terça-feira, 28 de julho de 2009

Opinião do Estadão: Situação insustentável

Sarney, que para Lula não é uma pessoa comum, transformou o Senado no pior puteiro do Brasil. Relho nele!

O senador José Sarney transformou-se em um fardo para um número crescente de colegas - a começar da bancada do PT. A ampla divulgação das fitas em que se ouve o presidente do Senado tratando com o filho da nomeação do namorado da neta para uma vaga de assessor parlamentar, consumada por ato secreto, agravou o desconforto dos senadores petistas com a exigência do presidente Lula para imitá-lo no apoio ao oligarca cercado de denúncias por todos os lados. No começo do mês, chamados à ordem por Lula, eles passaram pelo constrangimento de recuar da decisão de pedir que Sarney se licenciasse do comando da Casa pelo tempo que durassem as investigações sobre os escândalos destampados na instituição. Silenciaram, enquanto Lula reincidia nas suas especiosas declarações em favor do aliado de quem já dissera que não era "uma pessoa comum", o que presumivelmente deveria absolvê-lo.

Mas o flagrante do envolvimento de Sarney no episódio do namorado da neta, exposto na semana passada pelo Estado, abriu uma fratura entre o presidente e os senadores de seu partido. São os respectivos interesses que passaram a se contrapor. Lula, como se sabe, considera Sarney essencial para a CPI da Petrobrás não desandar; para o governo ver aprovados os seus principais projetos neste que é efetivamente o último ano útil do seu mandato, na esfera legislativa; e, sobretudo, para garantir a adesão do PMDB à candidatura Dilma Rousseff em 2010.

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