Chiarelli: 'Traficante, hoje, eu vi pelo menos uns 200 aqui em Brasília fazendo lobby para aprovar o bingo. E vão aprovar'
Num dos documentos que deixaram de ser confidenciais graças ao WikiLeaks, o embaixador americano Clifford Sobel faz uma constatação: “O presidente Lula falhou na promoção de reformas para abolir a cultura política de corrupção, clientelismo e espoliação”. A sorte de Lula é que o telegrama foi expedido em 2008, antes das bandalheiras de 2009, da campanha eleitoral de 2010, da performance do companheiro Gim Argello como relator do Orçamento, da montagem do ministério de Dilma Rousseff e de outros surtos de “corrupção, clientelismo e espoliação”.
Um deles, patrocinado pelas quadrilhas que exploram o bingo, conseguiu espantar até gente que já não se espanta com nada. “A corrupção está rolando solta aqui!”, exclamou na tribuna da Câmara, também nesta quinta-feira, o deputado federal Fernando Chiarelli, perplexo com a aprovação na véspera, por 258 parlamentares, da votação em regime de urgência do projeto que libera a jogatina. “Traficante, hoje, eu vi pelo menos uns 200 rodando aqui em Brasília. Eles não estão nos morros do Rio, não. Estão aqui, fazendo lobby para aprovar o bingo. E vão aprovar”.
Se testemunhasse tais fatos, Sobel saberia que Lula não falhou em nada. Ele nunca tentou abolir essas delinquências incorporadas ao que o embaixador chamou de “cultura política”. O que fez o presidente foi aperfeiçoar práticas obscenas de que é o principal beneficiário e institucionalizar a impunidade dos bandidos de estimação. O legado de Lula inclui o perturbador avanço do processo de decomposição moral do Brasil.

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