A deputada federal Marina Maggessi (PPS-RJ) acusou hoje o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) de ligação com o narcotráfico na Favela da Rocinha, zona sul do Rio.
Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das milícias da Assembléia Legislativa do Rio (Alerj), ela afirmou que atualmente se preocupa mais com a presença de integrantes do movimento no local do que com a questão da milícia no estado do Rio de Janeiro.
A deputada disse que uma ata apreendida em julho na favela por uma operação policial é um dos indícios dessa ligação. O documento teria sido elaborado pelo traficante conhecido como Nem, que estaria orientando os moradores a votarem no candidato a vereador Claudinho da Academia (PSDC).
Maggessi, que é inspetora da Polícia Civil, disse que integrantes do MST poderiam estar convencendo traficantes a serem "salvadores da pátria". “O meu medo é que o tráfico absorva esse tipo de convencimento. Quando eu digo isso, é porque o MST tem uma força de enfrentamento muito grande. Eles prezam esse tipo de invasão e luta armada. Eles não têm armas, mas o tráfico tem".
A assessoria de imprensa do MST informou que não há nenhum integrante na Rocinha e qualquer um que fale em nome do movimento na comunidade não tem representação. O movimento não estaria envolvido no processo eleitoral em nenhum nível.
A deputada foi convocada pela CPI das milícias por ter sido citada pelo vereador Josinaldo Francisco da Cruz, o Nadinho, de Rio das Pedras (PMDB), suspeito de chefiar uma milícia nesta comunidade, em seu depoimento à comissão. Magessi confirmou que foi à comunidade em 2006 para o aniversário do inspetor de polícia Félix Tostes, assassinado em fevereiro do ano passado.
Para tentar demonstrar que não tem ligação com esses grupos, a deputada alegou ter eleitorado maior no Alto da Boa Vista e na Rocinha. Ela afirmou que quando trabalhou nos setores de Entorpecentes e de Inteligência da Polícia Civil, não investigou milícias porque esta era uma responsabilidade apenas da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco).
O deputado estadual Marcelo Itagiba (PMDB), que também foi convocado pela comissão, comunicou que não pôde comparecer por conta de sua agenda na CPI dos grampos, em Brasília.
O outro lado
Em nota divulgada hoje, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) negou as acusações da deputada Marina Maggessi (PPS-RJ) de que integrantes do movimento estariam envolvidos com o tráfico na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro. Segundo o movimento, não há qualquer espécie de envolvimento de seus integrantes com traficantes ou com o crime organizado.
O MST considera que a deputada foi "irresponsável" e "leviana" no depoimento prestado na manhã de hoje à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das milícias da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro.
“A deputada Maggessi, ao associar a luta pela reforma agrária com o crime organizado, transforma uma fratura social histórica em questão de polícia e atende os interesses mais reacionários da sociedade, o latifúndio e o agronegócio. Somos um movimento social de trabalhadores rurais que luta por justiça social e pela reforma agrária, como determina a Constituição de 1988. Defendemos os direitos humanos e reprovamos atos contrários à vida”, diz a nota.
Quanto ao ex-líder do movimento José Rainha Jr., que teria participado da posse de líderes comunitários na favela, a nota alega que ele e os integrantes de seu grupo não participam atualmente de nenhuma instância de coordenação nacional, estadual ou local. “As articulações, pronunciamentos públicos e entrevistas na mídia dos envolvidos não são da responsabilidade do MST”. Agência Brasil
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