domingo, 10 de fevereiro de 2008

Dissidência da CPMF pode virar bloco independente



Blog do Josias - 10/02/2008
Grupo pretende se reunir nesta semana, em Brasília
Se plano vingar, Lula terá novo problema no Senado


Os senadores que se insurgiram contra o governo em dezembro, ajudando a oposição a enterrar a CPMF, discutem a constituição de um “bloco independente” no Senado. Estima-se que o grupo pode somar de oito a dez votos. Um contingente que, num Senado de 81 cadeiras, funcionaria como fiel da balança nas votações mais relevantes.

Deflagrada no final do ano passado pelo senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), a articulação ganhou adesões durante o recesso parlamentar. Entre os senadores que compraram a idéia está Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE). “Acho que, se der certo, pode ser útil”, diz o ex-governador de Pernambuco, expoente do MDB autoproclamado “autêntico”. “Acho algo promissor, embora acompanhe o movimento com realismo.”

Outros cinco senadores, consultados por Mozarildo, toparam conversar: Mão Santa (PMDB-PI), Geraldo Mesquita (PMDB-AC), Romeu Tuma (PTB-SP), Expedito Júnior (PR-RO) e José Nery (PSOL-PA). “A idéia foi bem recebida por todos com os quais eu falei”, entusiasma-se Mozarildo, que, na política local de Roraima, é arquiinimigo do líder de Lula no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR).

Foram sete os insurretos da batalha da CPMF. Além dos já citados, o governo amargou a dissidência de César Borges (PR-BA), ainda não consultado acerca da idéia de constituição do “bloco independente”. O grupo acalenta, de resto, a perspectiva de adensar o movimento com nomes que, embora tenham dito “sim” ao imposto do cheque, não costumam alinhar-se automaticamente ao governo –Pedro Simon (PMDB-RS), por exemplo.

Não há no regimento interno do Senado previsão para o reconhecimento institucional de grupos com atuação acima dos partidos. Assim, os “independentes”, se conseguirem se entender, terão uma atuação informal, sem assento no colegiado de líderes. O eventual poder que venha a ter dependerá estritamente da unidade e do número de votos.

A idéia que Mozarildo expôs parte de um princípio básico: “Teríamos independência tanto em relação ao governo quanto à oposição”. Levará à reunião a proposta de fixação de uma pauta básica. Ele cita alguns itens: nada de aumento de impostos, rigor fiscal, aumento dos investimentos públicos, reforma política e eleitoral...

Embora cultive a perspectiva de que o bloco se constitua de fato, Jarbas Vasconcelos vai à reunião com um pé atrás. Torce o nariz para a denominação “independente”. Acha que, na política, só há dois lados possíveis: “Ou você é governo ou é oposição”. De resto, traz na memória um malogro do início da atual legislatura.

Ao chegar no Senado, Jarbas foi tomou parte de um movimento que visava abrir uma dissidência antigovernista no âmbito do PMDB. Aos pouquinhos, os peemedebistas que se dispunham a levantar a voz foram afinando o discurso. Almeida Lima (SE), um dos mais estridentes, aninhou-se à milícia do protogovernista Renan Calheiros. Joaquim Roriz (DF) teve o mandato passado na lâmina. Garibaldi Alves (RN), ex-adepto do “fim do mundo”, se compôs com Lula e virou sucessor de Renan.
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