domingo, 10 de julho de 2011

Empresa afirma que Petrobrás sabia de acordo para fraudar licitação milionária

Direção da Seebla diz ter denunciado em maio, à estatal, irregularidades da empresa do senador Eunício de Oliveira, a Manchester, que fraudou concorrência de R$ 300 milhões; oposição pede apuração do caso ao MP e ao TCU

Leandro Colon – O Estadão de S. Paulo

A direção da Seebla Engenharia afirmou neste domingo, 10, ao Estado que a Petrobrás sabe desde o dia 11 de maio do assédio da empresa Manchester Serviços Ltda. para fazer um acordo numa licitação de R$ 300 milhões na Bacia de Campos, região de exploração do pré-sal no Rio de Janeiro. A Manchester pertence ao senador Eunício Oliveira (PMDB-CE).

De acordo com a Seebla, o episódio foi relatado à ouvidoria da Petrobrás. O número de protocolo da denúncia, segundo a empresa, é 03.730. Além da denúncia oficial, a empresa também diz que relatou o episódio ao gerente executivo da Petrobrás, José Antonio Figueiredo.

Neste domingo, 10, o Estado revelou que a Manchester, com o intuito de fraudar a licitação, soube com antecedência da relação de concorrentes. O contrato de R$ 300 milhões deve substituir os serviços emergenciais que já renderam R$ 57 milhões sem licitação para a empresa do senador. De posse dos nomes dos concorrentes, a Manchester procurou empresas para fazer acordo e ganhar o contrato. Uma das visitadas pela direção da Manchester foi a própria Seebla, conforme mostram os registros do prédio dessa empresa em São Paulo.

Em resposta ao Estado na sexta-feira, a Petrobrás afirmou que "desconhece" qualquer conversa entre concorrentes antes da licitação. O diretor da ouvidoria da Seebla, Milton Rodrigues Júnior, disse ontem que relatou à Petrobrás "chantagem" e "ameaça de retaliação" pela Manchester antes da licitação, ocorrida no dia 31 de março. O relato ocorreu em 11 de maio, 12 dias depois de a comissão de licitação declarar a proposta da Manchester em primeiro lugar com um valor R$ 64 milhões a mais do que a oferta da Seebla.

Segundo Rodrigues, haverá uma reunião amanhã com a ouvidoria da estatal no Rio para que sejam fornecidos mais detalhes do episódio. No encontro, segundo ele, a Seebla deve informar que tipo de acerto foi oferecido pela empresa de Eunício Oliveira antes da concorrência. Uma proposta que, de acordo com a Seebla, envolveria repasse de porcentuais do contrato que a Manchester fecharia com a Petrobrás. Documentos neste sentido devem ser entregues à estatal.

O senador e a Petrobrás divulgaram notas negando irregularidades no processo.

Veja também:
Senador e estatal negam que haja fraude em licitações
Oposição pedirá investigação da PF sobre contratos da Petrobrás com senador do PMDB
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Concorrência é em área de apadrinhado de Dirceu
Estatal diz que não sabe de acerto; Eunício silencia
'A Seebla não procura nenhum concorrente'

Foto original: Beto Barata/AE


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Um comentário:

Anônimo disse...

E o caso do Instituto Vias ? Envolvido o ex-presidente do Ciasc Hugo C. Hoeschl.
TCU manda Instituto Florianópolis devolver R$ 38 milhões aos cofres públicos.
O Tribunal de Contas da União, por meio de edital publicado no dia 13 de junho, notificou o Instituto Virtual de Estudos Avançados _ Instituto Vias, de Florianópolis, e seus representantes legais Ricardo Miranda Barcia, Edis Mafra Lapolli e Hugo César Hoeschl, ex-presidente do CIASC, juntamente com os servidores do Ministério da Previdência Social Antônio Cesar Bassoli e Liêda Amaral a devolverem aos cofres públicos o valor de R$ 38.406.890,69. (trinta e oito vírgula quatro milhões de reais) a título de rescisão indenizatória calculada em valores atuais.
Fonte: http://wp.clicrbs.com.br/visor/2011/06/30/tcu-manda-instituto-florianopolis-devolver-r-38-milhoes-aos-cofres-publicos/?topo=67,