quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Crise americana - O Dia D

Está marcada para esta tarde em Nova Iorque uma passeata de protesto contra o pacote de US$ 700 bilhões embrulhado pelo governo para tentar salvar a economia norte-americana da quebradeira. O pacote depende ainda da aprovação do Congresso e enfrenta ali dura resistência.

A marcha sobre Wall Street, região da cidade que abriga sede de bancos e de corretoras, foi convocada por grupos de direita e de esquerda para "apontar esses ladrões enquanto eles saírem do trabalho". Líderes dos partidos Republicano e Democrata se reunirão daqui a pouco para discutir o pacote.

Bush convidou os candidatos à sua sucessão Barack Obama e MacCain para uma conversa na Casa Branca. Segundo a mais recente pesquisa de opinião encomendada pelo jornal Wall Street Journal e a rede de tevê NBC, 33% dos eleitores rejeitam o pacote, 31% o aprovam e 28% não têm opinião.

Por que socorrer com o dinheiro do contribuinte donos de bancos e corretoras que faliram ou que estão para falir? - se pergunta parte da opinião pública dos Estados Unidos. Bush respondeu à pergunta em discurso feito ontem à noite na Casa Branca.

Admitiu que "a situação do país é grave, o mercado não está funcionando propriamente e vários importantes setores da economia do país estão próximos do colapso". Se o Congresso rejeitar o pacote, o país poderá mergulhar numa ''longa e dolorosa recessão''.

-  O mercado não está funcionando de maneira própria. Existe uma grande perda de confiança e muitos setores correm o risco de fechar. Os EUA poderiam entrar em um pânico financeiro, o que levaria a uma situação agonizante. Muitas empresas poderiam fechar e muitos americanos perderiam o emprego. Cidadãos, não podemos deixar que isso aconteça - suplicou Bush.

A crise americana tem em sua origem a oferta excessiva de crédito imobiliário no país. Bush reconheceu que os bancos emprestaram dinheiro sem checar a real situação financeira de seus clientes. E que esses aproveitaram a valorização de seus imóveis para refinanciá-los mais tarde caso fosse necessário.

No que o mercado imobiliário parou de crescer, sobraram casas e faltaram compradores. Com isso, explicou Bush, o valor das propriedades foi reduzido e parte dos mutuários se viu sem condições de pagar os empréstimos que tinham tomado.

- Não temos outra opção a não ser intervir [no mercado] - justificou Bush para deleite universal dos que sempre recusaram a idéia de que os governos não devem se meter com a economia, deixando o mercado resolver sozinho seus próprios problemas.

No passado, quando os governos brasileiros desembrulhavam pacotes econômicos pressionados pela disparada da inflação ou por crises financeiras desatadas lá fora, os presidentes chantageavam o Congresso acenando com o fim do mundo. Era dá ou desce. Ou aprova os pacotes ou o mundo desaba.

Pois Bush fez o mesmo. Se o pacote do governo dele não for apovado,  "mais bancos podem quebrar, bolsas irão cair ainda mais, faltará crédito para consumidores e muitos americanos poderão perder seus empregos". Que mais?

- O país pode cair em uma grande recessão. O custo para os americanos será muito maior.

O pior é que Bush não exagera. A crise, de fato, é grave, gravíssima. E o mundo espera que os Estados Unidos dêem um jeito na situação o mais rápido possível para evitar um desastre planetário.

Na economia globalizada, é assim. Se uma economia importante se desarranja, todo mundo paga a conta. Blog do Noblat


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