A viúva de ACM, Arlette Magalhães, de 78 anos, ainda residente no apartamento, não estava no local no momento em que o grupo chegou. Os oficiais de Justiça, então, usaram os serviços de dois chaveiros para abrir as portas. O grupo passou quase sete horas no local, catalogando os objetos encontrados - o senador era conhecido admirador de arte, em especial barroca, e tinha dezenas de santos e objetos em prata na casa, por exemplo.
O grupo deixou o apartamento duplex, no 17º andar do edifício, sem comentar a operação, alegando que a disputa corre em segredo de Justiça. O casal Mata Pires tampouco se pronunciou sobre o ocorrido. Arlette foi para a casa do outro filho de ACM, o senador Antonio Carlos Magalhães Júnior (DEM-BA).
Em Brasília, ACM Júnior, que assumiu a vaga no Senado por ser suplente do pai, reagiu com revolta à invasão. Em comunicado, disse que a família "repele o ato brutal e violento que foi cometido" e que "todas as medidas legais serão tomadas". "O agravante é que a ação de funcionários do Estado da Bahia e da Justiça recebeu o apoio logístico da Construtora OAS, cujo proprietário é parte interessada no processo", disse o comunicado. "Veículos pertencentes a César Mata Pires transportaram oficiais de Justiça e um motorista do empresário foi comprar lanches no Mac Donalds para os militares."
Morte
A disputa entre ACM Júnior e o casal Mata Pires teve início logo após a morte do senador e está diretamente relacionada com o controle da TV Bahia, a retransmissora da Rede Globo de Televisão no Estado, carro-chefe do império de comunicação montado por ACM. Até julho, Mata Pires respondia pela rede televisiva, com o aval do cacique político. Depois da morte, porém, foi afastado do posto pelos demais herdeiros - no caso, além de ACM Júnior, os filhos do deputado Luís Eduardo Magalhães, filho de ACM que morreu em 1998.
Deputado Nelson Pellegrino (PT/BA)
"O que era um problema empresarial, virou pessoal e agora está virando político", explica ACM Júnior, numa referência ao fato de a juíza que autorizou a invasão ser mulher de um deputado de oposição ao DEM no Estado. Nelson Pellegrino respondeu com indignação. "Não tenho interferência sobre o trabalho de minha esposa." Andréia não foi encontrada para comentar o caso. Agência Estado
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