sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Deputado petista é acusado de chefiar uma milícia, e estudo confirma ação político criminosa dos para-militares

Jorge Serrão

1_jorge_babu O Governo do Crime Organizado domina tudo mesmo. No Rio de Janeiro, entre janeiro 2006 e abril de 2008, foram registradas 1.549 denúncias de extorsão em áreas dominadas por milícias e mais de 500 acusações de homicídios. Os números da pesquisa “Seis por Meia Dúzia?”, um estudo coordenado pelo professor Ignácio Cano, confirmam a natureza violenta e o uso político desses grupos para-militares. O tipo de dominação que exercem é a negação da democracia.

Ontem, o Ministério Público do RJ denunciou à Justiça o deputado e policial civil licenciado Jorge Luiz Hauat, o Jorge Babu, o primeiro petista acusado de chefiar uma milícia. Junto com o político que instituiu o Dia de São Jorge no Rio de Janeiro, outros dez foram processados. Entre eles o tenente-coronel da PM Carlos Jorge Cunha. Babu não foi preso porque só pode ser detido em flagrante, por causa da “imunidade parlamentar”. A acusação é embasada em interceptações telefônicas, autorizadas pela Justiça, que subsidiaram inquérito da Corregedoria da Polícia Civil.

Já o estudo sobre as milícias revela que a intensidade do controle sobre a população, praticado por elas, é variável, dependendo de cada área. Em alguns lugares os milicianos atuam quase como um sistema de segurança privado, não interferindo na vida dos moradores de forma tão efetiva ou “desde que a ordem pública não seja ameaçada”. Mas algumas milícias restringem o direito de ir e vir dos moradores dos bairros onde se impuseram. Os moradores acabam impedidos de circular pelos “territórios” considerados inimigos. A pesquisa baseou-se em 248 matérias de jornais, 3.469 registros do Disque-Denúncia, além de 46 entrevistas com moradores de áreas onde as milícias atuam.

A CPI das Milícias na Assembléia Legislativa estima que existam hoje cerca de 150 milícias no estado do Rio de Janeiro. Quase sempre, seus integrantes podem ser identificados por um colete preto escrito “apoio”. No entanto, parte dos integrantes da milícia trabalha à paisana e se confunde com a população dos bairros. Em alguns bairros, os milicianos proibiram a população de usar roupas pretas, cor privativa dos integrantes do grupo.

A concentração é na cidade do Rio, mais especificamente na zona Oeste da cidade, ao longo da Avenida Brasil, da Linha Amarela e nas cidades mais desenvolvidas do interior do estado, principalmente do Sul Fluminense. A pesquisa abordou moradores de várias áreas, mas principalmente as que apresentaram maior número de denúncias contra a milícia no Disque-denúncia: Campo Grande, Anchieta, Canal do Anil (Jacarepaguá), Bangu, Campinho, Comendador Soares, Del Castilho, Guadalupe, Guaratiba, Itaguaí, Jacarepaguá, Paciência, Penha, Ramos, Santa Cruz, Sepetiba e Vila Kennedy. Blog Alerta Total


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