sábado, 26 de abril de 2008

Escânlado do Detran: Delegado diz que sobra de campanha pagou casa da governadora do RS

O delegado da Polícia Civil gaúcha Luiz Fernando Tubino disse ontem em depoimento à CPI do Detran, que investiga desvio de R$ 44 milhões dos cofres públicos no Rio Grande do Sul, que parte da atual casa da governadora Yeda Crusius (PSDB) foi paga com recursos de sobra de campanha.

Segundo ele, no inquérito da Polícia Federal há a cópia de um cheque de R$ 400 mil do empresário Lair Ferst - filiado ao PSDB e que foi um dos coordenadores da campanha de Yeda Crusius em 2006. O cheque foi pago a Eduardo Laranja da Fonseca, antigo proprietário do imóvel. "Não perguntem como sei disso. Eu sou delegado e tenho minhas fontes", disse Tubino na Assembléia Legislativa.

As declarações foram dadas em depoimento de mais de quatro horas à CPI, que entrou pela madrugada de ontem. Segundo ele, a denúncia já foi encaminhada ao Ministério Público Federal e ao Ministério Público Especial do TCE (Tribunal de Contas do Estado). "A CPI não deve perder a oportunidade de destampar algumas panelas", disse Tubino.

A casa da governadora foi comprada no dia 6 de dezembro de 2006, 37 dias depois do segundo turno das eleições. Segundo certidão do Cartório de Registro de Imóveis da 4ª Zona de Porto Alegre, custou R$ 750 mil. Em 18 de outubro de 2007, foi alienada no Banrisul (Banco do Estado do Rio Grande do Sul) para garantir um empréstimo de R$ 50 mil tomado pela governadora. O imóvel, localizado numa zona nobre da capital gaúcha, tem 467 metros quadrados de área construída.

Lair Ferst foi um dos 39 indiciados pela PF na Operação Rodin. Segundo a PF, era um dos líderes do esquema - ele nega e disse que não existia esquema. A reportagem não conseguiu falar com eleaté as 21h de ontem.

Por meio da Fatec (Fundação de Apoio à Ciência e à Tecnologia) e das empresas Rio del Sur Consultoria e Newmark, de propriedade de sua família, o esquema superfaturava os exames teóricos e as provas práticas para a concessão de carteiras de motorista.

As empresas foram contratadas pelo Detran sem licitação, de acordo com a PF.

Segundo o porta-voz da governadora, Paulo Fona, as declarações de Tubino são inconsistentes. "O que há no inquérito da PF é a informação de uma retirada de R$ 400 mil das empresas de Ferst numa data próxima da compra da casa pela governadora, que não prova nada", disse o porta-voz.

"Quantas retiradas desse tipo foram feitas ao longo do ano?", questionou.

Paulo Fona disse que o delegado que foi chefe de polícia no governo (1999-2002) de Olívio Dutra (PT) não é confiável. "No mesmo depoimento ele elogiou a governadora e disse que apóia seu projeto de governo." Folha On Line
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