quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Lépido e fagueiro - Dantas diz estar "tranqüilo" para depoimento à CPI dos Grampos

Com a autorização da Justiça para permanecer calado durante depoimento à CPI das Escutas Clandestinas da Câmara, o banqueiro Daniel Dantas chegou no início desta tarde ao Congresso Nacional sem a disposição de comentar as acusações de seu suposto envolvimento em crimes descobertos pela Operação Satiagraha, da Polícia Federal.

Acompanhado do advogado, Dantas disse apenas estar "tranqüilo" para o depoimento. "Oi, tudo bem? Estou tranqüilo, não posso falar", disse o banqueiro cercado por jornalistas ao chegar à sala da CPI.

O banqueiro é acusado, com mais dois suspeitos - Hugo Chicaroni e Humberto Braz -, de corrupção ativa por suposta tentativa de subornar um delegado da Polícia Federal para livrá-lo de investigações da Operação Satiagraha.

A operação chegou a prender Dantas, o ex-prefeito Celso Pitta e o investidor Naji Nahas, entre outras pessoas. Mas eles foram soltos e vão responder ao processo em liberdade.

Além de detalhes da operação, os deputados querem saber de Dantas sobre seu suposto envolvimento em escutas clandestinas no país.

O ministro Joaquim Barbosa, do STF (Supremo Tribunal Federal), concedeu liminar nesta terça-feira autorizando o banqueiro a permanecer em silêncio durante o depoimento à comissão. Na decisão, Barbosa também determinou que Dantas não seja preso nem dê declarações que possam incriminá-lo. O ministro ainda autorizou que o banqueiro esteja acompanhado de um advogado.

A CPI aprovou requerimento para ouvir Dantas em julho, por unanimidade. Os deputados pretendem questionar o banqueiro sobre as acusações de que contratou a multinacional Kroll para monitorar autoridades, além de obter detalhes sobre a Operação Satiagraha.

Apesar do habeas corpus, integrantes da CPI avaliam que a presença de Dantas será "positiva" para esclarecer detalhes da operação da PF. A comissão considerou "normal" a concessão do habeas corpus, uma vez que Dantas não será obrigado a produzir provas contra si próprio no depoimento.

Planalto

Sob o comando do Palácio do Planalto, deputados da base aliada deverão atuar para evitar que Dantas revele informações que coloquem integrantes do governo em situação desconfortável  -como o chefe da gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho.

O assessor do presidente é acusado de vazar informações da Operação Satiagraha ao ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT).

Os deputados Gustavo Fruet (PSDB-PR) e Vanderlei Macris (PSDB-SP) ingressaram na semana passada com um requerimento de convocação de Carvalho à CPI depois que o delegado Protógenes Queiroz confirmou à comissão que ele está entre os investigados da operação.

Ontem, a CPI ouviu o juiz Fausto Martin De Sanctis, da 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo, que decretou a prisão de Dantas na Operação Satiagraha. Folha Online


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