sábado, 31 de outubro de 2009

Opinião do Estadão: O mentor da imprensa

Lula e Chávez: Amigos da imprensa livre

À primeira vista, o presidente Lula é um poço de contradições em relação à imprensa. Ora ele diz que "é importante a gente ler todos os jornais que puder por dia". Ora diz que não lê jornais porque tem "problemas de azia". Mais de uma vez creditou à "imprensa livre e independente" a sua ascensão política. Mas também já declarou que se elegeu não porque "a imprensa me ajudou", mas porque "suei para enfrentar o preconceito e o ódio dos de cima para com os debaixo". Nesse ponto pelo menos é coerente: está seguro de que a sua reeleição no segundo turno de 2006, depois dos escândalos do mensalão e dos aloprados, representou uma fragorosa derrota da mídia e dos "formadores de opinião" que tentavam tutelar o eleitorado. Não só para ele, de fato, mas para 11 em cada 10 petistas, os meios de comunicação, aliados aos "de cima", tentaram derrubá-lo, fabricando a história da compra sistemática de deputados para que votassem com o governo. É a teoria da conspiração em sentido literal.

O Lula contraditório, a "metamorfose ambulante", como certa vez se autodefiniu, reaparece quando ele se manifesta sobre o cerco do governo Hugo Chávez ao que ainda resta de independente na imprensa venezuelana. Três anos atrás, fazendo campanha pela reeleição do caudilho, subiu num palanque no vizinho país para afirmar que o caudilho era "vítima da incompreensão e do preconceito" da mídia. Mas, anteontem, numa entrevista por escrito ao El Universal, de Caracas, Lula se recusou a comentar as perseguições chavistas aos órgãos de informação - só este ano 32 emissoras de rádio foram tiradas do ar na Venezuela. Preferiu falar da situação no Brasil. "No meu país, a imprensa goza de total liberdade", ufanou-se, omitindo embora o caso do Estado, sob censura prévia há 3 meses por decisão judicial. E completou, com palavras irrespondíveis, se tomadas pelo valor de face: "Sou duramente criticado no Brasil por boa parte da imprensa, muitas vezes de maneira injusta, em minha opinião. Mas isso não muda em nada minha convicção de que a liberdade de imprensa é essencial."

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