O presidente venezuelano, Hugo Chávez, apoiou o colega boliviano, Evo Morales, que declarou nesta quarta-feira "persona non grata" o embaixador dos EUA em La Paz, Philip Goldberg, acusando-o de promover junto à oposição os protestos contra seu governo, e pediu que ele retorne aos EUA "urgentemente".
"Sem medo de ninguém, sem medo do império. Hoje, diante de vocês, diante do povo boliviano, declaro o senhor Goldberg, embaixador dos EUA, 'persona non grata'", disse Morales em discurso durante um ato realizado no Palácio de Governo.
Chávez afirmou, algumas horas mais tarde, que o "império agressor e genocida" dos Estados Unidos aumentou sua conspiração contra a Bolívia com "o mesmo molde" que usou contra seu governo em 2002, quando foi derrubado durante dois dias.
"Da mesma forma que na Venezuela", as operações "contra a Bolívia são coordenadas pela embaixada dos Estados Unidos", afirmou Chávez em um ato militar transmitido em cadeia nacional obrigatória de rádio e televisão.
"A Bolívia resiste à agressão imperialista, de dentro e de fora", porque a oposição boliviana é que executa "as sabotagens que fazem parte da tentativa de acabar com o processo democrático" liderado por Evo Morales, afirmou.
Chávez disse que telefonaria para Morales "para buscar mais informações" sobre a questão, e repetiu que também na Venezuela "o império agressor e genocida pretende voltar a reaquecer o país, as ruas e lançar um golpe de Estado e matar o presidente".
"Temos certeza de que o mesmo acontecerá na Bolívia, que a Bolívia viverá e que a nova Bolívia triunfará", assegurou, e enviou "um abraço de solidariedade a Evo, ao povo e aos soldados da Bolívia".
"Que império genocida", afirmou Chávez, depois de lembrar um sem-fim de ações militares americanas no século passado e atual em diversas partes do mundo e de repetir que os Estados Unidos "são a maior ameaça do planeta hoje".
EUA respondem
O secretário de Estado adjunto dos EUA para a América Latina, Thomas Shannon, disse hoje também que o anúncio da expulsão do embaixador dos Estados Unidos na Bolívia é "lamentável".
Em declarações à agência Efe, Shannon disse que ainda estão sendo reunidas informação sobre este fato, mas, mesmo assim, considerou-o um "grande erro".
Shannon elogiou o trabalho do embaixador americano em La Paz, Philip Goldberg, e disse que sempre foi um "diplomata com um comportamento impecável".
Washington reagiu à notícia, qualificando de "infundadas" as acusações de Morales e destacando que não recebeu qualquer comunicado formal sobre a expulsão de Goldberg. Os Estados Unidos não foram informados pelos canais diplomáticos usuais da decisão de Morales de expulsar o embaixador americano, disse à imprensa Gordon Duguid, porta-voz do departamento de Estado.
"Estamos tentando confirmar" as informações da imprensa sobre este assunto, destacou, insistindo em que "as acusações contra Goldberg são infundadas". Folha Online
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