terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Florianópolis: A arena rejeitada

altPedra fundamental da Arena Jurerê em Florianópolis: Herança nefasta que a politicagem nos deixa

Moacir Pereira

No dia 16 de novembro de 2009 registrou-se uma grande festa no governo do Estado e na prefeitura de Florianópolis. Governador Luiz Henrique, prefeito Dário Berger e secretário regional Valter Gallina mandaram estourar foguetes. Estava sendo assinada a ordem de serviço para construção da Arena Multiuso de Florianópolis, no gigantesco espaço do Sapiens Parque, em Canasvieiras, norte da Ilha de Santa Catarina.

A Construtora Viseu, de Joinville, venceu a licitação. Tinha prazo de 540 dias para concluir a obra, que custaria R$ 26,8 milhões. A Caixa Econômica Federal, parceira do magno empreendimento, entraria com R$ 7 milhões.

Passaram-se 13 dos 18 meses contratuais e o cenário é desolador. Lá estão os pré-moldados da Cassol já no segundo piso. Mas a área principal só tem fundações e ferros grossos de ponta para cima, já com a proteção de lona deteriorada pelo tempo. Placas gigantescas foram colocadas junto ao trevo de Canasvieiras, dando mais visibilidade à propaganda. Tinha objetivo eleitoral.

altValter Gallina deixou a Secretaria para concorrer à Assembleia Legislativa. Luiz Henrique entregou o governo para concorrer ao Senado. E Dário Berger tem uma agenda sem espaços para anotar mais problemas.

Com a chegada da temporada e o esqueleto desnudando a irresponsabilidade e a total falta de planejamento, vieram os pertinentes questionamentos dos contribuintes. E, com eles, manifestações de perplexidade de quem entende de centros de convenções e de mobilidade urbana.

Primeiro absurdo: a Arena está sendo construída ao lado da SC-401, sem distância e espaços para entrada de veículos. Não há indicações para o gigantesco estacionamento que seus eventos irão exigir. Segundo: será uma Arena para competições esportivas. Não para convenções, feiras, congressos e atividades afins para incrementar o turismo na Capital.

Rejeição

Vejam por que os alemães são diferentes. A Vila Germânica, projeto bonito, arquitetura arrojada, seguro, espaçoso, inserido no contexto de Blumenau para servir à população, ao turismo e a todos os eventos, tem área de 26 mil metros quadrados. Custou R$ 14 milhões. Foi construída em apenas seis meses. A Arena de Florianópolis é bem menor, terá uso restrito, custará mais do que o dobro e não ficará pronta no prazo. Se ficar!

O secretário de Turismo, Cultura e Esporte, Cesar Souza Junior, esteve reunido ontem com dirigentes da Caixa Econômica Federal. Não quer perder os R$ 7 milhões destinados à Arena de Florianópolis. Teve surpresas. A Caixa Econômica não liberou um único real porque a licitação realizada pela Secretaria de Desenvolvimento Regional não respeitava as normas da instituição. A quantia milionária pode ser devolvida a Brasília. O secretário está tentando uma solução emergencial: repactuação do contrato com a empreiteira de Joinville ou cancelamento da concorrência pública.

O empresário Dilvo Tirloni, ex-presidente da Associação Empresarial de Florianópolis e conselheiro do Sapiens Parque, participou de longas reuniões e muitos debates sobre a Arena do norte da Ilha. A comunidade, os empresários e o trade turístico queriam uma obra que contemplasse convenções, eventos esportivos, ambiente cultural, anfiteatro, cafés, espaço para feiras e congressos e teatro. O dinheiro da Caixa era para esta múltipla finalidade. Tirloni Desabafa: “Qual não foi nossa surpresa quando surgiu de repente aquele monstrengo. Houve perplexidade de vários líderes, sem possibilidade de intervir”. A licitação foi da Secretaria Regional, mas o projeto foi elaborado pela prefeitura de Florianópolis.

Tirloni dispara: “Cabe ao secretário de Turismo colocar abaixo o monstrengo que a sociedade não pediu nem aprovou”. Diário Catarinense

Foto principal: Daniel Guilhamet


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