A quadrilha montada na cúpula da Polícia Civil, durante seis anos, mudava, segundo a Polícia Federal, o rumo de investigações para beneficiar supostos aliados do candidato a deputado estadual, em 2006, Álvaro Lins. Para isso, o escolhido a resolver essas eventuais "pendências" para o grupo era o delegado Daniel Goulart, lotado na época, no gabinete do então chefe de Polícia Civil, o delegado Ricardo Hallak. Numa das interceptações telefônicas realizadas pela PF, com autorização judicial, Goulart consegue impedir o andamento de um inquérito de crime ambiental na fazenda, em Casimiro de Abreu, do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado José Nader e de seu filho, chamado na conversa de Rubão.
O pedido ao delegado Daniel Goulart foi feito no dia 4 de outubro de 2006 pelo inspetor Mário Franklin Mustrange, o Marinho, secretário particular e tesoureiro de campanha de Álvaro Lins. Marinho pede que o delegado telefone para o titular da 121 DP (Casimiro de Abreu), Jardiel Melo. "Me parece que ele invadiu lá a fazenda. Apreendeu máquina. Prendeu acho que funcionário. Não sei o que aconteceu não, entendeu? Meio, meio complicado, aonde ele (Jardiel Melo) vai ele arruma um problema pro chefe", comenta Marinho com Daniel Goulart. O Chefe no caso seria Álvaro Lins.
No mesmo telefonema, Marinho explica que Lins não gosta de "pedir essas coisas pelo rádio dele". Demonstrando, segundo os investigadores da PF, os cuidados do então candidato ao cargo de deputado estadual.
Delegado ajudou empresário
Nove minutos depois, o delegado Daniel Goulart liga para Marinho de volta já com a solução do caso. O "problema" começou ao meio-dia quando uma equipe do Batalhão Florestal descobriu o desmatamento de uma grande área (não se precisa o tamanho) da fazenda do filho de Nader, a quem Marinho e Daniel Goulart chamam de "Rubão". O local teria sido devastado para a plantação de palmito. Um trator que abria mais espaço na área de proteção foi apreendido e o seu motorista, preso. Todos levados para a delegacia de Casimiro de Abreu.
Na resposta a Marinho, às 18h13m, o delegado Daniel Goulart avisa que já conversou com o delegado Jardiel Melo e que o funcionário da fazenda prestará depoimento em outra ocasião: "Vai ouvir depois o cara. E... aí, a gente, a gente resolve", afirma Goulart num telefonema que dura pouco mais de um minuto. Marinho então pede para que Goulart avise ao então subchefe de Polícia Civil, o delegado José Renato Torres do Nascimento. Ele ficaria responsável por explicar a situação ao conselheiro José Nader.
Outros pedidos
Os delegados José Renato Torres e Jardiel Melo não foram encontrados para comentar o caso de liberação do funcionário do conselheiro José Nader. O EXTRA procurou ainda Nader, mas o celular estava desligado.
Os pedidos de Marinho, ao delegado Daniel Goulart eram constantes. De acordo com policiais federais, Goulart agia, em favor do grupo, sempre que fosse preciso prestar algum favor ou evitar que um possível colaborador fosse extorquido por outros policiais. Um dos casos aconteceu com uma equipe da Polinter que esteve no dia 27 de outubro de 2006 na empresa do ramo de combustível Pinheiro Paes, em Duque de Caxias.
A interceptação telefônica flagrou uma conversa em que Marinho pede ao delegado Goulart que interceda junto à Polinter. Ele tentava evitar uma nova extorsão. Extra Online
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