quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Presidente russo apóia separatistas; Rice chega à França em apoio à Geórgia

 1_dimitri Medvedev - 14_08_2008

O presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, afirmou nesta quinta-feira que seu país vai apoiar a posição das regiões separatistas georgianas da Ossétia do Sul e Abkházia em conversas sobre o "status futuro" destas áreas. Por outro lado, a secretária de Estado dos Estados Unidos, Condoleezza Rice, chegou à França para mostrar o apoio americano ao governo da Geórgia.

Eduard Kokoity e Sergei Bagapsh, autoproclamados presidentes da Ossétia do Sul e Abkházia, viajaram para Moscou nesta quinta-feira em uma visita não-anunciada para pedir apoio ao Kremlin no momento em que esforços diplomáticos são feitos para terminar com o conflito entre a Geórgia e a Rússia, iniciado na semana passada.

Medvedev, falando após os líderes dos dois países terem assinado um plano de seis pontos intermediado pela França para acabar com as hostilidades, disse que Moscou apóia integralmente as decisões das regiões.

"Por favor, saibam que a posição da Rússia não mudou. Nós vamos apoiar quaisquer decisões tomadas pelos povos da Ossétia do Sul e da Abkházia (...) e não somente apoiá-las, mas iremos garanti-las tanto no Cáucaso quanto por todo o mundo", disse Medvedev, citado pela a agência de notícias Interfax.

Medvedev e o presidente georgiano, Mikhail Saakashvili, concordaram nesta semana sobre um plano de paz proposto pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy, para colocar fim ao conflito na Ossétia do Sul.

Saakashvili depois retirou do plano referências a discussões sobre o "status futuro" das duas regiões separatistas - o sexto ponto. A Rússia não fez objeções.

"Quando falamos sobre o sexto ponto - sobre o status - quero que saibam e quero dizer aos povos da Ossétia do Sul e da Abkházia que a posição da Rússia não se alterou", disse Medvedev.

"Algum tempo atrás o presidente da França e eu concordamos sobre os princípios que dão início a uma determinação sobre o assunto. Esses princípios formam a base do que podemos usar para continuar nosso trabalho".

Medvedev disse que um acordo sobre o não-uso de força na zona de conflito deveria ser assinado por todas as partes do conflito sob as garantias da Rússia, União Européia e da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa.

Separatistas

Com o anúncio de apoio de Medvedev, os presidentes das regiões separatistas pró-russas da Abkházia e da Ossétia do Sul afirmaram estar determinados a se tornar independentes da Geórgia.

"A aspiração do povo da Ossétia do Sul à independência continua sem mudanças. Obteremos a independência em estrita conformidade com as regras do direito internacional", afirmou o presidente osseta, Edouard Kokoiti.

"No que diz respeito a nossa independência, nenhuma força vai nos deter. O objetivo será fixado e iremos até o fim juntos", acrescentou o presidente da Abkházia, Serguei Bagapch.

Rice

No plano diplomático, a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, chegou à França para demonstrar o apoio de Washington ao governo de Tbilisi em seu conflito com a Rússia pelas duas regiões separatistas georgianas.

Rice vai se reunir com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, que negociou pessoalmente um acordo de cessar-fogo entre os dois lados do conflito. Depois, ela segue para Tbilisi, onde se encontrará com o presidente georgiano, Mikhail Saakashvili.

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, havia pedido que as tropas russas saíssem do território georgiano, afirmando que Washington "apóia o governo democraticamente eleito da Geórgia", e "insiste que a soberania e a integridade territorial da Geórgia devem ser respeitadas".

Antes de embarcar, Rice afirmou que a rússia não sairá impune do conflito. "Não estamos em 1968. A Rússia não pode fazer o que quiser, invadir um país e sair impune", afirmou em coletiva transmitida pela rede CNN.

Rice fazia alusão a ocupação da antiga Tchecoslováquia pela União Soviética, em 20 de agosto de 1968. Tropas russas invadiram o país para sufocar um movimento reformista que tentava "humanizar o socialismo", em um episódio que entrou para a história como a "Primavera de Praga". No total, 72 pessoas foram mortas e 200 ficaram feridas.

Gori

Também nesta quinta-feira, ao menos 20 explosões foram ouvidas perto da cidade estratégica georgiana de Gori, no momento em que uma retirada de tropas russas da região parece ter falhado. Não foi possível determinar imediatamente se elas seriam um reinício dos confrontos entre as forças russas e georgianas, mas o barulho parecia similar ao de morteiros. Elas ocorreram após um tenso confronto entre as tropas dos dois países na periferia da cidade.

Mais cedo, a Geórgia disse que os russos estavam deixando Gori, mas depois alegou que eles estavam levando tropas adicionais para lá. Oficiais do governo georgiano que foram à cidade para a possível retomada da região deixaram o local de modo inesperado, seguidos por um confronto na periferia de Gori que terminou quando tanques russos se dirigiram ao local e a polícia georgiana saiu de maneira rápida. Folha Online


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