Em mais de quatro horas de depoimentos sigilosos à Comissão de Controle das Atividades de Inteligência do Congresso, os comandantes da Polícia Federal, Luiz Fernando Correa, do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Jorge Felix, e o ex-diretor geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) Paulo Lacerda não apresentaram à comissão o parecer do Exército sobre equipamentos comprados pela agência que supostamente teriam a capacidade de realizar grampos telefônicos.
Os representantes dos órgãos de inteligência prometeram encaminhar os resultados para análise dos parlamentares.
A Folha Online apurou que as autoridades evitaram falar sobre o laudo depois das versões contrárias apresentadas pelo ministro Nelson Jobim (Defesa) e Jorge Félix a respeito das maletas. Enquanto Jobim disse que os equipamentos têm capacidade de realizar escutas telefônicas, Félix negou que as máquinas tenham essa capacidade.
Diante da dupla versão, a determinação do governo foi tirar as maletas do foco da discussão para evitar desgastes a um dos ministros.
"No fundo foi isso que aconteceu. Eles alegam que não podem apresentar o laudo completamente porque há partes delas que devem ficar em sigilo", afirmou o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM).
Espião
Segundo o tucano, os depoimentos das autoridades de inteligência foram insuficientes para esclarecer a autoria dos grampos telefônicos contra ministros, parlamentares e o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes.
Virgílio disse que Felix, Correa e Lacerda negaram ter relações estreitas com o agente aposentado do SNI (Serviço Nacional de Informações) Francisco Ambrósio do Nascimento, acusado de coordenar as escutas telefônicas contra autoridades dos três Poderes.
Reportagem da revista "IstoÉ" afirma que Ambrósio teria uma sala no edifício da PF de onde teria coordenado, durante a Operação Satiagraha, o trabalho de grampear conversas telefônicas.
Segundo Virgílio, Correa disse que não mantém relações diretas com Ambrósio. "Ninguém conhece o Ambrósio. Ele não é da Abin, do doutor Luiz Fernando Correa diz que eles estão investigando. O deputado Laerte Bessa [PMDB-DF], que é policial, disse que ele tem péssima fama no meio policial. Essa reunião não é conclusiva, temos muito a saber sobre esse episódio", afirmou Virgílio.
O presidente da comissão, senador Heráclito Fortes (DEM-PI), disse que na sua opinião está claro o envolvimento de agentes da Abin com supostos grampos telefônicos sem autorização do comando da agência.
"Ninguém assume, mas o pessoal colaborou. Houve essa participação da Abin na Operação Satiagraha. Agora, eles têm que prestar esses esclarecimentos", disse.
Depoimentos
Heráclito disse que vai tentar marcar para esta semana o depoimento do Ambrósio, depois que a comissão aprovou o convite ao agente do SNI. O senador também prometeu colocar em votação na próxima reunião da comissão requerimento de convite a Jobim para que ele explique os equipamentos comprados pelo Exército que teriam poderes para realizar escutas telefônicas. Folha Online
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