A Comissão de Relações Exteriores da Câmara vai ouvir na próxima quarta-feira (3) o ex-padre Olivério Medina, representante das Farc (Forças Armadas Revolucionárias Colombianas) no Brasil. Medina aceitou convite da comissão para explicar, no Congresso, detalhes sobre o seu suposto vínculo com autoridades do governo brasileiro com o objetivo de aproximá-lo do movimento de guerrilha colombiano.
O requerimento com o convite para o depoimento de Medina foi aprovado na semana passada, mas somente nesta segunda-feira o ex-padre confirmou sua disposição em comparecer à comissão. O deputado Raul Jungmann (PPS-PE), autor do requerimento, disse esperar que Medina revele à comissão suas verdadeiras atividades políticas no Brasil - onde vive como refugiado político.
"O que eu peço no requerimento é que o Ministério da Defesa acelere a entrega de documentos enviados pela Colômbia ao Brasil. Vamos esperar que ele esclareça todas as suas relações com o governo brasileiro", disse Jungmann.
No início de agosto, a revista colombiana "Cambio" publicou reportagem de capa dizendo que a presença das Farc "chegou até as mais altas esferas" do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao PT, aos líderes políticos brasileiros e ao Poder Judiciário. Segundo a revista, a conclusão foi tirada de supostos e-mails encontrados no computador do ex-porta-voz internacional das Farc Raúl Reyes.
A revista afirma que, nos e-mails de Reyes, foram mencionados "cinco ministros, um procurador-geral, um assessor especial da Presidência, um vice-ministro, cinco deputados, um vereador e um juiz superior" brasileiros, acrescentou a revista.
A "Cambio" cita o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu, o ex-ministro de Ciência e Tecnologia Roberto Amaral, a deputada distrital petista Erika Kokay e o chefe de Gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho, como os citados pelo líder das Farc. Também seriam mencionados nesses e-mails o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, o assessor especial de Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, e o secretário de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi.
Garcia negou que o governo brasileiro tenha qualquer relação com as Farc. O assessor de Lula disse que Gilberto Carvalho apenas levantou informações sobre as condições de saúde de Medina, que vive como refugiado no Brasil, sem qualquer ligação com a organização.
Como Medina prometeu não se envolver em atividades políticas no país e cortar seus vínculos com a guerrilha colombiana para conseguir refúgio no Brasil, a Câmara quer esclarecer detalhes das suas atividades no país. Folha Online
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