quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Sérgio Cabral chama menino de “otário e sacana” e Lula se preocupa com “prejuízo político”

A cena acima é o retrato de como o governador do Rio de Janeiro trata o povo da periferia, a coices e ofensas de quinta categoria, o que justifica sua política de segurança belicosa e atabalhoada. E do lado, Lula preocupado com as repercussões políticas. Lamentável! Esse menino (de nome Leandro) merecia um curso de jornalismo e um estágio na área, porque atuando como atuou, ele já ensinou boa parte da imprensa, lotada de repórteres bajuladores, que com a verdade não se brinca.

O jovem fez questões pertinentes, denunciou o que acontece em quase todos os centros esportivos de periferia: o abandono. O povo fica impossibilitado de usar os espaços ou porque eles ficam fechados ou porque marginais tomam conta destes lugares (marginais que viram objeto de estudo e admiração de antropólogo rastaquera!)

Ao ser interpelado sobre a questão da quadra (de tênis) ficar fechada e o povo não poder usar a piscina, Lula mandou um aliado colocar guardas no centro esportivo, porque, caso a imprensa filmasse o lugar fechado, daria prejuízo político. Ora, presidente, por que não se cala? A quadra aberta é um direito da população. O que tinha que ter nestes centros é planejamento e uma administração que proporcionasse segurança e formação esportiva para as crianças.

Quando Lula falou dos seguranças – para inglês ver e o prejuízo político não bater à porta – o garoto foi genial: “Já me basta o Caveirão todo dia na minha porta!". Daí o governador bradou suas pérolas preconceituosas de que na rua do garoto havia tráfico. Ora, como ele sabe?

A questão é simples. O governador Sérgio Cabral é daquele tipo de energúmeno que acha que todo bairro pobre é infestado de bandido. Mais adiante o governador, mostrando o seu baixo nível e o seu preconceito lorpa, disse que o garoto é sacana e que era para ele usar sua inteligência para estudar. O garoto foi genial de novo: “Sacana, não, tenho nome, meu nome é Leandro”!

Nesse momento Leandro deveria de ter sido veemente e dito:

Governador, o senhor não pode falar comigo desta maneira, são os impostos dos meus pais que pagam seu salário, eu estudo todo dia, estou exercendo meu direito de cidadão e estou a reclamar, com toda coragem e respeito – coisa que o senhor não tem – os direitos da população, e os senhores deveriam estar orgulhosos de um jovem que procura reivindicar, acertada ou erradamente, seus direitos, ao invés de estar no crime. Governador, o senhor me ofendeu, se eu levá-lo à justiça, o senhor terá sérios problemas. E mais: o prejuízo político já está evidente, foi plantado por sua virulência verbal e o Brasil está de testemunha. Aliás, o que vossa senhoria tem feito para evitar que jovens, como eu, não caiam nas garras do crime? O seu governo tem gerado emprego, cursos profissionalizantes para jovens de periferia ou os tem tratado como o senhor me trata, como sacanas? O senhor disse que na minha rua tem gente andando com fuzil, eu pergunto, senhor governador: de onde vêm esses fuzis? Por que a polícia que o senhor comanda permite que as armas entrem nas favelas? Em virtude disso, como o senhor e o presidente querem que confiemos na polícia? O que o senhor tem feito para combater a corrupção na polícia carioca? O que o presidente tem feito para impedir que drogas entrem no país? E digo mais, senhor governador: o senhor me chamou de sacana, mas quem sustenta a atividade do tráfico são os integrantes da classe média alta – a qual o senhor pertence – que consomem a droga. O senhor ao invés de me mandar estudar deveria saber se seus filhos – ou os amigos deles – não estão nas baladas noturnas do Rio de Janeiro entupindo as narinas de drogas, porque o fato de eu estudar ou não, é problema, a princípio, da minha mãe, não seu. E mais: por que o pobre não entra na universidade pública se ela é sustentada com o dinheiro dos impostos pagos pelos pobres? E por que os reitores permitem que estudantes usem drogas dentro das universidades? Quando os consumidores de drogas – estudantes, pobres, ricos, governadores ou garis – vão assumir que são culpados pelas chacinas causadas pelo narcotráfico?

Evidente que o garoto não ia conseguir realizar essa profusão de perguntas, até porque esse tiranete de governador não ia ouvi-lo. Mas indo até onde foi, o garoto foi bem. O que se espera depois desse vídeo é que apareçam jornalistas com coragem e façam essas questões ao governador do Rio de Janeiro, nas sabatinas, nos debates etc.

Essas questões deveriam ser feitas corriqueiramente por todos os jornalistas, principalmente, jornalistas independentes que não têm rabo preso com candidaturas e núcleos de interesse, sorrateiros. Que todos os cidadãos façam o mesmo que o Leandro, daí, todos os políticos, como o Lula, teriam medo do prejuízo eleitoral e tratariam os pobres como cidadãos e não como sacanas e gado, como fazem determinados governadores almofadinhas.

Por André Henrique – Via Política


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Um comentário:

Anônimo disse...

Este vídeo é um tanto suspeito não acham?Leandro não é nenhum menino como andam dizendo por ai...Digam, que presidente e que governador dão atenção que estão dando a um rapaz pobre, negro que não está na frente das câmeras. Leandro foi um tanto quanto pretensioso com Cabral. Eu no lugar de Cabral teria chamado seguranças para tirarem o rapaz dali, que só queria fazer o trabalho dele de pau mandado de algum adversário para sujar Cabral com o Presidente. Mas imaginem se isso tivesse acontecido, teriam feito um escarcéu ainda maior néh? Lula e Cabral conversam com o rapaz numa boa e com gírias cariocas. Cabral quando percebeu qual era a de Leandro se irritou com toda razão. Quem gostaria de ouvir tais coisas na frente do Cara maior que é lula? Façam esta reflexão. Ainda tem mais, no outro vídeo de Ricardo Gama o rapaz não parece ser o mesmo, quase não fala, só concorda com o que é afirmado por Ricardo. Suspeito?? Vai ver que não deu tempo de decorar nenhum texto né.