quarta-feira, 4 de junho de 2008

Ex-diretora da Anac faz denúncia contra Dilma Roussef e um amigo de Lula

Uma ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil acusa a ministra da Casa Civil. Dilma Roussef teria pressionado a agência a aprovar a venda da VarigLog

Uma ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil acusou hoje a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, de interferir na venda da Varig para favorecer um grupo interessado na compra. A denúncia publicada no jornal 'O Estado de São Paulo' também envolve um advogado que é amigo do presidente Lula.

Na edição desta quarta-feira do jornal 'O Estado de São Paulo', a ex-diretora da Anac acusa a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, de ter atuado para favorecer o grupo que comprou a Varig, que estava falida.

A compra foi feita pela VarigLog, do fundo de investimento americano Matlin Paterson e três sócios brasileiros: Marco Antonio Audi, Marcos Haftel e Luiz Gallo.
O negócio foi fechado por US$ 24 milhões em julho de 2006. Nove meses depois, o grupo repassou a Varig para a Gol, por US$ 320 milhões.

Hoje, em entrevista, Denise Abreu reafirmou o que havia dito ao jornal. Disse que, quando o fundo de investimentos se candidatou a comprar a Varig, ela exigiu documentos que comprovassem a origem dos recursos que os brasileiros pretendiam usar no negócio, já que a lei brasileira proíbe estrangeiros de terem mais de 20% do capital de companhias aéreas.

Denise Abreu disse que a ministra Dilma Roussef reclamou.

“Essas duas exigências foram contestadas sob a alegação de que Imposto de Renda no Brasil muitas pessoas sonegam. Não dá para saber se é compatível mesmo à sua capacidade financeira com o que consta no Imposto de Renda. A ministra Dilma disse”, disse Denise Abreu.

O advogado Roberto Teixeira, amigo e compadre do presidente Lula, representava o fundo de investimentos. Segundo Denise, Valeska, filha do advogado, circulava livremente pela Anac e fazia pressão psicológica.

"É uma pessoa que utiliza uma forma mais truculenta ao agir e, ao entrar na minha sala, disse que aquelas exigências eram descabidas, queeu tava criando problemas para que toda operacionalidade da transferência se desse, que era amiga do José Dirceu, que era amiga do presidente Lula e eu, com muita tranqüilidade disse que isso era muito bom para as relações pessoais dela, mas que não interferiria absolutamente em nada na nossa decisão", declarou Denise.

O empresário Marco Antônio Audi, um dos três brasileiros que compraram a Varig, disse ao jornal ‘O Estado de São Paulo’ que pagou US$ 5 milhões a Roberto Teixeira. E que a influência dele foi 100% decisiva para conseguir aprovar a compra da empresa aérea. Hoje, ele não quis dar entrevista.

Denise Abreu deixou o cargo de diretora da Agência Nacional de Aviação Civil em agosto de 2007. Ela renunciou pouco mais de um mês depois do acidente com um avião da TAM, em São Paulo, que matou 199 pessoas e em meio ao caos nos aeroportos do país. Chegou a depor na CPI do apagão aéreo, quando foi acusada de fazer lobby, defender os interesses da TAM.

Denise Abreu contou também que a ministra Dilma Roussef chegou a alertá-la que poderiam surgir acusações contra a diretora da Anac.

"A própria ministra Dilma disse que ela tinha denúncias de que nós estávamos divididos na diretoria e dois diretores então intermediariam os interesses da Gol e outros dois diretores, eu e o coronel Velloso faríamos então a intermediação dos interesses da TAM”, afirmou Denise.

O advogado Roberto Teixeira negou ter recebido os US$ 5 cinco milhões do empresário Marco Antonio Audi e rebateu as denúncias de Denise Abreu, fazendo uma série de acusações contra ela. O advogado afirmou que vários documentos que favoreciam a VarigLog sumiram quando estavam na Anac e que, por isso, entrou com um processo contra Denise Abreu.

O advogado também rebateu as acusações de tráfico de influêcia para favorecer o seu cliente, a VarigLog.

“A nossa atuação não foi de bastidores, ao contrário, foi judicial. Estou fazendo um desafio aos senhores, examinem, vão verificar o trabalho que nós tivemos ao longo desse tempo todo”, afirmou Roberto Teixeira.

Ao ser perguntado sobre sua relação com o presente Lula, Roberto Teixeira respondeu: “Deixa eu falar uma coisa. Essa pergunta é a pergunta que eu mais respondi ao longo da minha vida. Então, para que eu vou repetir a mesma coisa? Me desculpe, vamos nos ater ao fato daqui, mais nada”.

O fundo Matlin Patterson, que participou da compra da Varig, negou as acusações e declarou que em momento nenhum houve qualquer tipo de favorecimento ilegítimo. Portal G1
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