O promotor de Justiça José Carlos Blat disse hoje que a Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop) tem práticas típicas "de uma organização criminosa". Entre estas, Blat cita indícios de caixa dois que seriam usados em campanhas do PT, a existência de empresas-fantasma que eram de propriedade da diretoria da Bancoop e a tentativa de ocultar documentos que podem incriminar seus membros. "Esta Bancoop é uma fachada, não é cooperativa coisa nenhuma, funciona como uma empreiteira como outra qualquer", disse. Em nota, o partido nega as acusações.
O Ministério Público (MP) instaurou inquérito e pediu a quebra do sigilo bancário para apurar supostas irregularidades na Bancoop em junho de 2007. Os cooperados reclamam de não ter recebido as chaves e escrituras de imóveis e de sofrerem pressão para cobrir um rombo financeiro na cooperativa, fundada pelo atual presidente do PT, Ricardo Berzoini. Uma das mais importantes construtoras de imóveis residenciais do Estado de São Paulo, transformou-se numa empresa com déficit financeiro estimado em R$ 100 milhões.
Em nota divulgada à imprensa, Berzoini disse que o PT não tem conhecimento das supostas doações nem foi comunicado sobre o assunto pelo Ministério Público. Além disso, afirma que nunca houve qualquer relacionamento financeiro do PT com a Bancoop.
Berzoini admite que é fundador da Bancoop, mas afirma que se desligou da direção da cooperativa em dezembro de 2002, "com o único objetivo de atingir politicamente o Partido dos Trabalhadores".
O promotor Blat mostrou gravações de um circuito de segurança de um condomínio, feitas na noite de quarta-feira, que mostram dois homens tentando entrar à força em um conjunto de edifícios da zona sul de São Paulo, realizado pela Bancoop, para levar documentos que estavam em um arquivo no local. Os homens foram reconhecidos pelos porteiros do prédio como pertencentes ao sindicato dos bancários e da Bancoop.
"Fui acionado por telefone pelos porteiros e, quando cheguei, eles já não estavam mais lá, mas ficamos com os documentos e vamos analisá-los", disse. A suspeita é de que os papéis sejam notas fiscais e outros ofícios que comprovem irregularidades nos 47 empreendimentos realizados pela Bancoop.
O promotor apresentou hoje um ofício ao Ministério Público Eleitoral com documentos que apontam para a prática de crimes de natureza política, tais como o desvio de recursos da cooperativa para caixa dois. Uma das provas é uma testemunha e a cópia de cheques que remetem a fundos de doação do PT.
Três mil famílias que ingressaram na Bancoop aguardam até hoje a entrega dos apartamentos. Vários projetos de construção ainda estão como terrenos vazios ou esqueletos de prédios inacabados. A cooperativa teria recebido cerca de R$ 100 milhões de 15 mil famílias.
Justiça
A bancária aposentada Filomena Machado Davi, 60 anos, é uma das lesadas pelo suposto esquema de desvio de dinheiro da Bancoop. Segundo ela, contribuiu durante oito anos com um valor mensal de R$ 800. Jamais recebeu sua casa.
"Entrei na cooperativa achando que era séria, estava vinculada ao sindicato. Eu espero que se faça justiça e que se coloque estes criminosos na cadeia", disse. Redação Terra
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