sexta-feira, 28 de março de 2008

Oposição considera "insustentável" permanência de Dilma caso denúncia seja comprovada

A oposição cobrou explicações nesta sexta-feira da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) depois que a Folha revelou que a secretária-executiva da pasta, Erenice Alves Guerra, teria ordenado o vazamento de informações que compõem o suposto dossiê contra o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) no uso dos cartões corporativos. Os oposicionistas não defenderam abertamente o afastamento de Dilma, mas consideram "insustentável" sua permanência no governo caso a denúncia fique comprovada.

"Ou se trata de uma pessoa tola, e ela [Dilma] não me parece ser assim, ou de alguém que mandou fazer esse dossiê, alguém inadequada para o poder. A ministra começa a virar um pato manco que se arrasta no cargo, depois cai", disse o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM).

O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) disse que o governo terá que admitir abertamente a montagem do dossiê, apesar de Dilma ter afirmado que as informações consistem apenas em um "levantamento de dados" com informações sobre os cartões corporativos. "É um dossiê elaborado através da máquina oficial, o que é crime, com o objetivo de chantagear, constranger. Não pode só a corda estourar do lado mais fraco. A senhora Erenice pode ter participação, mas não fez por iniciativa própria. É preciso ver quem deu a ordem", acusou.

Assim como Dias, Virgílio disse que a ministra está sob "suspeição" porque ocupa a chefia do órgão que teria vazado as informações sobre o dossiê. O tucano defendeu que a Polícia Federal apure o caso para mostrar que o governo federal tem "isenção". "Esse dossiê foi preparado à margem do Suprim [sistema de controle de despesas do governo com suprimentos de fundos], algo que virou um dossiê para constranger o ex-presidente Fernando Henrique."

Segundo reportagem da Folha, o banco de dados montado a pedido de Erenice é paralelo ao Suprim. A interlocutores, Erenice se responsabiliza pela decisão de organizar a documentação. Com 13 páginas, o documento, que o governo nega tratar-se de um dossiê, registra com detalhes e fora da ordem cronológica diversos gastos, com ênfase nos feitos por Ruth Cardoso e naqueles envolvendo bebidas e itens como lixas de unha e veludo alemão.

Explicações

O senador Heráclito Fortes (DEM-PI) defendeu que a ministra compareça, por contra própria, à CPI mista (com deputados e senadores) dos Cartões Corporativos para se explicar sobre o vazamento de informações. "A contaminação de aloprados é uma praga pior que a dengue, isso é uma praga. A diferença é que no outro episódio do dossiê tinha dinheiro envolvido, agora se trata de documentos. A ministra tem que vir aqui na segunda-feira, logo cedo, para se explicar", cobrou.

Dias reconheceu, porém, que dificilmente a CPI poderá avançar nas investigações sobre o dossiê, uma vez que os governistas já derrubaram todos os requerimentos de convocação para Dilma prestar depoimento. "Nós não temos número para convocá-la. Ao menos que ela própria peça para que os aliados aprovem a sua convocação. Se ela não tem nada a temer, deveria fazê-lo", defendeu. Folha On Line
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