O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), afirmou que recebeu na tarde desta terça-feira resposta ao pedido que tinha encaminhado a Fernando Henrique Cardoso sobre acesso a gastos com cartões corporativos e contas "tipo B" relativos ao período em que governou o país (1995 a 2001). O ex-presidente não colocou qualquer empecilho para o acesso a esses gastos. "Espero agora que o presidente Lula imite o bom exemplo dado por FH", cobrou o senador.
Com esse gesto de FH, Virgílio espera agora que a base aliada ao Planalto não coloque empecilhos para a aprovação de requerimentos na CPMI dos Cartões Corporativos pedindo a quebra de sigilo do atual governo. "Não acredito agora que eles [base aliada] não dêem um tratamento de isonomia ao presidente Lula. Vai ficar feio se não abrir as contas deles também", afirmou o tucano, ao lembrar também o dossiê divulgado pela Veja desta semana com gastos do ex-presidente. Se Lula negar o acesso aos dados, Virgílio poderá recorrer à Justiça.
Carta do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso
Estimado senador Arthur Virgílio:
Respondendo a carta em que vossa excelência me pede para autorizar a suspensão de sigilo sobre os gastos em cartões corporativos ou nas contas B (que se referem a suprimento de fundos) durante meu governo desejo esclarecer que:
1) nunca houve sigilo nos gastos do Gabinete da Presidência durante meus dois mandatos, mesmo porque não há amparo legal para tal procedimento. Consultei a respeito ministros da Casa Civil e de Relações Institucionais, bem como o secretário-geral da Presidência, que me afiançaram que uma única vez, no início de meu primeiro mandato, lançou-se mão de reserva para a compra de material criptografado e de portas detentoras de metais. Mesmo neste caso, contudo, as contas foram devidamente prestadas ao Tribunal de Contas da União.
2) Não preciso, por conseqüência, abrir mão de prerrogativa que não usei e que é discutível. Basta requisitar as ditas contas à Casa Civil da Presidência da República.
Parece-me estranho, entretanto, que se inicie as apurações revisando contas de meu período governamental, já aprovadas pela Secretaria de Controle Interno da Presidência e pelo Tribunal de Contas da União. Os fatos determinados que deram origem a CPI dos cartões corporativos têm a ver com alegadas retiradas de vultuosas quantias de dinheiro por meio de cartões de crédito na atual administração. Estas é que teriam sido glosadas pelo TCU.
Ainda assim, e apesar da evidente intenção política de confundir a opinião pública como o vazamento recente de informações parciais e destorcidas das contas de meu governo (cuja autoria espero venha a ser efetivamente apurada pelo governo, pos tal procedimento constitui crime), se for para avançar as investigações e abranger o que de fato está em causa, não vejo inconveniente em que o PSDB peça que a CPI tome conhecimento das referidas contas, tanto no meu como no atual governo. É a única maneira de ambos governos se livrarem de suspeitas que, no meu caso, são infundadas e espero que também o sejam no caso do atual governo". Agência Tucana
Comentário: Com mais este gesto, Fernando Henrique apenas ratifica o que disse em 12/02/2008 à rádio CBN:
"Eu acho que a oposição não precisa fazer acordo de nada; faz a CPI a partir do fato determinado. Se no encadeamento da investigação ficar claro que é necessário remontar ao passado, que chegue até Deodoro. A oposição não deveria fazer acordos; dá a impressão que estamos escondendo alguma coisa. Esconder o quê? Se tiver ocorrido coisa errada no meu governo, eu sou o primeiro a querer ver o que foi...".
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