As buscas frustradas ao líder terrorista Osama bin Laden desde o 11 de Setembro de 2001, levaram os Estados Unidos e o Paquistão a rever a estratégia que estão aplicando na "guerra ao terror" e abordar novas técnicas, informou uma matéria do jornal "Washington Post" nesta quarta-feira.
Segundo a reportagem, as Forças Armadas dos dois países - que atuam em conjunto no combate ao Talebã no Afeganistão - decidiram intensificar os ataques usando os aviões espiões não-tripulados modelo Predator.
O número de ataques a míssil realizados por aeronaves como essa no Paquistão mais do que triplicaram este ano e autoridades paquistanesas reportaram 11 ataques, contra apenas 3 em 2007. "Os ataques são parte de um novo esforço dos EUA para destruir o comando central da Al Qaeda, que teve início no ano passado e ganhou incentivo extra com a aproximação do fim do mandato do presidente George W. Bush, segundo oficiais americanos e paquistaneses envolvidos nas operações", afirmou o jornal.
Desde dezembro de 2001, quando o Exército dos EUA enfrentaram militantes do Talebã em Tora Bora (Afeganistão) e Bin Laden escapou da CIA (a agência de inteligência americana), as autoridades dos dois países não conseguiram rastrear o paradeiro do chefe da Al Qaeda.
Autoridades americanas e paquistanesas afirmaram ao "Washington Post" que agora eles estão concentrando suas buscas em uma lista de outros líderes da organização terrorista, que foram mais localizados recentemente, "na expectativa de que suas pegadas possam levar a Bin Laden".
No entanto, como a CIA e as forças especiais americanas não podem operar livremente no Paquistão, a busca por Bin Laden e seus comandantes está cada vez mais se dando por ar. Os aviões Predator, equipados com câmeras que transmitem vídeos ao vivo via satélite, lançaram mísseis contra quatro alvos apenas em agosto. Desde janeiro, os ataques aéreos foram responsáveis pelas mortes de dois importantes líderes da Al Qaeda, pelos quais eram oferecidas recompensas de US$ 5 milhões de dólares.
Os méritos da abordagem aérea, porém, também são alvo crescente de debate nos EUA e Paquistão, já que o número de mortes de civis tem crescido justamente em conseqüência desses ataques. "Aumentar os ataques e errar são coisas diferentes", disse ao jornal um membro do Exército paquistanês, que preferiu não ter sua identidade revelada.
Caça a Bin Laden
Bin Laden, 51, era um dos principais terroristas procurado pelo governo dos EUA desde 1998, quando ele anunciou uma fatwa pregando ataques contra americanos e liderou atentados em duas embaixadas dos EUA na África.
Líder da Al Qaeda, Osama bin Laden, autor dos atentados às torres do World Trade Center nos EUA em 11 de setembro de 2001
Sete anos depois dele ter arquitetado os ataques do 11 de Setembro, a inteligência americana acredita que Bin Laden use disfarces, esteja escondido na fronteira do Afeganistão com o Paquistão e evite o uso de aparelhos de comunicação que possam ajudar a rastrear sua localização.
O governo dos EUA oferece uma recompensa de US$ 25 milhões pela entrega de Bin Laden. No entanto, o chefe da Al Qaeda conta com apoio de líderes locais das regiões tribais fronteiriças do Afeganistão.
Seis dias depois de cerca de 3.000 pessoas terem morrido no 11 de Setembro, Bush prometeu capturar Osama bin Laden "vivo ou morto" e declarou "guerra mundial contra o terrorismo".
Outro grande obstáculo ao sucesso da Guerra no Afeganistão foi o início da Guerra no Iraque, em 2003. Com duas frentes de combate, os EUA tiveram de alocar recursos e reduziram sistematicamente sua presença no Afeganistão desde o início de 2002. Atualmente, 31 mil soldados americanos estão no país.
Batalhão extra
Nesta terça-feira, o presidente Bush anunciou sua última tacada estratégica para as tropas no Oriente Médio: a retirada gradual de 8.000 soldados do Iraque até fevereiro, de um total de 146 mil alocados no país, e uma brigada adicional de combate no Afeganistão.
Apesar de a violência no Iraque ter diminuído, a situação no Afeganistão se complicou gradualmente e o movimento talebã recobrou forças, principalmente no sul do país. De acordo com o anúncio de Bush, uma brigada que seria enviada ao Iraque em novembro mudará de destino e será deslocada ao Afeganistão, onde os EUA mantêm 31 mil homens atualmente.
"Os terroristas estão aumentando seus esforços na frente onde esta luta começou, a nação do Afeganistão", declarou Bush, que acrescentou que 'o sucesso no Afeganistão é básico para a segurança dos EUA e de nossos aliados'.
Os dois candidatos à Presidência dos Estados Unidos, o democrata Barack Obama e o republicano John McCain, criticaram nesta terça-feira (09) o plano do presidente americano, George W. Bush, de enviar um batalhão de reforço para a guerra no Afeganistão. Ambos consideraram a medida insuficiente.
"De acordo com o plano do presidente Bush, continuamos tendo quatro vezes mais soldados no Iraque do que no Afeganistão, e não possuímos um plano exaustivo para fazer frente à atuação da Al Qaeda no noroeste do Paquistão", destacou Obama.
O republicano McCain concordou e afirmou que são necessárias mais tropas no Afeganistão. Mas elogiou o anúncio de redução militar no Iraque, que segundo ele, "demonstra o sucesso de nossos esforços no país".
O aumento de soldados no Afeganistão será, de fato, pouco significativo. Dois batalhões americanos deixam o país em novembro e serão substituídos pela unidade extra que Bush citou em seu discurso, o que significa que o número de tropas no Afeganistão deverá, na realidade, se reduzir este ano. O envio do batalhão extra em janeiro irá representar um aumento líquido de tropas, mas de apenas 1.000 a 1.200 homens. Folha Online
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