
"Eu não acredito que haja uma forma normal de servidores fazerem um caixa. Isso não pode ser regra no serviço público brasileiro. Os servidores públicos não podem achar que a legislação lhes faculta esse direito. Não há possibilidade de fazer poupança, uma caixa, uma reserva para eventuais gastos que foram extrapolados", criticou.
A senadora não colocou sob suspeita os recursos devolvidos por Silva, nem acusou o ministro de embolsar o dinheiro do caixa. Mas disse não estar de acordo que recursos devolvidos à pasta possam ser utilizados, posteriormente, para compensar outros gastos irregulares com os cartões.
Silva disse que, no episódio da compra de uma tapioca de R$ 8,30 com o seu cartão corporativo, o Ministério dos Esportes constatou a irregularidade em dezembro do ano passado, antes da notícia ser divulgada publicamente. Por este motivo, disse que já havia "recolhido" o valor à pasta.
A exemplo da tapioca, Silva disse que no caso da hospedagem de sua família em um hotel no Rio de Janeiro - paga com o cartão corporativo - o controle de gastos do ministério também computou que houve pagamento extra, por isso devolveu os recursos à pasta.
"Quando o controle interno do nosso ministério apurou a informação do custo da hospedagem com custos semelhantes em momentos que me estabeleci naquele hotel, o próprio controle interno identificou que ali exigiria um recolhimento porque houve valor adicional cobrado", justificou.
Elogios
A oposição elogiou a franqueza do ministro no depoimento à CPI. Deputados da oposição afirmaram que Silva foi transparente ao reconhecer que usou irregularmente o cartão e, posteriormente, na decisão de ressarcir os cofres públicos dos gastos indevidos. "Reconhecer um erro é tão nobre quanto acertar", disse o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP).
Apesar dos elogios ao ministro, o deputado Vic Pires (DEM-PA) ironizou a postura do governo federal em relação ao seu depoimento. "No seu lugar, ministro, eu mandava esse governo para o raio que o parta. O senhor está sendo fritado pelo governo. A ministra Dilma Rousseff [Casa Civil] está blindada. Trouxemos aqui o convite, a convocação, e todos do governo votaram não. [..] O governo deixou o senhor ser linchado. Por que o governo não fez com o senhor o que está fazendo com a ministra Dilma?", questionou Pires.
Depois da provocação do democrata, Silva disse que têm a "honra" de trabalhar no governo Lula, assim como vários brasileiros teriam a mesma satisfação.
O deputado Índio da Costa (DEM-RJ) chegou a bater boca com o relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ). Costa ironizou o deputado ao questionar se Silva o ajudou na formulação das perguntas apresentadas por Sérgio ao ministro. Irritado, o relator reagiu à ironia do deputado.
"Eu considero falta de respeito e provocação comigo. Isso é ofensivo. Não estou aqui para ninguém me ensinar e dizer o que posso ou devo fazer. Essa pergunta é ofensiva", enfatizou o relator. Folha On Line

Nenhum comentário:
Postar um comentário