"Se tivermos que suspender tudo que tiver origem em emendas parlamentares, teremos que suspender todas as obras do Calha Norte", disse, referindo-se à cobertura das fronteiras da Amazônia pelas Forças Armadas. Segundo Jobim, a obra no morro carioca tem um "sentido social efetivo". "Essa obra foi efetivamente patrocinada, no início, pelo senador Crivella, mas a obra tem um sentido social."
De acordo com ele, a retirada das tropas foi motivada unicamente pela determinação da Justiça Eleitoral Federal de suspender as obras. "Considerando que não havia mais nada a ser garantido, já que a garantia era de pessoas, retiramos as tropas", afirmou.
O ministro voltou a dizer que, além de legal, é função do Exército auxiliar em obras civis. "Em nada se fala mais a respeito da legalidade ou não da presença do Exército em situações assim. O Supremo Tribunal Federal assegura a presença, o juiz federal já assegurou a chamada 'segurança orgânica'. Não há o que se discutir aqui. O Exército não tem nada ver com a exploração da obra para fins eleitorais."
A empresa terceirizada informou que interromperá amanhã os trabalhos. Nos últimos dias, a obra seguiu porque a comunidade angariou fundos para a continuidade. De acordo com Jobim, líderes comunitários procuraram o ministério para pedir a continuação dos trabalhos e solicitaram, inclusive, a presença do Exército. Jobim disse que a primeira fase da obra será retomada assim que a Justiça determinar. A segunda fase, porém, só seria retomada após as eleições de outubro.
Em 14 de junho, três jovens do morro da Providência foram assassinados depois de terem sido entregues por militares a traficantes. Parlamentares questionam a presença de tropas do Exército no local, onde há obras do projeto Cimento Social - que recebeu R$ 12 milhões do Ministério das Cidades por meio de emenda de Crivella. Os militares estariam dando segurança aos trabalhadores do projeto.
Na semana passada, a Justiça Federal determinou a retirada dos militares do morro. O governo federal recorreu e conseguiu que a Justiça mantivesse as tropas na rua das obras. Na terça-feira, porém, a Justiça Eleitoral determinou a paralisação das obras, alegando caráter eleitoral no projeto. Com isso, o ministro Nelson Jobim anunciou que o Exército também deixaria o morro.
Na audiência, que ocorre em reunião das comissões de Direitos Humanos e Minorias; de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado; e de Relações Exteriores e Defesa Nacional, Jobim também relatou os depoimentos de militares no inquérito civil e disse que não houve grandes divergências entre eles. Agência Câmara

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