O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso negou hoje que tenha encontro marcado nos próximos dias com o presidente de honra do DEM, Jorge Bornhausen. Mesmo assim, eles devem começar rapidamente a articulação política entre o prefeito Gilberto Kassab, candidato à reeleição, com o PSDB para apoiar quem vai disputar o segundo turno contra a petista Marta Suplicy. "Bornhausen é um homem sério", afirmou. "Se o PSDB ganhar, vai nos apoiar. E ele sabe que, se o DEM ganhar, receberá o apoio do PSDB. Precisamos ver quem é o melhor candidato pensando na cidade e nos passos futuros do Brasil. Tem o PPS, tem os setores do PMDB com os quais nós temos que nos entender para preparar uma futura candidatura presidencial, e é preciso uma articulação muito forte."
FHC não admitiu que o PSDB tenha rachado nas eleições para prefeito deste ano em São Paulo, pois, segundo ele, uma parte do eleitorado tomou uma posição de apoiar o prefeito Gilberto Kassab. Para ele, o partido ficou ao lado de Geraldo Alckmin. "Eu sou partidário, votei no Geraldo e em um candidato a vereador do PSDB. O PSDB deve sair desta eleição razoavelmente bem", afirmou. "O PSDB não pecou. O povo é que escolheu porque o Kassab se apresentou bem. Vamos ver qual vai ser o resultado das urnas. Mas é preciso ter humildade, o candidato se faz." Perguntado se a máquina administrativa do Estado, dirigida pelo governador José Serra, que apoiou Kassab, interferiu na campanha de Alckmin para prefeito, FHC fez um comentário que causou risos em alguns jornalistas. "Eu estou longe da máquina."
FHC afirmou que Marta Suplicy perderá as eleições em São Paulo para o candidato que será apoiado pelo PSDB e pelo DEM. Ele frisou que não deve ocorrer transferência de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a candidata do PT, pois isso é um fenômeno que só ocorre em ocasiões extraordinárias. O ex-presidente reconheceu o atual nível de prestígio de Lula junto à população, mas foi irônico ao destacar qual deve ser o desempenho do PT nas maiores capitais do País.
Candidato para 2010
"No Rio, São Paulo e Belo Horizonte, o partido que está no governo federal não tem candidato, com exceção de São Paulo, onde acho que vai perder. A transferência de votos é uma ilusão. É muito excepcional. Essa eleição vai mostrar isso de novo", comentou. "O presidente Lula, embora tenha pessoalmente prestígio, ele tem biografia. Biografia não se transfere. Eu vejo até que o presidente Lula, com bom juízo, está concentrando seus esforços em São Bernardo. Parece que o PT está voltando a ser forte no ABC, dando espaço para os outros no Brasil. Tomara."
Questionado se o governador José Serra é o nome natural do partido para a sucessão do presidente Lula, FHC preferiu defender a união interna do PSDB. "Natural é o tempo. Às vezes chove, às vezes não. Em política a gente constrói. Ele (Serra) tem boa condição de construir uma candidatura, mas eu não posso deixar de reconhecer que o governador de Minas (Aécio Neves) também tem. Quando terminar essa eleição municipal é que nós vamos nos preparar para isso. Há uma coisa: o PSDB vai ter de estar unido. Essa é a pré-condição para a vitória."
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