas isso é resultado da necessidade urgente de uma reforma política que possa consolidar o processo político nacional. Porque, sem isso, todo ano temos uma surpresa.

DC — De que forma o senhor avalia que a reforma política influenciaria?
Dário — No sentido de consolidar os partidos políticos. A democracia se consolida com partidos políticos fortes. Mas à medida que existe essa possibilidade de aglutinar partidos, mudar de partido, acaba enfraquecendo o próprio eleitor, que não sabe mais em quem votar. Por isso o eleitor vota na pessoa e não vota no partido.

DC — E essa possível mudança do governador Colombo é uma surpresa boa ou ruim?
Dário — Para mim uma surpresa boa porque ele viria fazer parte do nosso time. Não sei se é uma surpresa boa para ele, porque ele vai mudar de casa, construir uma nova história. Só o futuro irá dizer se essa atitude é boa ou ruim.

DC — E como o senhor vê a declaração do senador Luiz Henrique de participar da base do governo Dilma, se ele apoiou José Serra na eleição?
Dário — Luiz Henrique é um homem partidário, um discípulo de Ulysses Guimarães. Não teria dúvida que, mais tempo menos tempo, ele ia se manter fiel à doutrina política partidária. Encaro isso com a maior naturalidade. Penso que a política só vai se consolidar no momento em que as brigas fiquem guardadas no período eleitoral e que, depois, se crie um clima de governabilidade. Agora, se continuar isso que estou vendo em Florianópolis, há seis anos perseguido sistematicamente pelos meus adversários, isso me dificulta sobremaneira as minhas ações.

DC — Depois da prefeitura de Florianópolis, quais seus planos?
Dário — Meu futuro depende das oportunidades. O importante é estar preparado para assumir as oportunidades.

DC — Mas qual a sua pretensão? Disputar o governo em 2014?
Dário — Pretensão nenhuma.

Diário Catarinense Online


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segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Opinião do Estadão: A caixa-preta da Petrobrás

altJosé Sérgio Gabrielli: Esse politiqueiro safado acha que é dono da Petrobrás e não deve satisfações a ninguém

Há uma caixa-preta na área de comunicação da Petrobrás. Por iniciativa da empresa, só notícias boas merecem ser dadas a conhecimento público, com preferência para os recordes de produção e novas descobertas na área do pré-sal. Desde a última semana do ano passado, a Petrobrás informou que bateu recordes na produção diária de petróleo e gás natural, na produção de gasolina e de asfalto, registrou aumento de reservas e divulgou uma nova descoberta de óleo na Bacia de Santos. Quase sempre, esses dados são considerados fatos relevantes, comunicados aos acionistas, publicados em jornais e registrados pela Bolsa. Mas quando as notícias são ruins, a Petrobrás esconde o quanto pode.

Na última sexta-feira, a empresa estatal limitou-se a confirmar que a Plataforma Cherne 2 (PCH-2) na Bacia de Santos está paralisada desde o dia 19 por causa de um incêndio, que não deixou vítimas. Vinte dias depois do acidente, a assessoria da Petrobrás informou que "está preparando" um comunicado a respeito, mas não divulgou a data em que isso ocorrerá. Com tanta delonga, até parece que a nota oficial, além de ser aprovada pelo presidente da empresa, deve passar pelo seu conselho de administração, pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) e, quem sabe, até pela presidente da República, Dilma Rousseff.

A Petrobrás age como se o País ainda estivesse mergulhado nos anos de chumbo. Felizmente, o Brasil tem uma imprensa atenta ao que se passa e que ouve as queixas dos que moram ou trabalham nos locais atingidos. No caso, foi o Sindicato dos Petroleiros (Sindipetro) do Norte Fluminense que, com presteza, informou a irrupção de um incêndio de "grandes proporções" no módulo 5 da PCH-2, com duração de mais de uma hora. É natural que a companhia institua uma comissão para investigar o que chama de incidente, contando para isso com a colaboração da Marinha. Mas isso não justifica, em absoluto, a ausência de uma nota oficial dando conta do ocorrido.

A demora para informar constitui um desrespeito não só à população, que tem o direito de ser informada, como aos investidores. Como empresa de capital aberto, a Petrobrás tem compromisso assumido com normas de transparência na condução de suas operações. Quanto a isso, a empresa apresentou a desculpa capenga de que não informou o episódio aos investidores por não considerá-lo relevante, uma vez que seu impacto na produção é pequeno (9.300 barris/dia de petróleo, representando 0,5% do total). Ainda assim, segundo o Sindipetro, o incêndio na plataforma poderia ter resultado em uma tragédia, uma vez que o "sistema de dilúvio" (contra incêndio) não funcionou.

A tentativa de esconder o fato alimenta as suspeitas de que as plataformas mais antigas da estatal não estão operando em condições de total segurança. Não é a primeira vez que se verifica um acidente desse tipo em plataforma marítima da Petrobrás. Já houve um princípio de incêndio na P-35 e, no ano passado, a ANP interditou a P-33 por falta de segurança.

Se houve um injustificável atraso na divulgação do último acidente, há pressa em que a plataforma danificada retome o funcionamento normal, o que, como foi noticiado, deve ocorrer já neste início de fevereiro. Presume-se que, até lá, esteja concluído o relatório sobre as causas do acidente e, principalmente, que já tenham sido tomadas as medidas necessárias para reforçar a segurança e prevenir incêndios, o que é duvidoso. Não se sabe igualmente se a ANP, se foi notificada, fez ou fará inspeção no local.

O que se pode concluir é que a Petrobrás não quer perder tempo em elevar a sua produção, principalmente em uma fase em que o óleo está em alta no mercado internacional. Este é um objetivo compreensível, mas não pode ser perseguido custe o que custar. Como este jornal tem insistido, a Petrobrás não deu sinal, até agora, de que tem um plano de emergência para a hipótese de acidentes graves na produção offshore, incluindo a da camada do pré-sal, sendo desnecessário lembrar as consequências catastróficas que eles podem acarretar.


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