O deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Escutas Telefônicas Clandestinas, instalada pela Câmara dos Deputados, teria recebido apoio do inspetor Félix Tostes, que comandava uma milícia em Rio das Pedras, na região de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. A denúncia foi feita hoje (9) pelo pelo vereador Josinaldo Francisco da Cruz, o Nadinho, ao depor na CPI das Milícias, da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro.
Nadinho é suspeito de ser o chefe de uma milícia que atua no Rio da Pedras. Ele também é o principal acusado do assassinato do inspetor Félix, ocorrido em 22 de fevereiro do ano passado.
Itagiba foi secretário de Segurança Pública no governo de Rosinha Garotinho. Hoje, no depoimento, Nadinho informou que nunca houve, durante a gestão de Itagiba, ação alguma da polícia com o objetivo de conter a ação da milícia de Rio das Pedras.
O vereador disse ainda que a deputada federal Marina Magessi (PPS-RJ) e o ex-secretário de Segurança do Rio Álvaro Lins – que foi preso e teve o mandato cassado – também fizeram campanhas muito bem sucedidas na região de Rio das Pedras.
Logo após o depoimento de Nadinho, a CPI ouviu o depoimento do vereador Cristiano Girão (PMN), também suspeito de envolvimento com a milícia do bairro. Girão, de acordo com o presidente da CPI das Milícias, deputado Marcelo Freixo (P-SOL), também confirmou o apoio recebido pelos dois deputados federais no bairro Rio das Pedras.
Freixo informou que vai pedir a convocação dos dois deputados federais para prestarem depoimento à CPI das Milícias.
A deputada Marina Magessi, disse Freixo, entrou em contato com a CPI após o depoimento de Nadinho, pedindo para depor.
Freixo revelou que a CPI está levantando o mapa da votação de Magessi e Itagiba. “Ainda é cedo para dizer se há envolvimento dos dois deputados com milícias, mas precisamos investigar os indícios existentes. Por isso, queremos ouvi-los”, disse o presidente da CPI, que desistiu de apresentar um relatório preliminar sobre as investigações ainda neste mês.
“Vamos apresentar é o relatório final no dia 15 de novembro, até porque as informações que poderiam servir ao eleitor já foram divulgadas e muitas já foram confirmadas pelas ações realizadas pela Polícia Civil e Federal”, disse o deputado.
O relatório trará, além do mapa com as áreas dominadas pelas milícias no Rio de Janeiro, a lista de políticos que teriam se beneficiado com esses grupos. “Não vamos fazer só um mapa geográfico, faremos também o mapa político das milícias”, adiantou Freixo.
No depoimento de hoje, Nadinho confirmou a existência da milícia em Rio das Pedras, mas negou pertencer à organização."Não tenho exploração financeira nenhuma em Rio das Pedras. Minha declaração de imposto de renda está na internet e foi entregue à CPI. Qualquer pessoa, qualquer criança de 10 anos, se for a Rio das Pedras, sabe quem é da milícia, e que eu não sou."
O vereador disse ainda que se sente ameaçado de morte pela milícia. “E ele está mesmo correndo risco de morte. Sua casa já foi pichada, mas as ameaças podem ter a ver com a suspeita de que ele tenha matado o inspetor Félix”, assinalou Freixo. Agência Brasil
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