Um acordo fechado nos bastidores da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Escutas Telefônicas, na Câmara dos Deputados, deve esfriar o ritmo dos trabalhos da comissão, depois de uma leva de depoimentos com os principais personagens da Operação Satiagraha da Polícia Federal (PF). Segundo alguns integrantes da comissão, a ala governista estava preocupada com a politização da CPI e decidiu só aceitar a prorrogação dos trabalhos (aprovada nesta semana) caso não fosse votado mais nenhum requerimento polêmico.
O deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) explica que existe grande resistência em torno da votação de três requerimentos de convocação apresentados por ele: o do chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho, o do ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh e do ex-ministro Luiz Gushikein.
Segundo o relator da CPI, deputado Nelson Pellegrino (PT-BA), ao achar que a oposição queria expor o governo convocando pessoas ligadas ao presidente Lula, parlamentares da base decidiram apresentar requerimentos relacionados ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. "Foi aí que os deputados apresentaram uma série de requerimentos e só faltaram pedir a convocação do próprio Fernando Henrique", ironiza.
A partir daí, a CPI decidiu então que o relator fecharia uma pauta para os próximos dias com depoimentos menos polêmicos. Como na semana que vem, quando a CPI deverá ouvir o israelense Avner Shemesh, suposto responsável pela colocação dos grampos feitos pela Kroll, empresa que teria sido contratada pelo banqueiro Daniel Dantas.
Depois disso, a CPI deverá avaliar como será dada continuidade aos trabalhos. "Se tiver acordo, vamos levando com os depoimentos já votados e aprovados. Se não tiver acordo, e tiver quorum no Plenário, aí vamos pra votação", explica o relator.
O presidente da CPI, Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), explica que, apesar de integrar a base de apoio ao governo, ele não participaria de qualquer tipo de acordo. O deputado é contra a votação de requerimentos como o de convocação de Carvalho, mas diz que só não quer convocá-lo porque o tema está fora do foco das investigações.
"O PMDB é da base de apoio, mas eu sempre votei de acordo com a minha consciência. Não estou investigando a Satiagraha nem a ação criminosa dentro da operação. Só convocamos o delegado (da Polícia Federal) Protógenes e juiz Fausto de Sanctis porque queríamos saber informações sobre as interceptações telefônicas. Não acho que o Carvalho possa nos ajudar nesse sentido", disse. Redação Terra
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