sábado, 26 de abril de 2008

Mais libertações não são consideradas agora, diz líder das Farc

O guerrilheiro Ivan Márquez, dirigente das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), assegurou que "estão por enquanto enclausuradas" as possibilidades de continuar com a libertação de reféns.

"O assassinato de Raúl (Reyes) destruiu a estrutura de negociação construída pelo presidente (da Venezuela) Hugo Chávez e a senadora (colombiana) Piedad Córdoba. Eles alcançaram coisas impensáveis até há muito pouco, resultados encorajadores como a libertação de cinco congressistas", assinalou Márquez, em entrevista publicada hoje pelo jornal argentino "Perfil".

No dia 1º de março tropas colombianas realizaram uma incursão militar contra um acampamento das Farc em território equatoriano, situado a menos de dois quilômetros da fronteira, onde morreram 26 pessoas, entre elas "Raúl Reyes", porta-voz internacional da organização rebelde.

"Foi um golpe muito forte para as Farc. Tratava-se de um comandante muito valioso, que caiu buscando os caminhos para uma solução política da situação dos prisioneiros. A troca é imprescindível para abrir as portas da paz na Colômbia", manifestou Márquez, durante a reportagem realizada nesse país pelo líder do Partido Comunista argentino, Patrício Echegaray.

"Nosso objetivo estratégico fundamental é a paz, e se pegamos em armas é pela paz deste país", considerou Ivan Márquez (Luciano Marín Arango).

O guerrilheiro também qualificou como "muito valente" a atitude de Yolanda Pulecio, mãe da ex-candidata presidencial franco-colombiana Ingrid Betancourt, seqüestrada pelas Farc desde 2002.

"Acho que o expressado ultimamente surge dessa amargura de encontrar sempre ouvidos surdos no presidente (da Colômbia, Álvaro) Uribe. Ela vê em Hugo Chávez a única esperança e tem razão", sustentou em referência às críticas que Pulecio tem feito pela "falta de interesse" de Uribe para libertação de reféns.

Neste sentido, o dirigente guerrilheiro afirmou que para retomar a troca humanitária "sobra apenas a via da desmilitarização, por 45 dias, de Pradera e Florida, dois municípios (colombianos)", uma reivindicação feita pelas Farc "há mais de três anos".

Ivan Márquez disse que uma vez verificada a desmilitarização, os porta-vozes da guerrilha fechariam um acordo com o Governo para os termos da troca em território colombiano.

"Assim que recebermos os guerrilheiros presos, entregaremos também as pessoas que estão conosco", indicou.

O guerrilheiro insistiu que as Farc pretendem "tirar da prisão cerca de 500 guerrilheiros", mas o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, "colocou uma quantidade de condições impossíveis".

"Uribe não se importa com o pedido humanitário dos familiares dos prisioneiros. Embora Uribe seja obrigado a realizar ações para preservar a vida destas pessoas, ele não move um dedo. Pelo contrário, todos os dias dá ordens a seus generais para que tentem um resgate com ações militares. É uma atitude irresponsável", assinalou.

Além disso, advertiu que no "caso de um desenlace fatal dos eventos, o presidente Uribe e o Estado da Colômbia serão os responsáveis".

Ivan Márquez desmentiu que as Farc tenham recebido armas e dólares da Venezuela e também sustentou que a guerrilha não teve "nenhum contato" com o avião médico enviado à Colômbia pelo Governo francês.

O guerrilheiro assegurou que em janeiro passado indicaram ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha que a proposta do avião médico "era inviável devido aos riscos militares que o grupo teria ao conceder coordenadas do local onde estão".

"A nós nos interessa preservar a vida de nossos prisioneiros de guerra. Os médicos guerrilheiros dão o melhor atendimento possível para nossos prisioneiros", afirmou. Agência EFE
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