quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Oposição reage com discursos diferentes a monopólio do PMDB e do PT na direção de CPI


Brasília - A oposição reagiu com discursos diferentes a tentativa do PMDB e do PT de monopolizar a presidência e a relatoria da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Cartões Corporativos.

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), defende que os parlamentares da oposição integrem a CPMI mesmo que os dois cargos fiquem com os governistas. O seu objetivo é tentar emplacar, de imediato, requerimentos "indigestos".

"Eu acho que, em qualquer circunstâncias, devemos estar na CPI e apresentar os requerimentos mais duros, mais indigestos, logo de cara, e testar para saber se a base governista está falando sério ou não quando se dizem dispostos a colaborar com as investigações", defende Virgílio.

Ele considera que se deve tentar abrir, logo no início dos trabalhos, os gastos da Presidência da República com cartões corporativos e a convocação dos ministros envolvidos.

O senador disse que não cabe a uma CPMI se limitar a investigar gastos com os cartões feitos por servidores públicos ou pela ex-ministra da Secretaria Especial de Políticas para a Promoção da Igualdade Racial Matilde Ribeiro.

O líder disse que somente no caso de resistência da base aliada ao governo na investigação dos gastos da Presidência da República e de ministros de Estado é que se admite conversas para se criar uma CPI exclusiva do Senado, com relatoria e presidência do PSDB e do DEM, para investigar o mesmo fato.

Já o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), pretende confirmar com o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), as indicações de Neuto de Conto (PMDB-SC) para a presidência da CPMI e do deputado Luiz Sergio (PT-RJ) para a relatoria.

Se o líder do governo ratificar as indicações, Agripino Maia defende o boicote da oposição à comissão e a imediata instalação de uma CPI exclusiva dos senadores.

"A tese que eu advogo é que se não tiver paridade nas indicações dos cargos a oposição nem participe. Não vamos participar de uma farsa", afirmou o líder do DEM.

José Agripino Maia espera que até o fim da próxima semana mais este impasse entre governistas e oposição seja resolvido.

O líder do PSB, Renato Casagrande (ES), adverte que o único caminho que resta à CPMI é a instalação e o início imediato das investigações. Quanto aos cargos, ele considera que o debate com a oposição começará agora.

"A indicação foi do PT e do PMDB, não houve uma indicação do governo. Foi uma indicação dos dois partidos, que têm as duas maiores bancadas [na Câmara e no Senado] e acham que têm o direito. A oposição reclama que tem o maior bloco no Senado. Vamos fazer o debate, acho que ele vai se acirrar até a semana que vem", disse.

Casagrande prevê que os trabalhos da comissão já começarão "num nível de debate intenso" por causa da briga pela presidência e relatória. "Não tem como deixar de ser polêmica, pelos próprios fatos que serão investigados”, acrescentou. (Agência Brasil)
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