A Polícia Federal negou nesta quinta-feira que vai divulgar trechos do áudio da gravação do encontro da cúpula da direção geral PF na última segunda-feira, em São Paulo, com os delegados afastados da Operação Satiagraha - Protógenes Queiroz, Karina Murakami Souza e Carlos Eduardo Pelegrini Magro.
O Palácio do Planalto também nega conhecer a suposta ordem para a divulgação do diálogo, que teria partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante uma reunião hoje entre o petista, o ministro da Justiça, Tarso Genro, e o diretor-interino da Polícia Federal, Romero Menezes.
A reunião de hoje foi convocada extra-agenda oficial do presidente e ocorreu no momento em que o presidente pressiona para que o delegado Protógenes Queiroz continue no comando da operação.
A PF argumenta que o áudio não pode ser disponibilizado pelo fato de a reunião de segunda-feira se tratar de um encontro interno do órgão com informações sigilosas. Segundo a assessoria da Polícia Federal, não houve determinação do presidente Lula para a divulgação do diálogo e o assunto não foi discutido na reunião desta manhã.
Lula conversou hoje com Tarso e Romero por cerca de uma hora no Palácio do Planalto. Romero substitui o diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, que está em férias. O delegado é o segundo na hierarquia da polícia e conhece bem alguns dos citados nas investigações da Satiagraha, pois ele coordenou a Operação Chacal, na qual se investigou a denúncia de espionagem relativa ao banqueiro Daniel Dantas.
Ontem, o presidente cobrou de Protógenes que permaneça na Operação Satiagraha e explique publicamente as insinuações de que foi pressionado a deixar a ação policial. Segundo o presidente, o delegado tem obrigação moral de continuar no caso.
"Moralmente esse cidadão [Protógenes] tem de continuar no caso até terminar esse relatório e entregar ao Ministério Público. A não ser que ele não queira. O que não pode é passar insinuações", afirmou Lula, após cerimônia no Palácio do Planalto. "Vender a idéia de que foi afastado é no mínimo de má fé. Não sei se ele falou ou não. Eu li isso hoje", afirmou.
Aos amigos, Protógenes afirmou ter se sentido esvaziado depois que Paulo Lacerda, ex-diretor da PF, deixou a polícia para assumir a Abin (Agência Brasileira de Inteligência). Reportagem publicada hoje pela Folha mostra que a saída de Protógenes provocou um racha na Polícia Federal.
Há delegados que criticam Corrêa, por ter censurado Protógenes e defendem algum tipo de punição ao presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, pelas ofensas à instituição.
Já entre os agentes da PF a impressão é que o afastamento de Protógenes foi positiva. Contrariados, alguns policiais federais analisam a possibilidade de fazer um protesto - inclusive até mesmo contra a cúpula da própria PF. Folha Online
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