quinta-feira, 31 de julho de 2008

Baita safado! - Médico é preso suspeito de fraudar fila de transplante de fígado

O ex-coordenador do RioTransplante e médico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Joaquim Ribeiro Filho, foi preso na manhã desta quarta-feira (30), em sua casa, em Laranjeiras, na Zona Sul do Rio. Preso durante a operação Fura Fila, desencadeada pela Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários da Polícia Federal, com apoio de técnicos do Ministério da Saúde e da Secretaria estadual de Saúde, ele é acusado de chefiar uma equipe de médicos que fraudava a fila única de transplantes de fígado.

"Ele foi preso pelo conjunto probatório. De acordo com o interesse da equipe médica, ele fazia com que pacientes que estavam mal colocados furassem a fila de espera e recebessem o fígado no lugar de pacientes que estavam no primeiro lugar da fila", explicou o superitendente da PF no Rio, Valdinho Jacinto Caetano.

Segundo o superintendente da PF, devido a descoberta da fraude, o Ministério da Saúde, que controla a fila nacional de transplante de órgãos, decidiu mudar o software deste programa e modificar também a forma de captação dos órgãos.

Investigações começaram em 2003

Ribeiro Filho chefiava a equipe de médicos da UFRJ e de uma clínica da Zona Sul que faz transplante de fígado. De acordo com o superintendente, nas investigações iniciadas em 2003, foram consumados pelo menos dois transplantes nos quais os pacientes beneficiados não seriam os primeiros da fila. Num deles, a equipe recebeu pagamento de R$ 250 mil para fraudar a fila. Num terceiro caso, o transplante foi tentado, mas por falta de condições do receptor, a cirurgia não pôde ser realizada.

O médico preso teve a prisão preventiva pedida pela PF e vai responder por peculato. Segundo Caetano, a PF entendeu que o órgão captado passava a ser um bem e que a equipe médica se apropriava indevidamente dele e furava a fila de espera do RioTransplante. Outros oito médicos da equipe do médico preso foram indiciados por peculato e poderão responder por outros crimes dependendo da participação de cada um.

Embora nem todos fossem funcionários da UFRJ, eles estavam credenciados pelo Ministério da Saúde para os transplantes, o que faz com que respondam pelo crime como servidores públicos.

Além da prisão, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão em dois consultórios do médico, no Centro e em Botafogo, na Zona Sul, e na casa dele.

A PF vai analisar os documentos apreendidos para saber quantos outros transplantes irregulares podem ter sido realizados. Também será analisado cada caso para saber se cabe algum tipo de punição aos pacientes que foram beneficiados pelo esquema fraudulento.

"Temos de analisar tudo detalhadamente, pois entendemos que os beneficiados no esquema estavam desesperados, lutando para salvar a própria vida. Também vamos verificar se a clínica particular apenas alugava o espaço para as cirurgias ou se era beneficiada de alguma forma no esquema", disse Caetano.

Defesa

A advogada de Joaquim Ribeiro Filho, Simone Kamenetz, negou que seu cliente esteja envolvido em qualquer esquema de fraudes. Segundo a advogada, Joaquim vem sendo muito combatido por ter denunciado a falência na saúde pública e a falta de recursos destinada ao setor de transplantes.

Ainda segundo a advogada não existe fundamento para o pedido de prisão preventiva de Joaquim e ela já entrou com um pedido de liberdade para seu cliente. O sindicato dos médicos disse que Joaquim sempre foi um profissional competente e reconhecido. Portal G1
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