Pesquisas apontam que Evo Morales deve continuar como presidente da Bolívia após referendo revogatório deste domingo
O governador de Cochabamba, Manfred Reyes Villa, da oposição, disse na noite deste domingo que não entregará o cargo, após perder o referendo revogatório realizado neste domingo, que considera ilegal.
Os bolivianos foram às urnas para decidir neste domingo, em um referendo inédito no país, a continuidade ou a revogação do presidente Evo Morales, do vice-presidente e de oito dos nove governadores departamentais.
"Legalmente, ainda sou o governador de Cochabamba. Vamos lutar esta batalha legal com toda força e energia", declarou Reyes Villa, que foi rejeitado por 61% dos eleitores, de acordo com a agência France Presse.
No mesmo referendo, Evo Morales foi confirmado no cargo por 63,1% dos votos, no referendo realizado neste domingo na Bolívia, revelou o canal de televisão ATB, baseado em projeções sobre as apurações. Já o canal PAT dá a vitória de Morales com 62% dos votos.
"Digo a Evo Morales que não deve comemorar porque o país acaba de ser quebrado em cinco departamentos (Estados) que falam não ao presidente", destacou Reyes Villa.
"Você (Morales) viola a Constituição que nós juramos cumprir".
Segundo a lei revogatória, Morales deverá agora nomear um governador interino para Cochabamba, onde está o Chapare, conhecida zona de plantio de coca e base eleitoral do presidente.
"Permaneço como governador de Cochabamba e seria um tremendo retrocesso voltarmos a ter um líder nomeado, e não eleito", afirmou o político.
Segundo o governador, Morales venceu na região graças à intimidação dos camponeses.
"Você (Morales) foi eleito para trabalhar pela Bolívia e não para dividir o país. Preocupa-me o país de amanhã, quando teremos regiões que não reconhecerão você".
No referendo deste domingo, os quatro governadores que fazem oposição declarada a Morales tiveram seus cargos confirmados.
Governadores
Os governador opositor do departamento de La Paz, José Luis Paredes, e o governista de Oruro, Alberto Aguilar, foram revogados no referendo, além de Villa segundo as pesquisas.
Os números das redes de TV ATB e PAT afirmam que Paredes foi revogado com uma porcentagem entre 55% e 60%.
Contra o governador regional pró-Morales Alberto Aguilar teriam votado entre 56% e 58% dos eleitores, informou a imprensa.
Segundo esses dois boletins, foram ratificados em seus cargos o governador opositor de Santa Cruz, Rubén Costas, com um respaldo de entre 71,2% e 79%, e seu aliado em Beni, Ernesto Suárez, com um apoio de entre 67,5% e 72%.
Além disso, o governador de Tarija, Mario Cossío, também opositor, teria conseguido um apoio de cerca de 65%, e o de Pando, Leopoldo Fernández, de oposição a Morales, sairia ratificado com votos favoráveis próximos a 60%.
Segundo as pesquisas, o líder regional governista de Potosí, Mario Virreira, teria conseguido um apoio de entre 75,6% e 77%.
"Sucesso"
Mais cedo, Morales havia qualificado o referendo como um 'sucesso'. Ele também elogiou o comportamento dos cidadãos. Apenas incidentes isolados foram registrados ao longo do dia.
Nas próximas horas, Morales deve se reunir com seus ministros em La Paz para avaliar os resultados de acordo com pesquisas de boca de urna.
A votação foi concluída por volta de 16h na hora local (17h no horário de Brasília). A exceção é a localidade amazônica de Yucumo, no departamento de Beni, onde o pleito continuará até a noite porque começou mais tarde, informaram fontes da CNE (Corte Nacional Eleitoral).
A CNE divulgará os resultados oficiais e definitivos do referendo dentro de sete ou dez dias, embora ainda esta noite já possam ser apresentados alguns dados parciais.
O órgão instalou 22 mil mesas eleitorais em todo o país e designou 132 mil cidadãos como juízes e cinco mil como mesários. Cerca de 300 observadores internacionais da OEA (Organização dos Estados Americanos) e Mercosul acompanharam o referendo.
Em um sindicato na cidade de Cochabamba, Morales disse estar surpreendido com a "participação democrática do povo boliviano" depois que, segundo ele, houve alguns que tentaram "semear conflito".
"Foi visto um sentimento do povo boliviano rumo à democracia e um sentimento de aprofundar este processo de mudança. A partir deste momento o voto do povo boliviano não é somente para escolher, mas também para revogar as autoridades", declarou Morales. France Presse
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