segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Superintendentes da Infraero fazem abaixo-assinado contra demissão de Guadenzi


O Ministério da Defesa recebeu um abaixo-assinado de 64 superintendentes da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) contra a possível substituição do atual presidente da empresa, Sergio Gaudenzi, e de outros diretores.

“Pensar que poderemos voltar às disputas políticas noticiadas pelos meios de comunicação e à guerra de denúncias que presenciamos num passado recente é desalentador”, diz o documento obtido pela Agência Brasil.

No texto, endereçado ao ministro da Defesa, Nelson Jobim, há a ressalva de que a carta foi elaborada espontaneamente e reflete o pensamento de parte dos superintendentes da sede, das regionais e dos aeroportos. A Infraero tem 83 superintendentes, todos funcionários concursados. O Ministério da Defesa confirmou ter recebido o abaixo-assinado na última quarta-feira (20).

No abaixo-assinado, os superintendentes afirmam estar “extremamente preocupados” com as notícias divulgadas pela imprensa sobre a possível substituição de Gaudenzi. Nas últimas semanas circularam informações de que partidos da base aliada estariam pressionando o governo para ceder a presidência da empresa estatal.

Os servidores lembram no documento que devido à crise enfrentada pelo setor aéreo nos últimos dois anos, período em que foram registrados os dois maiores acidentes da história da aviação civil brasileira, tiveram de passar meses respondendo às críticas e denúncias contra a empresa e “e vendo as argüições implacáveis de colegas nossos e até a demissão de alguns”.

“Um dos diagnósticos largamente difundidos [durante a crise] foi que o uso político da Infraero contribuiu decisivamente para todo o escândalo que vivenciamos”, afirmam.

No documento, os superintendentes alegam que a crise serviu para fortalecer a tese de que os cargos de direção da empresa deveriam ser ocupados por gente com perfil técnico e defendem que a escolha de Gaudenzi e dos atuais diretores, “todos com experiência em atividades governamentais ou empresariais”, respondeu a uma demanda da sociedade e dos próprios servidores.

Gaudenzi é engenheiro civil, com especialização em Planejamento Urbano. Para assumir a presidência da Infraero, no início de agosto de 2007, em substituição ao brigadeiro José Carlos Pereira, Gaudenzi deixou o comando da Agência Espacial Brasileira (AEB).

Na ocasião, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, afirmou que a escolha de Gaudenzi para a Infraero era parte de um processo de mudanças com o objetivo de reunir na estatal “pessoas que não prometem competência, mas que mostrem competência”.

Os 64 superintendentes citaram a situação dos aeroportos durante os feriados do final de 2007 e no Carnaval, para afirmar que a crise aérea “passou e, de certa forma, foi suplantada por outros temas”. Eles admitem, no entanto, que ainda há muito o que fazer. “As medidas adotadas pela nova diretoria para dar solução às necessidades da infra-estrutura aeroportuária brasileira não são suficientes, mas apresentaram efeitos positivos nos períodos recentes de “rush aéreo”, diz o abaixo-assinado.

Os servidores dizem temer as possíveis conseqüências da descontinuidade administrativa e da troca semestral de dirigentes da empresa. “Trocar a diretoria agora é jogar fora seis meses de trabalho, o esforço de compreensão e de discussões a respeito de assuntos estratégicos para o país. Há o sentimento de que todo o esforço que vem sendo empreendido para a continuidade do desenvolvimento da infra-estrutura aeroportuária e a melhoria da imagem da empresa poderá tornar-se vão”.

Nelson Jobim nega substituição

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, negou na tarde de hoje que o presidente da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) será substituído. Em nota, o ministério diz que a saída de Gaudenzi é um boato.

“[Gaudenzi] Não está deixando a Infraero. Ele representa a tentativa de modernização da Infraero”, disse Jobim durante entrevista coletiva em São José dos Campos, onde proferiu a aula inaugural no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).

Jobim lembrou que quando assumiu o ministério, em julho de 2007, havia uma crise forte no setor de aviação, não só na Infraero, como na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). “Conseguimos depois de algum tempo, e com algumas dificuldades políticas, recompor a Anac, no final do ano, e estamos recompondo a Infraero”. Agência Brasil

Comentário: Em 13/02/2008 este blog, aproveitando gancho do Cláudio Humberto, informava que Sérgio Gaudenzi seria substituído por Lúcio Alcântara. Este último, que virou capacho do governo ao se filiar ao PRB, com certeza vai sentar na cadeira de um técnico competente, transformando novamente em caos os nossos aeroportos. Se os políticos já não fazem a parte deles em sua própria área, imaginem na seara alheia. Além do mais (ou do menos), tem dedo da Dilma nessa parada. Vou no popular: tão fritando o cara. Tais tôlo!
Share/Save/Bookmark

Nenhum comentário: