terça-feira, 11 de março de 2008

Invasão a imóvel de ACM teve herança como motivo

A disputa judicial entre os familiares do senador Antonio Carlos Magalhães, que morreu em julho, pela herança foi o motivo da invasão, autorizada pela Justiça, do apartamento em que ele morava, no bairro da Graça, em Salvador. Munidos de uma autorização dada pela juíza auxiliar da 14ª Vara da Família da capital baiana, Fabiana Andréa Almeida Oliveira Pellegrino - mulher do deputado Nelson Pellegrino (PT-BA) -, a pedido da filha de ACM Tereza Mata Pires e do marido dela, o proprietário da Construtora OAS, César Mata Pires, um grupo de nove policiais militares (três deles oficiais), dois oficiais de Justiça e quatro advogados da OAS invadiu hoje a residência. O objetivo: fazer o levantamento dos bens deixados pelo senador no imóvel.

A viúva de ACM, Arlette Magalhães, de 78 anos, ainda residente no apartamento, não estava no local no momento em que o grupo chegou. Os oficiais de Justiça, então, usaram os serviços de dois chaveiros para abrir as portas. O grupo passou quase sete horas no local, catalogando os objetos encontrados - o senador era conhecido admirador de arte, em especial barroca, e tinha dezenas de santos e objetos em prata na casa, por exemplo.

O grupo deixou o apartamento duplex, no 17º andar do edifício, sem comentar a operação, alegando que a disputa corre em segredo de Justiça. O casal Mata Pires tampouco se pronunciou sobre o ocorrido. Arlette foi para a casa do outro filho de ACM, o senador Antonio Carlos Magalhães Júnior (DEM-BA).

Em Brasília, ACM Júnior, que assumiu a vaga no Senado por ser suplente do pai, reagiu com revolta à invasão. Em comunicado, disse que a família "repele o ato brutal e violento que foi cometido" e que "todas as medidas legais serão tomadas". "O agravante é que a ação de funcionários do Estado da Bahia e da Justiça recebeu o apoio logístico da Construtora OAS, cujo proprietário é parte interessada no processo", disse o comunicado. "Veículos pertencentes a César Mata Pires transportaram oficiais de Justiça e um motorista do empresário foi comprar lanches no Mac Donalds para os militares."

Morte

A disputa entre ACM Júnior e o casal Mata Pires teve início logo após a morte do senador e está diretamente relacionada com o controle da TV Bahia, a retransmissora da Rede Globo de Televisão no Estado, carro-chefe do império de comunicação montado por ACM. Até julho, Mata Pires respondia pela rede televisiva, com o aval do cacique político. Depois da morte, porém, foi afastado do posto pelos demais herdeiros - no caso, além de ACM Júnior, os filhos do deputado Luís Eduardo Magalhães, filho de ACM que morreu em 1998.


Deputado Nelson Pellegrino (PT/BA)

"O que era um problema empresarial, virou pessoal e agora está virando político", explica ACM Júnior, numa referência ao fato de a juíza que autorizou a invasão ser mulher de um deputado de oposição ao DEM no Estado. Nelson Pellegrino respondeu com indignação. "Não tenho interferência sobre o trabalho de minha esposa." Andréia não foi encontrada para comentar o caso. Agência Estado
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