Do blog Coturno Noturno
O sentimento não é somente brasileiro. A população da América Latina é a que menos confia na honestidade dos políticos, segundo a pesquisa “Voz do Povo”, do Gallup Internacional, realizada ao final de 2007, em 60 países. Entre os latino-americanos entrevistados, 77% dizem acreditar que os políticos são desonestos.
Os partidos políticos, então, segundo pesquisas da Transparência Internacional, são as instituições mais corruptas da sociedade. Entre o escore 1 para “menos corrupto”e 5 para “extremamente corrupto”, os partidos recebem nota 4. Entre os jovens brasileiros, mais de 70% não confiam no legislativo.
Daria para desfilar mais uma dúzia de dados, todos vergonhosos para qualquer político brasileiro. E poderia ser diferente, quando um deputado como Antônio Carlos Pannunzio, líder do PSDB na Câmara, afirma que “serão revelados os gastos com alimentação, mas não se foi com filé mignon, e também o total com vestuário, sem divulgar que foi com lingerie, por exemplo”, no mesmo momento em que o Supremo Tribunal Federal afirma que segurança nacional não se sobrepõe ao princípio constitucional da publicidade sobre o gasto público?
Se as manchetes dos jornais estampam que houve um acordo entre situação e oposição para blindar Lula e Fernando Henrique Cardoso, não revelando exatamente o que é grave, os gastos secretos, as mordomias, a farra com o dinheiro público, o que pode pensar o distinto público sobre os seus políticos? Os deputados e senadores, que só não são alvos de ovos podres pela índole pacífica do povo brasileiro, contribuem, assim, para o mais grave: o endeusamento de Luiz Inácio Lula da Silva, que, contrapondo-se aos políticos a quem compra abertamente com cargos e apoios, ostenta mais de 60% de aprovação popular.
Os políticos brasileiros continuam sendo a lata de lixo do Lula. E o pior de tudo: parece que gostam de andar cheirando mal por aí, fazendo acordos sem a menor legitimidade popular, pois para mais de 70% do povo brasileiro não passam de corruptos, aproveitadores, desonestos ou coisa pior. É lógico que a maioria não é. Mas não fazem o mínimo esforço para limpar a sujeira que jogam em cima deles, para recuperar a dignidade perdida, para honrar nomes, sobrenomes e biografias. Ao contrário: fazem questão de chafurdar na lama que, muitas vezes, não é deles, como no caso dos Cartões Corporativos.
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(*) Ucho Haddad Após décadas de jornalismo, a maior parte do tempo dedicado
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